As Forças Armadas e o seu bispo
Um Estado
estrangeiro nomeia um oficial-general para as FA portuguesas que apenas têm
obrigação de o sustentar. Eu sei que a Concordata, um documento saído da
cobardia do Governo, com fundadas suspeitas de atraiçoar a laicidade que a
Constituição impõe, é a responsável.
Francisco Sá Carneiro, que viveu e morreu em concubinato com
uma grande mulher, Snu Abecasis, perguntou para que era precisa uma Concordata.
Ele sentiu na pele, pelo escândalo que a sua situação representava, à época, a
proibição do divórcio, prepotência que a Igreja católica impunha com a força da
aliança clerical-fascista do salazarismo.
Foi Salgado Zenha, católico, uma referência ética da
democracia e da luta contra a ditadura que ameaçou o Vaticano e legalizou o
divórcio sem interferências pias.
A Concordata, tratado de um Estado com a Igreja católica, é
um instrumento que existe há séculos mas que Pio XII instigou com todos os
Estados fascistas onde o catolicismo era a religião dominante. Não faltou a
Concordata assinada com Mussolini, que impôs a obrigatoriedade do ensino
católico nas escolas do Estado e lhe valeu, do papa de turno, o apodo de
«enviado da Providência». Hitler, Franco e Salazar foram outros dos que
assinaram concordatas sob os auspícios do denominado Papa de Hitler, Pio XII,
cujo passado o Vaticano se esforça por branquear.
A atual Concordata, assinada pelo governo de Durão Barroso,
alargou as capelanias militares às forças policiais, juntando-se às capelanias
hospitalares e prisionais. O Governo descura a assistência do Serviço Nacional
de Saúde mas não deixa que falte a assistência religiosa. A comparticipação nos
medicamentos baixa mas as mesinhas para a alma são comparticipadas a 100%.
Portugal não é apenas um país que perdeu a soberania, com a
dívida externa, é um país que está de joelhos perante o Vaticano, um
protetorado sob vigilância das sotainas.
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