Santa Comba Dão e o regresso manso do fascismo


 Proibida venda de vinho com a marca Salazar

Em abril de 2009 a Câmara Municipal de Santa Comba Dão incluiu nas comemorações do 25 de Abril a inauguração da requalificação do Largo António Oliveira Salazar, uma homenagem à figura sinistra do regime derrubado pela Revolução dos Cravos.

A tosca provocação foi da autoria do autarca do PSD, com aparente intenção fascista e arruaceira. O edil de Santa Comba Dão, João António de Sousa Pais Lourenço, eleito por uma coligação PSD/CDS, não podia – pensava eu –, ter um propósito vil que só um fascista se atreveria a pôr em prática.

Entretanto, soube-se que, já em 2007, o exótico presidente da Câmara tinha manifestado a sua determinação em criar o Museu Salazar e erigir uma estátua ao torpe ditador. E, persistindo na provocação, queria agora comercializar um vinho denominado «Memória de Salazar», criação que o Instituto de Propriedade Industrial chumbou, e de que o edil fascista diz não desistir.

É justo que o infeliz primata perca a confiança dos democratas PSD e, se aí os houver, dos do próprio CDS. Perante a vileza reiterada, podem imaginá-lo um solípede à solta, sem rédea nem cabresto, desprezível homúnculo com a suástica no coração e serradura no cérebro embora pareça mais um caso de incultura e boçalidade.

Surpreende que o executivo camarário, acaso tenha ensandecido o presidente, permita tal despautério. O homem pode ser débil de inteligência e de sensibilidade mas não deve ser louco e não estará acompanhado por um bando de imbecis.

Por enquanto, ainda há quem se recorde da ditadura e não deseje nos órgãos autárquicos primatas que se deslocam em posição ereta, vermes que se confundem com a paisagem.

O Sr. Lourenço terá de ser visto como um alucinado, vítima da chacota do país e alvo do asco dos democratas enquanto Santa Comba se arrisca a ser vista como a pequena Vichy portuguesa governada por um nazi grotesco.

Se não tivermos a coragem de nos indignarmos merecemos o Governo que temos.

Comentários

Não pode deixar de se imputar a protérvia à própria direção do PPD/"PSD". Com efeito, a criatura exerceu um primeiro mandato e já nesse mandato manifestou os seus obscenos amores pelo seu execrável patrício. Apesar disso, a direção do seu partido permitiu que ela se recandidatasse. Ora, mesmo que na primeira caia qualquer, na segunda só cai quem quer. Além disso, essa direção do partido está sempre a tempo de o desautorizar, ou pelo menos de se demarcar da bestialidade, e não o faz. Em última análise, serão sempre Passos Coelho, Relvas & C.ª os responsáveis por mais esta subversão da democracia e da ordem constitucional.

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