José Saramago, um Nobel para a língua portuguesa
Desenho de Onofre Varela |
Para trás ficou o ressentimento de Sousa Lara, censor de um Governo de Cavaco Silva, que lhe vetou “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” para concurso a um prémio literário. Esquecida está já a avaliação da sua obra por uma figura grotesca, de quem o presidente da Câmara do Porto, recentemente eleito, é admirador, que o chamou «senil» e definiu a obra como «uma ganda [sic] merda», confessando nunca ter lido qualquer livro seu – o Sr. Duarte Pio.
Foi superado o rancor do Vaticano à atribuição do Nobel a um comunista, decisão que o papa de turno, anticomunista primário, que aguarda agora a canonização, não digeriu.
Esvaem-se as invejas, os ressentimentos e as desilusões de quem usa o fígado em vez da inteligência e, para a posteridade, fica a obra ímpar de um escritor singular que honrou a língua portuguesa e a levou, no esplendor da sua criatividade, a viajar pelo mundo.
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