Esquerda, direita e opções políticas
Discordo de quem pensa que os extremos se tocam e de que, no limite, a esquerda e a direita não se distinguem. Há objetivos divergentes, aspirações antagónicas e princípios incompatíveis.
O que sucedeu foi o facto de a esquerda, quando em 1917 tomou o poder na URSS, não ter resistido a pulsões totalitárias de que a direita tinha o monopólio secular e, assim, se denegrir perante os que divergem dos modelos únicos e dogmas de qualquer natureza. A tradição czarista não foi de todo erradicada e, em nome da justiça social, cometeram-se tropelias, crimes e genocídios sob o pretexto de amanhãs cantantes que nunca chegaram.
Essa esquerda, cujos resquícios afloram em guetos ideológicos agressivos, é inimiga da vitória da esquerda plural, da esquerda humanista, que combate o liberalismo e entende a sociedade como um corpo vivo que deve ajustar-se às idiossincrasias, de acordo com a história, geografia e hábitos dos povos, que não colidam com conquistas da civilização.
É uma esquerda que repudie a pena de morte e as perseguições políticas, com a mesma paixão com que se bate por uma sociedade sem classes, que a direita teme. Enquanto os exemplos de sectarismo vingarem à esquerda haverá sempre uma arma de arremesso da direita para justificar os seus regimes mais desvairados e opressores.
A direita, ainda que insensível, mantém a legitimidade para ser poder enquanto respeitar o jogo democrático. Se o eleitorado lhe confia o voto, por mais que desagrade a quem se bate pela igualdade, tem o direito de governar. Ninguém tem o monopólio da verdade e, muito menos, o direito de impor o paraíso aos que o rejeitam.
A terciarização da sociedade destruiu a multidão de operários e camponeses que Lenine, com a perversão do centralismo democrático, organizava como exércitos para assalto ao poder. Continua vivo o marxismo, um instrumento útil para os regimes democráticos de pendor socialista ou social-democrático.
Fugir desta via é, no meu ponto de vista, entrar num aventureirismo pequeno-burguês de duvidosa eficácia e perigosa deriva totalitária.
O que sucedeu foi o facto de a esquerda, quando em 1917 tomou o poder na URSS, não ter resistido a pulsões totalitárias de que a direita tinha o monopólio secular e, assim, se denegrir perante os que divergem dos modelos únicos e dogmas de qualquer natureza. A tradição czarista não foi de todo erradicada e, em nome da justiça social, cometeram-se tropelias, crimes e genocídios sob o pretexto de amanhãs cantantes que nunca chegaram.
Essa esquerda, cujos resquícios afloram em guetos ideológicos agressivos, é inimiga da vitória da esquerda plural, da esquerda humanista, que combate o liberalismo e entende a sociedade como um corpo vivo que deve ajustar-se às idiossincrasias, de acordo com a história, geografia e hábitos dos povos, que não colidam com conquistas da civilização.
É uma esquerda que repudie a pena de morte e as perseguições políticas, com a mesma paixão com que se bate por uma sociedade sem classes, que a direita teme. Enquanto os exemplos de sectarismo vingarem à esquerda haverá sempre uma arma de arremesso da direita para justificar os seus regimes mais desvairados e opressores.
A direita, ainda que insensível, mantém a legitimidade para ser poder enquanto respeitar o jogo democrático. Se o eleitorado lhe confia o voto, por mais que desagrade a quem se bate pela igualdade, tem o direito de governar. Ninguém tem o monopólio da verdade e, muito menos, o direito de impor o paraíso aos que o rejeitam.
A terciarização da sociedade destruiu a multidão de operários e camponeses que Lenine, com a perversão do centralismo democrático, organizava como exércitos para assalto ao poder. Continua vivo o marxismo, um instrumento útil para os regimes democráticos de pendor socialista ou social-democrático.
Fugir desta via é, no meu ponto de vista, entrar num aventureirismo pequeno-burguês de duvidosa eficácia e perigosa deriva totalitária.
Comentários
Fora da ampla discussão sobre a validade e actualidade do marxismo como instrumento de análise política, social, económica e financeira penso que os regimes democráticos com governos socialistas (e/ou social-democráticos) abandonaram essa ferramenta (materialista e dialéctica) tendo esta sido substituída pela assimilação e adaptação de 'filosofias políticas pós-modernas' que tiveram como resultado descaracterizar todo o amplo e variegado campo da Esquerda e justificam a crise que se instalou nesta zona ideológica.
Hoje pululam outros tipos de propostas políticas e doutrinárias que arrepiam qualquer mortal, como sejam, os exemplos de 'socialismo liberal'(?), pese embora o respeito intelectual por homens como Stuart Mill, Bernstein, etc...
Todavia, não consigo afastar o exemplo acabado deste 'desastre', pretensamente evolutivo e modernizador, que é (foi) o Sr. Tony Blair e o 'pesadelo' da sua 'terceira via'.
O Bicho Homem não foge a essa regra até porque está-lhe na massa do sangue que o egoísmo é a arma mais poderosa de que dispõe para usar na guerra pela sobrevivência. O Homem sabe que a cooperação é melhor que a traição, no ponto de vista doa ganhos da Sociedade. Mas esse conhecimento não lhe é visceral, é um conhecimento de génese cultural e, portanto, muito menos arreigado que os conhecimentos viscerais.
Enquanto a esquerda não conseguir explicar às pessoas que votar na esquerda é MELHOR PARA ELAS, não sairá da cepa porta. O partido bolchevique vingou porque no inicio do século XX conseguiu passar essa mensagem. O coletivismo parecia ser a única saída para a sobrevivência de CADA INDIVÍDUO.