Crónica de uma demissão anunciada


É falso que Miguel Relvas tenha pedido a demissão do Governo, como incessantemente a comunicação social apregoou. Limitou-se a pedir a sua, sem exigir a de Pedro Passos Coelho, que – conforme explicou –, lhe custou 2 anos de trabalho a fazer líder do PSD e mais 1 para o tornar primeiro-ministro.

Quando se julgava que viria explicar as razões da demissão, apresentou um relatório de atividades, à semelhança do que os vendedores costumam fazer, ao fim do dia, ao chefe de secção. Sobre a sua demissão, «por vontade própria» e por razões anímicas, não quis dar explicações.

Não foi uma comunicação ao País, prerrogativa dos homens de Estado, foi um pungente epitáfio do estado a que o Governo chegou. Não lhe minguava ambição e não tinha preparação inferior à do PM que lhe deve o cargo.

Se é verdade que o ministro da Educação tinha um relatório da sua licenciatura, há dois meses, e não o comunicou ao País e ao Ministério Público, temos um caso de polícia.

Agora, sem a estridência das vaias que o acolhiam nas visitas de Estado, sem a parceria do PM que era o seu dileto cúmplice, sem o silêncio do Sr. Presidente da República que achou, na sua superior apreciação, que o caso Relvas era um «não caso», como garantia Passos Coelho, falta tirar ilações da confiança que merecem ao País o PM, que lhe devia o cargo, e o PR, que nunca tem dúvidas e raramente se engana.

Agora, antes de o Governo se desmoronar, arrastando na queda o que fica do País, o ex-ministro Relvas vai gerir as informações que partilhou com Silva Carvalho, colocado na Presidência do Conselho de Ministros.

Chove lá fora.

Comentários

Este governo está cheio de metásteses. Só uma foi extirpada.
e-pá! disse…
Devem existir fundados receios que Miguel Relvas possa ser substituído por Silva Carvalho, entretanto já colocado na presidência do Conselho de Ministros e, portanto, apto para desempenhar cargos com base no conceito de 'políticas de proximidade'...
E-Pá:

Não resisti a apropriar-me da tua lúcida sugestão, depois de ouvir as desculpas de Crato, a que chamaram entrevista.
Até a demitir-se são trapalhões!

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