FA: 129 pilotos receberam subsídio de voo sem terem pilotado
«Pelo menos 129 pilotos-aviadores da Força Aérea receberam suplementos mensais de risco de voo no último semestre de 2005 sem terem voado qualquer hora, o que terá custado à instituição 687 mil euros, noticiou hoje o Correio da Manhã.
Da lista de pilotos-aviadores que receberam o subsídio de risco sem ter voado conta-se o Chefe de Estado Maior da Força Aérea, general Taveira Martins, 12 tenentes-generais, 14 majores-generais, 37 coronéis, 40 tenentes-coronéis, sete majores, nove capitães, seis tenentes e três alferes».
Fonte: Diário Digital / Lusa 08-06-2006
Comentário: A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) não andou anos a receber subsídios enquanto a agricultura desapareceu?
Comentários
No caso vertente Polícia Judiciária Militar.
Só espero - veementemente espero - que os suplementos dos voos não tenham sido atribuídos aos F16 que, tendo custado os olhos da cara dos contribuintes, permanecem encaixotados...
O que se passa na Força Aérea?
a)o OE/MDN, não permite ter a totalidade dos aviões a voar - sem 'culpa' dos pilotos.
b)Os pilotos e equipas técnicas dos F-16, são insuficientes para operar a totalidade dos meios (operativos, metade dos existentes)
c)A dedicação dos sucessivos MD e CEM ao serviço do Estado,levou-os a comprar ao «complexo industrial militar USA», 40 F-16.
Apenas o dobro de uma razoável dotação para um país como o nosso.
d)Duas décadas de irrealismo, inconsciência social e política, se não ignorância e incompetência,com falta de escrúpulos em alto grau.
e)) Na FA como na generalidade das FA's.
=> Na FA como na generalidade das FA's.
RE: Como em numerosos sectores civis, digo eu.
O caso dos 2 submarinos do Portas (um para subir, outro para descer) talvez seja, nas FA, o caso mais clamoroso e desastrado.
Claro que a programção militar em Portugal tem sido (continuará a ser?) um cruel exercício de irrealismo, incompetência e ignorância.
Agora quanto à falta de escrúpulos, 2 pequenas notas:
1 - os pilotos (qualquer que seja o posto) que se "abotoaram" com suplementos mensais de voos, sem terem voado, roubaram o Estado e deverão ser processados e julgados em conformidade;
2 - causa-me algum espanto, mesmo admitindo uma grande dose de incompetência, que - quando entra um novo MD - se mude radicalmente o plano de aquisições de equipamento militar.
Para além da imagem de falta de planeamento (já vem de longe - desde os tempos dos submarinos a serem pagos em largos anos por leasing), transmite uma ideia ainda mais perniciosa - de que poderá haver interesses (ocultos) nessas aquisições.
Perante estas confusões, aboletamentos, etc., o indicado seria uma rigorosa auditoria à execução orçamental das FA's e a todos estes processos de aquisição.
Os cidadãos (contribuintes) têm dirieto à trnasparência.
PS - auditoria realizada por técnicos exteriores às FA's, claro!
A lei determina basicamente o seguinte: - treino mínimo obrigatório de 30 horas semestrais; - as excepções a essa norma, que não sejam imputáveis ao próprio, têm que ser todas autorizadas por despacho do chefe de estado maior.
A lógica mais elementar diz que há, e houve, sempre, muitas excepções: adidos militares, missões na Nato, ajudantes de campo, funções de comando e administração que implicam afastamento das esquadras de voo, etc, etc. Claro que se esses casos não fossem salvaguardados, ninguém aceitaria ser afastado das actividades de voo. O que conduzia ao absurdo.
Porque toda a gente percebe que um chefe de estado maior oriundo da aviação de caça, um cota com mais de 60 anos, não está, nem tem que estar hoje, em condições de manter uma actividade sistemática de voo em F16. Mas o canastro já o deixou lá. Retira-se-lhe o subsídio de voo? Ou organizam-se quinzenalmente passeios aéreos em avião de transporte em que ele embarque, para que possa fazer os mínimos de voo?
Não estou em condições de saber até que ponto a interpretação prática desta norma é mais lata ou mais estrita. Do que não tenho dúvidas é de que esta notícia não passa de mais um sensacionalismo de certa imprensa, que vai por aí agitando manipansos aos olhos das pessoas, em vez de lhes fornecer informação que as ajude a constituir-se como opinião pública consciente.
E também não duvido de que, apesar de tudo, se ainda há alguma corporação profissional que nos não envergonha, é a tropa em geral, e a Força Aérea em particular. Em 1980, o vencimento dum coronel era equiparado ao dum magistrado de determinado escalão; hoje é menos de dois terços, das chamadas profissões de referência. Na tropa não há as bagunças dos suplementos de 'renda de casa', que não dignificam os magistrados. E quando é preciso que eles estejam em qualquer sítio, bem ou mal, esses gajos estão lá.
Já a questão dos equipamentos militares é diferente; mas é basicamente política. Enquanto cidadão, penso que comprar dois submarinos é um absurdo. Mas compreendo que, para a secção de submarinistas da armada, não o seja. Em todo o caso, a decisão foi política e não militar.
Os 40 F16 são para mim, outro absurdo. Mas isto é uma blasfémia. Porque, não havendo uma esquadra de caça, com condições para fazer o controlo e vigilância, e meios de busca e salvamento para fazer a cobertura do nosso imenso espaço aéreo, isso significaria que tínhamos que entregar essa responsabiliadde internacional aos espanhóis. Cá por mim, que sou blasfemo, tudo bem! Porque o que nos incumbe é governar a casa, e não andar aí armados em ricos.
A decisão de comprar 40 F16, que estavam a dormir no deserto do Nevada, não foi uma decisão militar. Foi errada, e foi política. Já a decisão de vender parte dos F16 que aí estão, ainda encaixotados, é uma boa decisão. Quem comprou um Rolls-Royce que não pode manter, deve pô-lo com dono, porque perde menos.
Demasiados ministros da defesa, demasiado amadores e incompetentes. E irrealistas. Talvez ainda pior que na educação, na agricultura, na justiça, na saúde, na própria presidência do conselho de minstros. Mas é o que casa gasta!
Mais uma vez Carlos Esperança brinda-nos com uma das suas afamadas e sempre previsíveis inferências, ou seja, a ideia peregrina de associar o pagamento de horas de voo não efectuadas e pagas, aos subsídios não utilizados e pagos a certos agricultores.
Se na essência Carlos Esperança tem razão, não está certo desbaratar recursos económicos de todos nós em serviços e/ou bens não efectuados, é na substância, ou seja no final do post, que aquele aproveita para exorcizar os seus a “amigos” de estimação.
Quem conjectura para educar, educa conjecturando.
né 69????
mas aquelas patentes ainda voaam?
...da corte.....
Há profissões (outras, não militares) que para manterem a sua competência específica ou, na maioria dos casos, para progressão na carreira (...se não estivessem congeladas!), necessitam de determinados créditos anuais(fundamentalmente ao nível da formação).
Concordaria que esses profissionais averbassem créditos não realizados?
Continuo a insistir que o recebimento de subsídio de voo, sem ter voado, é uma burla - pouco interessa que haja o aval (cobertura) institucional ou seja uma lei "esquecida".
A anacrónica lei, segundo consta em vigor há mais de 50 anos, não deveria durar nem mais um dia.
As excepções também não colhem pois este país tem normas legais que regulam as comissões de serviço e/ou o desempenho de funções públicas em relação à carreira de origem. As leis da República, os decretos governamentais ou as disposições normativas que regulam o serviço público têm de chegar aos feudos corporativos. Quaisquer que sejam.
Senão voltamos à legitimidade dos tempos do Américo Tomás em que os almirantes ao passarem à reserva, tinham um lugar assegurado no conselho de administração de alguma grande empresa...
Não sei se era uma norma ou lei, mas era uma prática também de há 50 anos...
Por partes:
Não me tome por porta-voz do que não sou, nem por especialista de nada. Muito menos de leis. Apenas trouxe à caixa de comentários alguns dados que me ficaram da FA, por ter passado por lá.
Os créditos anuais para progressão na carreira: Não é disso que aqui se trata. Para progressão na carreira, eles têm lá avaliações de desempenho, têm que manter activas as capacidades específicas da função, e são, a partir de certa altura, promovidos por escolha (em casos de topo talvez mais política que militar).
Mas aqui não se trata de carreira. Está apenas em causa um suplemento pecuniário que "paga" a condição de pessoal navegante. Porque há uma diferença substancial entre trabalhar numa secretária a manejar um computer, ou voar uma passarola qualquer.
Diz V. que a lei é anacrónica. Não sei se será. Ela tem a idade da FA mas não é anacrónica por isso. Regula, quanto a mim bem, a atribuição dos suplementos de serviço aéreo.
V. diz que há leis que regulam as comissões de serviço. Justamente esta é capaz de fazer parte desse acervo. E que esta não deveria durar mais um dia. Pois revoguem-na os legisladores e façam outra. Mas procurem não paralisar a FA, senão a emenda é pior que o soneto. Ela já tem há muitos anos um problema gravíssimo, que é a fuga de pilotos para as companhias aéreas, que lhes pagam três vezes mais.
Aceite esta sugestão de pensamento: qualquer edifício jurídico constrói um mundo de ficção e rege-o. Mas mais complexo do que qualquer universo jurídico é o universo real. A mim é esse que me interessa que funcione, enquanto cidadão.
Já as práticas dos tempos do Thomaz nada têm que ver com este assunto. São práticas iníquas, dum regime iníquo, e trazê-las aqui à colação é uma ironia de gosto duvidoso. Eu tive o privilégio de pertencer a uma geração de gente que acabou com isso. E que lentamente regressou ao quartel, deixando a César e aos políticos eleitos o que lhes pertence. Orgulho-me muito disso.
Continuo a insistir:
"As leis da República, os decretos governamentais ou as disposições normativas que regulam o serviço público têm de chegar aos feudos corporativos. Quaisquer que sejam."
Ninguém quer acabar com a FA. Toda a gente sabe que existem problemas aí, como noutras instituições neste País.
Concordo que se compense o "pessoal navegante". Para isso será necessário uma outra regulamentação que, pelo menos, não permita tantas (fáceis) excepções ou inviesadas interpretações. Mas isso são as corporações...
Todavia, penso que o País real (aquilo que designa pelo "universo real")não compreenderá que alguém receba subsídios por uma coisa que, a acreditar na notícia, não fez.
Quanto ao que voaram de facto, desejo que o dinheiro recebido, como diz o povo, "lhe faça bom proveito".
É só isso!