BES – e o que está para vir…


O estado de estupefacção para onde foi lançado o País ao tomar conhecimento da real situação do GES/BES ao fim de 3 anos de pesados sacrifícios e insuportáveis medidas de austeridade está para durar. De nada vale agora repisar que sucedeu o inevitável e que indícios como o ‘mensalão’, Portucale, Montebranco, etc. deveriam ter precavido para ‘aquilo’ que efectivamente acabou por acontecer.

Numa outra vertente, os políticos da ‘maioria governamental’ começam a manifestar uma atitude mais reservada e cada vez menos se ouve o slogan de que os sacrifícios valeram a pena. Tudo ficou mais complicado para o desenvolvimento da ‘estratégia’ montada há 4 anos e que teve o seu epílogo nas eleições de Junho de 2011 com o ‘assalto ao pote’.

Na verdade, perpassa a sensação de que importantes peças do tecido empresarial português como a PT, a Mota-Engil, Tecnovia, Riopele, Jerónimo Martins, Qimonda, Grupo Pestana, Ongoing, Martifer, etc. podem ter problemas (de financiamento ou até de solvência) a curto prazo. 
Estes são os efeitos colaterais (económicos) que as análises políticas produzidas diariamente  continuam a ignorar.
Por enquanto, reagindo como ‘gatos escaldados’ continuamos a centrar as atenções nos aspectos financeiros e fiscais deitando o rebate da ‘debacle’ do GES e do BES (hoje os analistas já não fazem esta distinção) na economia real para detrás das costas. 
Na verdade, não estando afastado o risco de os contribuintes pagarem mais esta falência bancária, como o Governo pretende assegurar, os portugueses estão em vias de arcar com mais um período recessivo com todo o cortejo de consequências…
No ano que resta deste nefasto mandato é de crer vamos ter oportunidade de assistir a todo o tipo de golpe de rins e malabarismos para esquecermos os dislates a que fomos (e ainda estamos) sujeitos. 

No tempo em que os balanços da banca merecem muito pouca confiança o balanço desta legislatura foi irremediavelmente inquinado pelo Sr. Ricardo Salgado. Fez sozinho (ou acompanhado pelo seu inner circle) o que inúmeros e massivos protestos não conseguiram. A ciência política – onde os movimentos de massas ocupam um lugar preponderante - tem destas contradições académicas mas com amplos reflexos políticos, económicos e sociais. É difícil prever o futuro mas temos obrigação de tentar o salvaguardar. E usando os mesmos métodos aplicados no resgate a que fomos (e estamos) sujeitos, i. e., na qualidade de credores, através de um inócuo e fantasmagórico Fundo de  Resolução, chegou a altura de os cidadãos imporem um 'memorando de entendimento' para as actividades financeiras e bancárias.

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