Vade-retro União Nacional
Há 82 anos (1932) foram publicados os estatutos da União Nacional (UN), a única força política autorizada em Portugal, durante a ditadura fascista.
Quem nunca viveu o horror de um partido único, o cinismo de um frio ditador e o poder discricionário de um regime terrorista, pode pensar que era honesto o crápula e inocente o ideólogo.
Quando o general Humberto Delgado foi assassinado pela PIDE, em Espanha, ele e sua secretária, o ditador foi à televisão garantir que os autores do crime eram os comunistas. Quando o maior escândalo sexual do regime teve lugar, com ministros, generais e altos dignitários eclesiásticos, o antigo seminarista e presidente do CADC proibiu as notícias e a investigação policial e judicial.
O regime não pode ser avaliado apenas pelo número dos que prendeu, torturou e matou, mas pelos que deixou morrer e, sobretudo, impediu de viver. Caxias, Tarrafal, Peniche, Aljube e Campo de S. Nicolau foram alguns dos mais perversos centros de tortura onde penaram intelectuais, artistas e democratas de vários quadrantes. Recordar os Tribunais Plenários, os juízes venais que aí conspurcaram as becas e a decência, os degredados e demitidos por razões políticas, é regressar ao mundo concentracionário do salazarismo.
A guerra colonial onde imolou a juventude portuguesa e assassinou os combatentes da independência, onde explorou rivalidades tribais e a fome de quem se alistava para ter comida, é uma ferida aberta entre os que tiveram de fugir, abandonando os seus haveres e alguns mortos, os militares que vieram estropiados e as famílias dos que se enganaram na trincheira e desapareceram na vertigem do ódio dos vencedores, tornado vingança.
Há quem apelide de honesto o abutre de Santa Comba, que condenou os portugueses ao medo, à miséria e ao analfabetismo, que transformou a República num bando de beatos, tímidos e idiotas, que o aclamavam por medo e o incensavam. O frio ditador, que fez de Portugal o país mais atrasado da Europa, com maior mortalidade infantil e materno-fetal e com menor esperança de vida, foi um ex-seminarista e presidente do CADC.
A falta de memória e ignorância andam aí, de mãos dadas, a limpar o passado de quem viveu da censura, da repressão e do analfabetismo, na ânsia de reabilitarem o criminoso que tinha sobre a escrevaninha a fotografia autografada de Benito Mussolini.
Como é débil a memória dos povos, e como idiotas úteis e eternos reacionários se unem no apagamento da memória!
Faz hoje 82 anos que foi criada a União Nacional.
Quem nunca viveu o horror de um partido único, o cinismo de um frio ditador e o poder discricionário de um regime terrorista, pode pensar que era honesto o crápula e inocente o ideólogo.
Quando o general Humberto Delgado foi assassinado pela PIDE, em Espanha, ele e sua secretária, o ditador foi à televisão garantir que os autores do crime eram os comunistas. Quando o maior escândalo sexual do regime teve lugar, com ministros, generais e altos dignitários eclesiásticos, o antigo seminarista e presidente do CADC proibiu as notícias e a investigação policial e judicial.
O regime não pode ser avaliado apenas pelo número dos que prendeu, torturou e matou, mas pelos que deixou morrer e, sobretudo, impediu de viver. Caxias, Tarrafal, Peniche, Aljube e Campo de S. Nicolau foram alguns dos mais perversos centros de tortura onde penaram intelectuais, artistas e democratas de vários quadrantes. Recordar os Tribunais Plenários, os juízes venais que aí conspurcaram as becas e a decência, os degredados e demitidos por razões políticas, é regressar ao mundo concentracionário do salazarismo.
A guerra colonial onde imolou a juventude portuguesa e assassinou os combatentes da independência, onde explorou rivalidades tribais e a fome de quem se alistava para ter comida, é uma ferida aberta entre os que tiveram de fugir, abandonando os seus haveres e alguns mortos, os militares que vieram estropiados e as famílias dos que se enganaram na trincheira e desapareceram na vertigem do ódio dos vencedores, tornado vingança.
Há quem apelide de honesto o abutre de Santa Comba, que condenou os portugueses ao medo, à miséria e ao analfabetismo, que transformou a República num bando de beatos, tímidos e idiotas, que o aclamavam por medo e o incensavam. O frio ditador, que fez de Portugal o país mais atrasado da Europa, com maior mortalidade infantil e materno-fetal e com menor esperança de vida, foi um ex-seminarista e presidente do CADC.
A falta de memória e ignorância andam aí, de mãos dadas, a limpar o passado de quem viveu da censura, da repressão e do analfabetismo, na ânsia de reabilitarem o criminoso que tinha sobre a escrevaninha a fotografia autografada de Benito Mussolini.
Como é débil a memória dos povos, e como idiotas úteis e eternos reacionários se unem no apagamento da memória!
Faz hoje 82 anos que foi criada a União Nacional.
Comentários
E no entanto esteve aí, o momento de acertar contas antigas. O tal que não se vai repetir.
Quem o viveu não o esquece. Não é pequena benesse. Mais do que isto, só uma prece! Mas é triste.
Ver, com algumas surpresas, a lista de sócio do CADC desde a sua fundação em:
http://www.cadc.pt/socios.html