Obama - a vitória desejada
Com as sucessivas más notícias sobra a economia portuguesa,
o desolador aparecimento público do PR apenas para fazer prova de vida e os
organismos internacionais a fazerem chantagem sobre o PS com o que chamam
«consenso nacional», só a vitória de Obama nos traz a fugaz esperança de que a
tragédia ainda pode esperar.
Creio que o mais elementar bom senso nos faz temer a crise
do capitalismo e recear que seja esta a última sem divisarmos alternativa.
Obama é a esperança a que nos agarramos neste desconforto em que estamos por
causa das dívidas soberanas, moléstia que poucos entendem mas cujos efeitos
todos sofremos. Obama é o bombeiro com que contamos na escalada bélica, embora
sabendo que mandam mais os interesses do que um só homem.
Estou feliz com a vitória de Obama, pelo que ela representa
para as minorias e para os direitos das mulheres, pela esperança que desperta
no combate à pobreza nos EUA e, por imitação, naquilo que a Europa ainda pode e
deve fazer.
Maior do que a satisfação pela vitória do homem culto,
humanista e sensível, é o prazer pela derrota da América obscurantista,
retrógrada e evangélica, o caldo de incultura em que emerge uma espécie de
calvinismo intolerante e vingativo e que tem no Tea Party a sua versão mais boçal e troglodita.
Sendo a América (EUA) o país mais poderoso do mundo, e o
único império, não é justo que a população do Planeta, todos os eleitores do
mundo, não possa votar. Pelo menos, desta vez, não caiu na Casa Branca um
indivíduo que aumentaria o medo e a ansiedade.
Para desgraça basta-nos a caseira.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Achei que não podíamos deixar em claro no blogue a vitória de Obama. Por isso resolvi publicar um post sobre o assunto, antes de o seu estar publicado. Mas, na minha inépcia informática, sobretudo quando se trata de publicar imagens, demorei tanto tempo que quando o consegui publicar já lá estava o seu. Desculpe a sobreposição.
De qualquer modo, acho que o blogue não fica a perder com a repetição. A mensagem dos dois posts é praticamente a mesma. Les beaux esprits toujours se rencontrent!
O 'diktat' do Estado mínimo - do salve-se quem puder - apresentado como charneira do desenvolvimento (económico, social e cultural), o leitmotiv da campanha de Romney foi, nestas eleições, derrotado.
A UE deve reflectir sobre este acto eleitoral. Tratando-se - como se refere neste post - da mais possante economia mundial a primeira ilação a tirar tem a ver com as maneiras de lidar com a crise global que - devido às suas causas remotas - teima em perpetuar-se.
E a primeira pergunta é: quanto tempo mais o mundo financeiro imporá à Europa 'cascatas de programas de austeridade', quando nos EUA, como o resultados destas eleições indicam, se optará por ‘programas de estímulo’ nomeadamente à Economia e no combate ao desemprego?
A outra será: Até que medida a vitória de Obama pode significar uma antecipação da derrota de Merkel nas próximas eleições alemãs?
Aqui fica um exemplo:
Quando, há 4 anos, Obama foi eleito, muitos de nós pensámos em Guantánamo, com a certeza de que ele acabaria com aquela vergonha para a Humanidade.
Como estamos agora?
E porque é que ninguém fala disso?
A Califórnia votou de novo a favor da pena de morte e, no entanto, sabe-se que, pelo menos Clinton, é contra tão abominável pena.
Mas reconheço razão ao seu comentário embora eu goste de Obama.