Portugal, a fé e os partidos
A longa ditadura fascista fez que a democracia se alicerçasse mais nas crenças do que na razão. Os cidadãos, perdido o medo, correram a matricular-se nos partidos e a fazer a profissão de fé no que lhes pareceu melhor, enquanto outros procuraram adivinhar o que lhe traria maiores conveniências.
Os oportunistas foram os melhor sucedidos, confiscando empregos, obtendo benefícios e promoções, alcançando prestígio e poder, enquanto os heróis de Abril eram remetidos para os quarteis e tratados como insurretos.
De Abril ficou, sobretudo, o exemplo generoso dos capitães e a liberdade de expressão que o desemprego e o medo de represálias vão mitigando. Hoje, nem o PR nem o PM e, muito menos, os autointitulados centristas, nutrem qualquer gratidão pela libertação da ditadura à qual se teriam acolhido com a maior tranquilidade.
São poucos os que leram os programas partidários e ainda menos os que gostariam de os ver postos em prática. Assim, a pertença partidária assume aspetos de profissão de fé de quem aderiu a um partido do mesmo modo que aderiu à religião, por se ter habituado a seguir a que estava em uso na família, no município de origem ou no local de trabalho, quando o havia.
A discussão de ideias na política, como no futebol, não é um exercício de cidadania, é uma pugna em que vale tudo, um exercício de gritaria, um fenómeno de maniqueísmo.
Só assim se percebe que o PSD, também válido para o PS ou o CDS, escolha e despeça líderes em função da aptidão que lhe atribui para ganhar eleições e não da capacidade para governar. Só assim se entende que políticos maduros, e bem preparados, possam ter eleito para líder o improvável Passos Coelho e, perante a sua comprovada inépcia, se sujeitem ao vexame de ver o Governo dirigido pelo irrevogável Portas.
A celeridade com que foram esquecidas a fuga de Barroso e as trapalhadas de Santana Lopes leva-nos a temer que o escrutínio da opinião pública se faça com a mesma bitola com que se apreciam os méritos da equipe de futebol de que se é fã.
Mas que esperar de um país cujo presidente deixa extinguir o feriado do regime a que preside, fica silencioso perante os ataques à Constituição e se comporta como militante do partido a que pertence? Nem ao menos tem uma palavra a lembrar o maior escândalo financeiro de sempre – a falência do BPN, um caso de polícia que indignou o país e está a cair no esquecimento.
Os oportunistas foram os melhor sucedidos, confiscando empregos, obtendo benefícios e promoções, alcançando prestígio e poder, enquanto os heróis de Abril eram remetidos para os quarteis e tratados como insurretos.
De Abril ficou, sobretudo, o exemplo generoso dos capitães e a liberdade de expressão que o desemprego e o medo de represálias vão mitigando. Hoje, nem o PR nem o PM e, muito menos, os autointitulados centristas, nutrem qualquer gratidão pela libertação da ditadura à qual se teriam acolhido com a maior tranquilidade.
São poucos os que leram os programas partidários e ainda menos os que gostariam de os ver postos em prática. Assim, a pertença partidária assume aspetos de profissão de fé de quem aderiu a um partido do mesmo modo que aderiu à religião, por se ter habituado a seguir a que estava em uso na família, no município de origem ou no local de trabalho, quando o havia.
A discussão de ideias na política, como no futebol, não é um exercício de cidadania, é uma pugna em que vale tudo, um exercício de gritaria, um fenómeno de maniqueísmo.
Só assim se percebe que o PSD, também válido para o PS ou o CDS, escolha e despeça líderes em função da aptidão que lhe atribui para ganhar eleições e não da capacidade para governar. Só assim se entende que políticos maduros, e bem preparados, possam ter eleito para líder o improvável Passos Coelho e, perante a sua comprovada inépcia, se sujeitem ao vexame de ver o Governo dirigido pelo irrevogável Portas.
A celeridade com que foram esquecidas a fuga de Barroso e as trapalhadas de Santana Lopes leva-nos a temer que o escrutínio da opinião pública se faça com a mesma bitola com que se apreciam os méritos da equipe de futebol de que se é fã.
Mas que esperar de um país cujo presidente deixa extinguir o feriado do regime a que preside, fica silencioso perante os ataques à Constituição e se comporta como militante do partido a que pertence? Nem ao menos tem uma palavra a lembrar o maior escândalo financeiro de sempre – a falência do BPN, um caso de polícia que indignou o país e está a cair no esquecimento.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Trata-se dos 'jotinhas' donde emanam fornadas de políticos da 'nova vaga'. Hoje temos à frente do Governo um exemplo deste enviesamento. Recita de cor a cantilena que lhes foi embutida mas não entendem (querem ocultar) as razões porque chegaram 'lá'. Passos Coelho tem um largo curriculum construído à custa deste errático percurso.
Se não, vejamos:
- (2007-2009) Administrador Executivo da Fomentinvest, SGPS, SA;
- (2007-2009) Presidente da HLC TEJO, SA;
- (2007-2009) Administrador Executivo da Fomentinvest – Consultoria e Gestão de Projectos, SA e da Fomentinvest Ambiente, SGPS, SA
- (2006-2008) Administrador não executivo da Ecoambiente, SA
(2005-2009) Presidente da Ribtejo, SA;
- (2005-2007) Administrador não executivo da Tecnidata, SGPS
- (2005-2007) Administrador não executivo da Adtech, SA;
- (2004-2006) Director Financeiro da Fomentinvest, SGPS, SA;
- (2004-2009) Administrador-delegado da Tejo Ambiente, SA;
- (2004-2006) Administrador Financeiro da HLC Tejo, SA;
.../...
O espantoso é como conseguiu arranjar tempo para a política. A dúvida é se 'arranjou' ou 'arranjaram-lhe'...
1976-2013=37 anos
Total 78 anos
Ao fim de 78 anos voltamos à estaca zero!