Cavaco Silva – Preso por ter cão e preso por não ter
Não preciso de explicar que tenho pelo PR o respeito mínimo a que o Código Penal me obriga; que nutro pelo atual inquilino de Belém a maior animosidade; que se pode dizer que é um inimigo íntimo que julgo capaz de quase tudo e incapaz para quase nada. É, de facto, uma animosidade permanente que lhe dedico, por mérito dele e não por obsessão minha.
O que não pode é atacar-se o PR, que cumpre mal as funções que lhe foram conferidas, por aquilo que não fez nem deve. Não se pode acusar de ser responsável pelas relações que o Governo de Angola pretende deteriorar ou pelas investigações que quer paralisar.
O Governo angolano, incapaz de compreender o que é um Estado de direito, entende que o PR, o PM e os Tribunais são responsáveis pela averiguação de eventuais crimes de altos dignitários que aliam o exercício do poder à suspeita de cleptomania.
A única queixa que é legítima, é a constante fuga do segredo de Justiça, lepra que corrói o sistema judiciário, permite linchamentos na praça pública e acaba muitas vezes por ser uma punição maior do que a prova dos alegados crimes consentiria.
O que não pode o Governo de Angola ou o seu órgão oficioso, Jornal de Angola, é fazer chantagem sobre as instituições portuguesas, acusar o PR ou o PM de responsabilidade na averiguação de suspeitas a que são alheios, e anunciar represálias ao funcionamento normal das instituições democráticas.
O silêncio do PR, neste caso, é atitude de Estado e defendê-lo uma obrigação patriótica.
O que não pode é atacar-se o PR, que cumpre mal as funções que lhe foram conferidas, por aquilo que não fez nem deve. Não se pode acusar de ser responsável pelas relações que o Governo de Angola pretende deteriorar ou pelas investigações que quer paralisar.
O Governo angolano, incapaz de compreender o que é um Estado de direito, entende que o PR, o PM e os Tribunais são responsáveis pela averiguação de eventuais crimes de altos dignitários que aliam o exercício do poder à suspeita de cleptomania.
A única queixa que é legítima, é a constante fuga do segredo de Justiça, lepra que corrói o sistema judiciário, permite linchamentos na praça pública e acaba muitas vezes por ser uma punição maior do que a prova dos alegados crimes consentiria.
O que não pode o Governo de Angola ou o seu órgão oficioso, Jornal de Angola, é fazer chantagem sobre as instituições portuguesas, acusar o PR ou o PM de responsabilidade na averiguação de suspeitas a que são alheios, e anunciar represálias ao funcionamento normal das instituições democráticas.
O silêncio do PR, neste caso, é atitude de Estado e defendê-lo uma obrigação patriótica.
Comentários
E a 'cacofonia' que se instalou em Lisboa e que envolve diversos orgãos de soberania e lobbys económico-financeiros é preocupante. Cavaco Silva não conseguiu (não sabe ou não deseja) distanciar-se desta 'babel de confusões'.
Obssecadas e precipitadas tentativas, politicamente descordenadas, no intuito de alterar o actual estado das relações bilaterais, não ajudam em nada.
Luanda, parece estar à procura de um interlocutor único, forte e todo-poderoso. Como sabemos, tal personagem não existirá em Portugal, enquanto vivermos sob um regime democrático.
De maneira que é mais do que necessário deixar assentar a poeira e arranjar um novo interlocutor diplomático (Machete já nada tem a fazer) respeitado e respeitador. Há, no entanto, um aviso que é pertinente. Por um mínimo de respeito para com a nossa dignidade o País espera que o Governo não envolva o ex-ministro Miguel Relvas neste caso. Um problema basta. Dois é um pesadelo.
Vale tudo, para "captar investimento"!