Passos Coelho confia na inteligência


Passos Coelho, mais parecido com o general José Millán-Astray do que com Unamuno, faltando-lhe todavia as mutilações físicas e a envergadura intelectual do militar fascista, e sem qualquer semelhança com o reitor da universidade de Salamanca, disse acreditar na inteligência dos portugueses.

Duvidamos se o moveu a demagogia ou a improvável crença num segundo engano, ledo e cego, como o que o alcandorou a primeiro-ministro, tropeção eleitoral de impossível repetição.

Junto de Alberto João Jardim, que em dez anos conseguiu os cinco do curso de direito e a nota de dez valores, na Universidade de Coimbra, Passos Coelho pareceu o procurador do soba autóctone, com um discurso pobre na forma e vazio na substância, a debitar banalidades e jactância. O clima da Madeira deve fazer mal à cuca e a poncha é a bebida para quem tem um fígado à Alberto João, capaz de consumir aguardente de cana como um Ford antigo bebia gasolina.

Já o PR, este, que os outros tinham outro estofo, se sujeitou à vergonha de ser recebido fora do Parlamento Regional. Como podia o empregado de Ângelo Correia e protegido de Miguel Relvas almejar estatuto diferente do de convidado de um conclave à porta fechada?

Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, por ironia da História e vicissitudes do ciclo eleitoral, entrou no ninho de vespas madeirense sem que o país saiba quanto vai custar. Aquela autonomia não é responsável pelos desatinos do Governo da República mas não deixa de pesar no seu destino.

Alberto João e Passos Coelho são o verso e o reverso da mesma medalha. Se um deles é um perigo por ser mau, o outro é uma tragédia por ser irrelevante. O congresso do PSD-M  está para a democracia como Alberto João está para a decência. À porta fechada.

Os dois «governantes» estão feridos de morte. A inteligência dos portugueses despontou e não lhes resta outro caminho que não seja a sua saída. Rapidamente e em força. Custe o que custar. Portugal não pode aguentá-los mais tempo.  

Comentários

O que ele quer dizer é : "que se lixe a opinião dos portugueses!"
e-pá! disse…
AHP:

Exacto e acrescentaria:

"...porque estou incumbido de uma missão 'inteligentíssima' encomendada pelos 'mercados'... e que até agora tem corrido assim e assim..."

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