Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
É com pena que verifico que o Carlos Esperança, preso como está a uma visão unilateral da vida, teima em fechar os olhos à realidade. Este seu último "post" é bem o sinal da cegueira que, normalmente (há excepções: gostei muito do que escreveu sobre o Rio de Janeiro!), está patente no que escreve.
Vejamos.
"A débil vitória da direita, que continua minoritária"
Não é o Carlos Esperança que diz que existe uma maioria de esquerda no Bundestag? Se assim é, por que razão Schroder não é o chanceler de um governo constituído exclusivamente por partidos de esquerda? Por que se coligou à direita "minoritária", para mais reconhecendo-lhe a prerrogativa de ter o chanceler?
Não é também verdade que o governo liderado por Angela Merkl tem apoio maioritário no parlamento alemão? Se assim é, não têm justificação (por falta de apoio na realidade) as suas teorias sobre a esquerda que é de gente boa e a direita que é de trogloditas.
"obrigou Angela Merkel, a nova chanceler, a ceder ao SPD e a refrear o entusiasmo neoliberal com que partiu para eleições, agora sob a vigilância atenta do seu antecessor G. Schröder".
Num acordo, ninguém obriga ninguém a nada. Não esteja a ver nulidades contratuais onde elas não existem. Por outro lado, Schroder foi líder de um governo liberal e, além do mais, incompetente, pelo que não se espera dele a atenção necessária para controlar a actividade de ninguém. Tão simples quanto isso.
Cumprimentos,
Pedro Alegrete
Claro que temos visões diferentes da realidade, que temos valores políticos diferentes. Não vejo nisso qualquer problema nem fico triste com isso.
Problema seria se todos fôssemos iguais, se uma qualquer clonagem nos pusesse a pensar de igual modo, se uma polícia política não permitisse a fiferença.
Assim, é motivo de satisfação. O confronto dialéctico das diversas opções é sinal de maturidade política e, contrariamente aos profetas da desgraça, motivo de esperança na virtualidade da democracia.
Quanto à Alemanha, a verdade é que a direita não tem a maioria no «Parlamento». É efectivamente minoritária. Não consegue formar Governo sem a esquerda e, por isso, tem de refrear-se.
É natural que o antigo chanceler não queira uma aliança com uma esquerda radical, quiçá, antidemocrática. Aqui tem a razão para a esquerda não formar Governo quando tem a maioria.
Agradecendo o seu comentário do qual discordo, cumprimento-o.
P. S. – Agradeço o comentário benevolente e amável ao apontamento que publiquei sobre a minha última viagem ao Brasil, publicado no período de reflexão eleitoral que, por civismo entendi respeitar.