Há 32 anos. Abril, ainda
Daqui da Figueira da Foz, daqui do RAP 3 partiu há 32 anos, concluídos há quatro dias, a caravana da liberdade.
Daqui, desta porta que em breve se fecha para o Exército, partiram Diniz de Almeida e Fausto Pereira com as forças redentoras. Daqui deste largo saíram tropas que haviam de libertar Portugal.
Este espaço, onde cedo madrugou a liberdade, foi a zona de reunião do Agrupamento Norte.
A Diniz de Almeida e Fausto Pereira, que juntamente com Sousa Ferreira (CICA 2) eram os 3 capitães do MFA, na F. da Foz, vieram juntar-se:
1 Companhia do RI 10 de Aveiro, comandada pelo cap. Pizarro;
1 Companhia do CICA 2 (F. Foz)
1 Companhia de Viseu, comandada pelo cap. Gertrudes da Silva
De Águeda, onde prestavam serviço na Escola Central de Sargentos, vieram 5 oficiais do MFA destacados para a gesta heróica do 25 de Abril. Foram eles David Martelo, Lucena Coutinho, Ferreira da Cal, Garcia (ten.) e Góis Moço.
Foram estes militares que guardaram o quartel das arremetidas que se temiam das forças reaccionárias, que fecharam as portas aos cúmplices da ditadura, que protegeram a retaguarda dos que iriam libertar Peniche e marchariam sobre Lisboa para ocupar a Região Aérea de Monsanto.
Aqui se veio apresentar o 1.º Sargento Enfermeiro Neves que, já na situação de reforma, quis participar na Revolução.
A estes homens que arriscaram as suas vidas para que todos pudéssemos viver as nossas em democracia, resta a honra do acto heróico, a recordação do dever cumprido, a demonstração de inexcedível coragem e acendrado patriotismo com que escreveram a página mais bela das suas vidas e assinaram o momento mais grandioso do séc. XX, em Portugal.
Estes oficiais, que julgávamos a guarda pretoriana do regime fascista, foram o fermento duma nova aurora, os coveiros da ditadura que prenunciaram o fim das últimas tiranias europeias. Espanha e Grécia, sem a glória e os sobressaltos da Revolução Portuguesa, em breve restabeleceriam as liberdades cívicas e se integrariam no concerto das nações democráticas.
Coube-me, por amável indigitação do Sr. Cor. Góis Moço, presidente da direcção da Delegação Centro da Ass. 25 Abril, a honra de evocar a importância deste local, de recordar os heróis de Abril que aqui fizeram História e começaram a mudar Portugal.
Cabe-me também a mágoa de recordar que, em breve, este quartel que foi um baluarte da liberdade, será desactivado. Parece que é a memória que se apaga, que é mais um símbolo que desaparece, que é mais uma estrela que se apaga no céu da democracia.
Quero deixar aqui um apelo, para que a memória se não perca, para que os exemplos se divulguem, para que a justiça se faça e a ingratidão nos não envergonhe:
Que neste espaço onde há 32 anos floriu a liberdade se erga um memorial que consagre os nomes de todos aqueles que daqui partiram ou aqui ficaram para defender com a vida a liberdade.
Que os imortalize o bronze e os recordem as gerações vindouras, que os honre a Pátria e os seus cidadãos como eles souberam honrar Portugal, devolver ao povo os seus direitos e aos portugueses a dignidade ofendida durante meio século.
Obrigado capitães de Abril.
Viva o 25 de Abril. Viva a República. Viva Portugal.
Figueira da Foz, sábado, 29 de Abril de 2006
Nota: Discurso proferido hoje no largo do quartel onde o CEME entendeu que «Não se afigura curial que qualquer associação realize um acto seu no interior de uma unidade militar».
Daqui, desta porta que em breve se fecha para o Exército, partiram Diniz de Almeida e Fausto Pereira com as forças redentoras. Daqui deste largo saíram tropas que haviam de libertar Portugal.
Este espaço, onde cedo madrugou a liberdade, foi a zona de reunião do Agrupamento Norte.
A Diniz de Almeida e Fausto Pereira, que juntamente com Sousa Ferreira (CICA 2) eram os 3 capitães do MFA, na F. da Foz, vieram juntar-se:
1 Companhia do RI 10 de Aveiro, comandada pelo cap. Pizarro;
1 Companhia do CICA 2 (F. Foz)
1 Companhia de Viseu, comandada pelo cap. Gertrudes da Silva
De Águeda, onde prestavam serviço na Escola Central de Sargentos, vieram 5 oficiais do MFA destacados para a gesta heróica do 25 de Abril. Foram eles David Martelo, Lucena Coutinho, Ferreira da Cal, Garcia (ten.) e Góis Moço.
Foram estes militares que guardaram o quartel das arremetidas que se temiam das forças reaccionárias, que fecharam as portas aos cúmplices da ditadura, que protegeram a retaguarda dos que iriam libertar Peniche e marchariam sobre Lisboa para ocupar a Região Aérea de Monsanto.
Aqui se veio apresentar o 1.º Sargento Enfermeiro Neves que, já na situação de reforma, quis participar na Revolução.
A estes homens que arriscaram as suas vidas para que todos pudéssemos viver as nossas em democracia, resta a honra do acto heróico, a recordação do dever cumprido, a demonstração de inexcedível coragem e acendrado patriotismo com que escreveram a página mais bela das suas vidas e assinaram o momento mais grandioso do séc. XX, em Portugal.
Estes oficiais, que julgávamos a guarda pretoriana do regime fascista, foram o fermento duma nova aurora, os coveiros da ditadura que prenunciaram o fim das últimas tiranias europeias. Espanha e Grécia, sem a glória e os sobressaltos da Revolução Portuguesa, em breve restabeleceriam as liberdades cívicas e se integrariam no concerto das nações democráticas.
Coube-me, por amável indigitação do Sr. Cor. Góis Moço, presidente da direcção da Delegação Centro da Ass. 25 Abril, a honra de evocar a importância deste local, de recordar os heróis de Abril que aqui fizeram História e começaram a mudar Portugal.
Cabe-me também a mágoa de recordar que, em breve, este quartel que foi um baluarte da liberdade, será desactivado. Parece que é a memória que se apaga, que é mais um símbolo que desaparece, que é mais uma estrela que se apaga no céu da democracia.
Quero deixar aqui um apelo, para que a memória se não perca, para que os exemplos se divulguem, para que a justiça se faça e a ingratidão nos não envergonhe:
Que neste espaço onde há 32 anos floriu a liberdade se erga um memorial que consagre os nomes de todos aqueles que daqui partiram ou aqui ficaram para defender com a vida a liberdade.
Que os imortalize o bronze e os recordem as gerações vindouras, que os honre a Pátria e os seus cidadãos como eles souberam honrar Portugal, devolver ao povo os seus direitos e aos portugueses a dignidade ofendida durante meio século.
Obrigado capitães de Abril.
Viva o 25 de Abril. Viva a República. Viva Portugal.
Figueira da Foz, sábado, 29 de Abril de 2006
Nota: Discurso proferido hoje no largo do quartel onde o CEME entendeu que «Não se afigura curial que qualquer associação realize um acto seu no interior de uma unidade militar».
Comentários
(Ó Esperança não goze com a malta, por favor, tá bem?)