Notas Soltas - novembro/2012
1.º de Novembro – Contra a vontade dos bispos portugueses, o
Papa preferiu abdicar do feriado que a maioria dos portugueses aproveitava para
visitar os cemitérios e manter o feriado da Sr.ª da Assunção, efeméride de que
se desconhece a data, o local e o meio de transporte.
Passos Coelho – O convite ao PS para se envolver nas tropelias
em curso, com o FMI já instalado nos ministérios, revelou enorme falta de ética
e a traição de que é capaz quem desconhece a boa fé e a honestidade no
relacionamento democrático.
Madeira – O déspota da Região Autónoma – Alberto João Jardim –
não soube abdicar do poder absoluto e da chantagem que durante décadas exerceu
sobre a República. As duas últimas eleições humilharam-no no seu habitat e no
próprio partido.
USA – A vitória de Obama não é suficiente para resolver os
graves problemas mundiais mas, pelo menos, sopra a brisa da esperança e
livrámo-nos do pesadelo trágico, populista e reacionário com que o Tea Party ameaçava.
Alemanha – A visita da Sr.ª Merkel a Portugal, em vez da
exibição de medidas de segurança extravagantes, devia ter servido para negociar
de forma séria e honrosa a solução para a nossa saída da crise. Faltam-nos, no
topo da hierarquia do Estado, pessoas capazes.
Greve Geral – Os provocadores, que agrediram a polícia com
garrafas, pedras e petardos, desviaram os holofotes da comunicação social para
o vandalismo e ofuscaram a greve grandiosa que a CGPP conduziu de forma
inatacável. Foram aliados do Governo e justificaram a reação policial.
Gaza – A coabitação armada entre judeus e islamitas
converteu-se numa guerra de efeitos devastadores que conduz ao implacável
massacre dos dois povos e ao rastilho de uma guerra capaz de alastrar a outras
partes do mundo. Aí, a paz é sempre provisória.
Gaza (2) – É tão abominável o sionismo como o antissemitismo.
Infelizmente estão em causa vidas que se esvaem ao ritmo do ódio religioso que
extermina judeus e muçulmanos. E a Europa continua sem uma posição perante o
conflito à sua porta.
Marcelo Rebelo de Sousa – O filme encomendado para mostrar aos
alemães, era uma boa ideia e foi inaceitável a censura, mas evitou a exibição
de uma fita tão imbecil, medíocre e pelintra, que defendeu do ridículo os
portugueses que pretendia enaltecer.
Egito – O presidente quer estar acima da lei e os Irmãos
Muçulmanos, que o apoiam, querem impor a sharia. A democracia não é viável sem
a imposição da laicidade aos muçulmanos, tal como aconteceu na Europa com os
cristãos.
Reforma Administrativa – O encerramento de Repartições de
Finanças vai ser substituído pela criação de cargos políticos. Ou encerramos
este Governo rapidamente ou este Governo fecha o país.
Catalunha – Os apelos autonomistas não são apenas um desafio ao
poder central, são a provocação que contagiará várias regiões de Espanha, de
forma súbita e com um provável banho de sangue.
França – A rapidez com que o novo Presidente da República
perdeu o estado de graça revela a incapacidade da Europa para controlar o seu
desmoronamento económico, social e financeiro. Abdicando de ser uma potência, a
U. E. acaba dividida e pobre.
Duarte Lima – Com uma fortuna colossal e sobrevivente da
leucemia, o antigo dirigente do PSD foi arguido na maior burla de sempre
(SLN/BPN) e viu ruir o álibi do homicídio no Brasil, por estar fechado nesse
dia o restaurante em que alegou ter jantado.
Desemprego – O drama já atinge quase todas as famílias e o País
vê emigrar jovens bem preparados, para ajudarem a desenvolver nações que nada
investiram na sua formação. Uma desgraça nunca vem só e a pobreza ameaça 2
milhões de portugueses.
Vítor Gaspar – A diferença entre o académico insigne e o
medíocre ministro das Finanças nota-se no ar convencido com que anuncia, após
cada visita da troika, que tudo tem corrido pelo melhor quando nada podia ter
sido pior.
OE-2013 – O triunfo da agenda neoliberal, em Portugal, é a
resposta errada para a mais grave crise internacional das nossas vidas. A
obsessão ideológica extremista só pode conduzir a mais desemprego, défice e
miséria. É a vingança contra o 25 de abril.
RTP – A demissão de Nuno Santos de diretor é mais uma
consequência da luta pertinaz que o Governo conduz contra os órgãos de
comunicação social públicos para os entregar aos privados. Não há Governo,
temos uma comissão liquidatária do Estado.
Brasil – A luta contra a corrupção, que atinge colaboradores
próximos de Dilma, como já tinha atingido os do seu antecessor, Lula da Silva,
revela que está em curso uma alteração da cultura política à altura da potência
mundial em que o Brasil se transforma.
Social-democracia – É inaceitável que alguém ou algum partido
se reclame da herança de Sá Carneiro e do ideário por que morreu e, ao mesmo
tempo, tenha uma agenda de destruição sistemática de todos os seus valores e
ideais.
Ensino – A imposição de propinas no ensino obrigatório é a
forma de excluir os pobres do acesso à instrução. Salazar não queria mais de
quatro anos de escolaridade. Este Governo não põe limite. Desde que possam
pagar. É o regresso manso ao fascismo.
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