Efemérides amargas de duas décadas de horror – 19 de agosto

1934 – Um plebiscito ratifica Adolfo Hitler como führer da Alemanha;

1936 – Os sequazes de Franco fuzilaram o poeta Garcia Lorca;

1948 – A polícia fascista de Salazar, durante a campanha presidencial, cercou a casa do candidato Norton de Matos e prendeu os participantes da reunião com o general;

1954 – Os dirigentes do Movimento Nacional Democrático, Ruy Luís Gomes, Virgínia de Moura, José Morgado, Albertino Macedo e Lobão Vital foram presos pela PIDE.

Não há ditaduras eternas e, mais frágeis, não se perpetuam as democracias. Há quem se esqueça das tragédias que nos bateram à porta e não pense naquelas que nos espreitam, na crueldade que se abateu sobre a Europa, na demência que a infetou e no sangue que a ensopou.

Hoje, quando condições idênticas parecem convidar a soluções análogas, a experiência histórica devia substituir a memória dos que não viveram a tragédia nem tiveram mortos para chorar. Nunca tão dramática hecatombe tinha sido provocada pelos homens. Foi o maior horror de todos os séculos que a Humanidade levava, só possível de superar pela tragédia que não soubermos evitar.

Os salvadores das pátrias nascem nas esquinas e as ideias salvíficas ressurgem de velhas e novas vulgatas. Só os homens, intoxicados por crenças, perduram no estado selvagem, num eterno retorno às pulsões primitivas que os afastam da civilização e os transportam ao ressentimento, ao ódio e à barbárie.

A luta pela paz não é apenas uma ideia nobre, é a condição de sobrevivência, a vacina contra velhas tragédias que ciclicamente nos devoram. Se abdicarmos dos ideais laicos, republicanos e pluralistas, estaremos a comprometer a paz e a seguir um caminho sem retorno.

Comentários

Manuel Galvão disse…
Numa encruzilhada da vida, até a mais banal (faltar ou não ao emprego, por ex.), a minha Decisão faz-se segundo mecanismos biológicos fortemente condicionadas pela minha Consciência, mas essa decisão subordina-se, acima de tudo, à Lei da Sobrevivência Por Excelência: O Egoísmo. Faço o que for melhor para mim! O que for melhor para a minha sobrevivência no atual contexto. Independentemente dos juízos que possa suscitar em quem está a assistir (uns vão achar que fui altruísta outros que fui egoísta, como na história do velho, o menino e o burro…).

Subordinada a esta lei universal está o aparecimento das ditaduras, e também das democracias.

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