Radicalismo da classe dominante

O Governo fez uma jogada de mestre com a TSU dos viúvos. Sabendo que as grandes fortunas estão ao abrigo de qualquer ameaça, nem que para isso fosse necessário criar legislação especial, atirou-se às pensões de sobrevivência como gato a bofes.

Começou por colocar na comunicação social notícias catastróficas no género daquela em que alguém anuncia a outrem a morte dos pais para depois o tranquilizar, dizendo que tinha sido apenas um deles.

O sorriso de Portas, a anunciar a medida, lembrava a noviça que se queixou à madre de ter sido violada e que não sabia o que fazer para não engravidar, recebendo da superiora ordem para espremer um limão bem azedo e beber até à última gota. Tendo a noviça questionado se evitava a gravidez, a madre disse-lhe que não, mas, pelo menos, tirava-lhe aquele ar de felicidade que ostentava.

Portas, com esse ar de felicidade, jogou com as pensões dos portugueses, onde 2.000 euros já parecem uma fortuna, onde, se continuarem a conduzir-nos para o abismo, nem a tanto poderemos aspirar. Omitiu que espoliou os beneficiários do que lhes era devido pelos descontos do cônjuge falecido, sem necessidade de tocar em reformas milionárias ou de lhes estabelecer um teto máximo, como seria mais razoável.

Quando se trata de espoliação, como é o caso, não se vê porque tenham as pensões uma vulnerabilidade maior do que fortunas acumuladas, bens herdados ou seguros de vida.

A solidariedade de que me reclamo não se conforma com as gritantes desigualdades que se acentuam, e não me deixo enganar por um Portas que, piscando o olho aos que são solidários, esconde a sua ideologia de classe e a implacável perseguição à classe média.

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