Os partidos que temos e as alternativas que não temos

Se cada vez que escrevo pensasse que um amigo poderia sentir-se visado, o melhor era deixar de escrever. Escrevo sem pensar no que os outros pensam e, talvez, o que apenas penso no momento em que escrevo.

Recordo-me de, há tempos, com a desconfiança que me merecem os ‘independentes’ tê-los acusado de serem, quase sempre, trânsfugas, ressentidos e desempregados políticos. O meu amigo Amadeu Carvalho Homem, que acredita na regeneração política através de independentes, tendo ele uma imaculada carreira de professor universitário, alheia à militância partidária , retorquiu-me mais ou menos com estas palavras: «estás satisfeito com este regime? Bom proveito». Escusado será dizer que tartamudeei e não consegui mais do que refugiar-me em más desculpas sem apresentar um único bom argumento.

Contudo, penso que tenho razão e, à míngua de argumentos, esgrimo as desculpas que arranjo. Aqui vai mais uma: quando voto num partido sei que posso penalizá-lo com o voto, se me sinto defraudado, votando num partido diferente, o que não me acontece se votar em independentes, sejam eles dissidentes partidários, ressentidos com o partido que não lhes deu a primazia ou viajantes para outro espetro partidário.

Curiosamente, em Coimbra, nas últimas autárquicas, concorreu uma lista «cidadãos por Coimbra» onde havia muita gente com fulgurantes carreiras académicas e profissionais sem necessidade de emprego, poder ou exposição mediática, mas foi uma mera exceção num país onde o eleitorado não pune os corruptos, oportunistas e aventureiros e, mesmo assim, sob o guarda-chuva do BE.

Os casos de Oeiras, Felgueiras, Marco e Gondomar multiplicam-se sem que os eleitores exerçam a vigilância cívica que devem. E aí torna-se mais difícil punir qualquer partido.

Claro que os partidos atuais, incapazes de se reciclarem, criam anticorpos mas, ainda assim, tenho tendência a preferi-los. Penso que faz falta um partido em Portugal, um partido ecologista que não seja um satélite do PCP, que não lhe leva votos e que retira espaço para um partido autónomo.

Voltarei a este assunto.

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