Madeira e Viseu à margem da lei
«Alberto João Jardim, chefe do Governo Regional da Madeira, solidarizou-se esta quinta-feira com o presidente da Câmara de Viseu, que poderá ser alvo de processo judicial devido às suas afirmações contra os fiscais do Ministério do Ambiente».
O despautério de Fernando Ruas, um pacífico edil que cede camionetas aos munícipes para excursões pias a Fátima, foi uma nódoa que manchou a imagem laboriosamente construída na Associação Nacional de Municípios, que comanda, e no concelho a cujos destinos preside.
Não é vulgar o presidente da Câmara incitar ao apedrejamento de funcionários públicos que cumprem o seu dever. Nem na Madeira, onde o Dr. Jardim habituou os ilhéus aos insultos, à truculência e ao desrespeito da lei e dos órgãos da soberania, se tinha ido tão longe. É mais reles na linguagem mas ainda não lhe tinha ocorrido o uso da pedrada.
No entanto, qual alma gémea, AJJ já se solidarizou com o autarca de Viseu. Pedradas em fiscais, que ainda nem aconteceram, não impedem a solidariedade que merece quem desafia a lei e dá um péssimo exemplo de postura cívica. AJJ não perdeu a oportunidade de exibir a sua concepção de democracia e a forma de lidar com o poder central.
Mas não é a solidariedade que move o presidente vitalício da Madeira, nem a reiterada manifestação de falta de postura democrática, é o enorme embaraço que sabe causar a Luís Marques Mendes cujo silêncio se torna ensurdecedor.
Comentários
Na 1ª. página do Público surge a notícia: "MINISTÉRIO DO AMBIENTE CONTESTADO NO GOVERNO E NOS MEIOS EMPRESARIAIS".
Como o Sr. Ruas não é propriamente um pau mandado do PS fica-se a saber que a incrivel altercação na Assembleia Municipal de Viseu foi, provavelmente, concertada, ou pior, encomendada.
O seu incitamento à lapidação dos fiscais do Min. do Ambiente vem na sequência de imperdoaveis questões existentes no seio do Governo entre o Min. do Ambiente e o da Economia sobre os tectos de emissões de dióxido de carbono(Socrates que se cuide).
E no seguimento de declarações de Basílio Horta (agência portuguesa para o investimento) e de Francisco Van Zeller (confederação da indústria portuguesa).
Este último, pede pura e simplesmente a "lei da selva": quer novas barragens, mais projectos turísticos na costa vicentina, no Alqueva e no Douro.
Sugere que os "empreendedores" devem fazer o que querem, o que for melhor para o seu bolso, sem rei nem roque. Para ele, as questões do ambiente são "birras" de esquerdistas, contrários ao desenvolvimento.
- Quantos "Agarves" suporta Portugal?
- Quantos "autarcas por encomenda", incitadores à desobediência qualificada e à violência levítica tolera o País?
- Quantos AJJ cabem cá?
A propósito do despaupério do Sr. F. Ruas ficaremos a saber que modelo económico quer o PS.
Isto é, o PS permitirá ao governo o desenvolvimento de um modelo económico dissociado das questões ambientais?
Dentro de pouco tempo saberemos...
Que raio de ingenuidade.....
"é pá não é preciso virem da Madeira "eles" já cá estão....."
Não me afecta o turismo de personalidades ("eles"). Podem (devem) ficar onde estão. Isto é, longe (periféricos).
O que me preocupa é a importação do "estilo". É mais fácil!
O Ambiente, se alguma vez lhes fez frente, não vai resistir a essa onda.
Já não surpreende, mas é muito curioso, ver o Jardim vir a terreiro aplaudir o apedrejador de Viseu, em aparente despropósito. Realmente há tipos que não degeneram. Nunca conseguem fugir à casta a que pertencem.
apenas se fala "naquele"que é mais mediático e que se expõe mais , lá saberá porque.
isso não impede que por cá tambem se cultive o "estilo" quiça mais subtilmente.
mas com a mesma eficacia.