A Turquia, a República e a laicidade ameaçada

Ontem, dia 29 de outubro, a República comemorou 90 anos. Esse dia é, naturalmente, o feriado identitário do País que deve a Mustafa Kemal Atatürk, não apenas a República, mas o ensino primário gratuito e obrigatório e um país laico a caminho da modernidade.

Sabe-se como foi difícil combater os preconceitos e como o Islão é avesso à liberdade. Não foi fácil nem meiga a luta de Atatürk contra o carácter totalitário da religião. Não obstante a violência que usou, hoje inaceitável, continua a ser visto como pai da Turquia moderna que o atual presidente, o Irmão Muçulmano disfarçado de moderado, quer ver virada para Meca.

Ontem, Dia da República, feriado que nem o devoto Erdogan ousou suprimir, foi aberto o túnel ferroviário que liga as duas margens do canal que divide Istambul e separa dois continentes, a Europa e a Ásia.

O túnel é um símbolo da modernidade sonhada por Ataturk que via no Islão o principal adversário de uma República moderna, secular e democrática, a ponto de ter proibido o uso público do véu islâmico e de quaisquer outros símbolos religiosos.

Ontem, o túnel ferroviário serviu ao devoto Erdogan para a sua promoção política e aos defensores da laicidade para comemorarem os 90 anos da República secular, herdada do grande militar, estadista, primeiro presidente e fundador da moderna Turquia.

A gigantesca manifestação de protesto contra a reislamização turca ombreou com a devoção de Erdogan.

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