A candidatura de Cavaco
Cavaco Silva gere o tabu enquanto os avençados do costume transmitem o que interessa à candidatura da direita.
A «confidência», em letras garrafais, destacada ao cimo da primeira página do Diário de Notícias, anuncia que «O ex-primeiro-ministro vai contar com apoios à esquerda».
Os trânsfugas habituais, os desejosos de consideração social e os que se intitulam de esquerda sempre que apoiam a direita, sem nunca terem apoiado a esquerda, lá estarão a mostrar-se na apresentação da candidatura.
Medina Carreira, Ernâni Lopes e, quiçá, António Barreto aparecerão como é seu direito cívico, com a falta de vergonha de se apresentarem como de esquerda.
Comentários
é com muito gosto que o vejo referir-se à candidatura de Cavaco Silva, personalidade que eu admiro e que apoio para a presidência da República. Só é pena referir-se assim aos supostos embusteiros que, a despeito de se afirmarem de esquerda, se aprestarão (segundo as fontes do DN e as suas suspeitas) a apoiar Cavaco Silva. Também não é bonito referir-se nos termos em que o faz às fontes - supostamente fidedignas - do referido jornal.
Na minha opinião, o seu "post" não revela tolerância por quem pensa diferentemente de si; muito menos, mostra respeito.
Já neste espaço concordou comigo, há dias, quando eu defendi que ninguém pode arvorar a sua superioridade moral em relação a outrem, só porque pensa diferentemente. Continua a concordar comigo, não continua?
Por outro lado, em nome da mesma ética política, embora esse não seja o tema do seu "post", não lhe parece que o texto hoje publicado no Diário de Coimbra subscrito por Victor Baptista é altamente criticável?
Pedro Alegrete
Ambos temos direito à nossa opinião e, pela minha parte, é bem-vinda a sua ao «Ponte Europa». No entanto há-de concordar que até o diabo se ria se um blog de esquerda defendesse Cavaco Sila.
Não me verá usar para Cavaco Silva os termos desrespeitosos que os seus adeptos usam para personalidades de esquerda.
Mas, certamente me fará justiça de que os nomes que referi, principalmente os dois primeiros, citados como sendo de esquerda e a apoiar sempre a direita, não merecem particular respeito.
Desmascarar os tartufos é um dever cívico.
Quanto a António Barreto é um ressentido com o PS de que quis ser secretário-geral. Acabou numa aliança com o PSD/CDS/PPM a fazer de idiota útil.
Não se ofenda com o termo «idiota» para um indivíduo crapuloso cujos termos para António Guterres, Sampaio ou Ferro Rodrigues foram sempre de um almocreve com experiência.
Os embusteiros a que me referi não são supostos, são reincidentes.
Se a Esquerda sempre se sentou na cadeira e o país está como está, é tempo da Direita mostrar o que vale na Presidência.
Cavaco sempre!
(não sei porquê mas lembro-me tantas vezes dos tempos em que o país cresceu, em que a auto-estrada chegou a Coimbra vinda do Norte e depois vinda do Sul, das viagens para a fronteira deixarem de ser feitas pela Estrada da Beira, etc.,etc. tanta coisa!)
Só se foi o salto para o abismo!
(Realmente há socialistas que só me conseguem fazer rir. Por esse andar, o grande salto em Coimbra foi dado pelo Manuel Machado. Ahahahah!)
Então e o trabalho do grande patriarca Mário Soares?
Já se esqueceram da teoria guterrista do pântano?
E quem seriam os pantanosos?
Não digam, agora, que eram da Direita!
É preciso ter memória.
Permita-me que lhe responda por baixo das suas afirmações.
"Ambos temos direito à nossa opinião e, pela minha parte, é bem-vinda a sua ao «Ponte Europa»".
Muito obrigado.
"No entanto há-de concordar que até o diabo se ria se um blog de esquerda defendesse Cavaco Sila".
Acho graça que se refira ao diabo, mas convirá que eu nunca me espantei com esse facto.
"Não me verá usar para Cavaco Silva os termos desrespeitosos que os seus adeptos usam para personalidades de esquerda".
Meu caro amigo, isto é puro maniqueísmo. Onde estão os factos em que alicerça o que diz?
"Mas, certamente me fará justiça de que os nomes que referi, principalmente os dois primeiros, citados como sendo de esquerda e a apoiar sempre a direita, não merecem particular respeito".
Tenho profunda estima pelo segundo (Ernâni Lopes), que sempre foi independente e nunca se afirmou de esquerda. Convido-o a provar-me que ele alguma vez o tenha feito. Quanto ao primeiro (Medina Carreira), certamente que não desconhece que é um entusiasta apoiante da candidatura de João Soares à presidência da Câmara Municipal de Sintra. Continua a manter os epítetos?
"Desmascarar os tartufos é um dever cívico".
Um tartufo é uma pessoa hipócrita, um velhaco. Como pode julgar as pessoas em causa dessa maneira?
"Quanto a António Barreto é um ressentido com o PS de que quis ser secretário-geral. Acabou numa aliança com o PSD/CDS/PPM a fazer de idiota útil".
Lembro-o que, dessa aliança, em nome dos chamados reformadores, fez também parte Medeiros Ferreira, que foi eleito deputado pela Aliança Democrática. Foi também ele um "idiota útil"?
Curiosamente, já depois, António Barreto foi deputado do PS e apoiou Mário Soares em 1986 e em 1991. Tudo à semlhança de Medeiros Ferreira. Melhor: quase tudo, porque Medeiros Ferreira foi entretanto deputado do PRD, eleito por duas vezes (1985 e 1987), e apoiou a candidatura presidencial de Salgado Zenha, em 1986. Veja lá as voltas que o mundo dá.
"Não se ofenda com o termo «idiota» para um indivíduo crapuloso cujos termos para António Guterres, Sampaio ou Ferro Rodrigues foram sempre de um almocreve com experiência". Será que diz o mesmo quando a pessoa em causa foi apoiante de Mário Soares ou criticou Cavaco Silva?
"Os embusteiros a que me referi não são supostos, são reincidentes". Gostaria que me dissesse em que é que as três pessoas que referiu foram reincidentes.
Uma nota final para registar que não me respondeu à questão que lhe pus sobre o texto hoje publicado no Diário de Coimbra subscrito por Victor Baptista. Será que o incomoda o facto de, por essas e por outras, seguramente com muito incómodo, militantes do PS de Coimbra - não vamos ser hipócritas, o senhor conhece-os tão bem como eu - desejarem ardentemente a derrota de Victor Baptista?
Um abraço,
Pedro Alegrete
Está de volta o blog mais polémico de Portugal
mais forte do que nunca...este veio para ficar!!!
Vamos todos lutar por uma mudança em SOURE, para melhor!!!
http://politicadesoure2.blogspot.com/
Mas será que ainda levam Soares a sério?
Contamos com o apoio de todos os blogs de Coimbra.
Reconheço a qualidade da sua argumentação e os factos indesmentíveis que apresenta.
Quanto à opinião das pessoas, o carácter subjectivo tem uma forte componente.
Mas adianto-lhe que nunca mais tive Medeiros Ferreira (excepto como historiador) em boa conta.
Quanto a Ernâni Lopes e Medina Carreira tenho-os na conta de pessoas de Direita que não se importam de ser conotadas com a Esquerda para reforçar o apoio que têm dado à Direita.
António Barreto é um caso psiquiátrico. Os insultos públicos a Carrilho foram abjectos e próprios de um provinciano e labrego. A Guterres, desonestos e raivosos. A Sampaio ressentidos e de mau fundo.
Quanto ao Diário de Coimbra, acredite que não o li. Não tenho por hábito lê-lo. Leio As Beiras.
Não faço a mínima ideia do que diz, nem quem escreveu o quê.
Não posso, pois, pronunciar-me.
Tomo a liberdade de continuar usar a mesma técnica para responder ao seu último "post".
"Reconheço a qualidade da sua argumentação e os factos indesmentíveis que apresenta".
Muito obrigado, porque creio que o seu elogio é sincero. Eu também lhe agradeço ter tido a coragem de mo dizer.
"Quanto à opinião das pessoas, o carácter subjectivo tem uma forte componente.
Mas adianto-lhe que nunca mais tive Medeiros Ferreira (excepto como historiador) em boa conta".
É claro que, por definição, as opiniões das pessoas são subjectivas, o que não quer dizer que não se devam alicerçar em dados objectivos. É um facto que Medeiros Ferreira foi muito bem recebido no seu regresso ao PS, merecendo grandes elogios públicos, entre outros, de Mário Soares e de Masnuel Alegre. Mesmo não tendo sido escolhido como candidato a deputado nas últimas eleições legislativas, o que mereceu protestos de alguns membros da ala alegrista, teve sempre um papel activo no partido.
"Quanto a Ernâni Lopes e Medina Carreira tenho-os na conta de pessoas de Direita que não se importam de ser conotadas com a Esquerda para reforçar o apoio que têm dado à Direita".
Recordo-lhe que, em 1983, Ernâni Lopes só foi escolhido por Mário Soares para ministro das Finanças do Governo do Bloco Central (na quota de ministros do PS) porque Vítor Constâncio e Vasco Vieira de Almeida (o mesmo que agora se apresta para ser mandatário de Soares à presidência da República, especializado em advocacia de negócios) não aceitaram integrar o governo. Já então Ernâni Lopes foi considerado um independente próximo do PSD.
Quanto a Medina Carreira, de cujo estilo não gosto particularmente, o último serviço oficial que prestou ao Estado português foi por ocasião do primeiro governo de António Guterres, a pedido de Sousa Franco. O seu estudo sobre a reforma do património, barato ou caro, foi posto na gaveta por Pina Moura, já no segundo governo de António Guterres, o que mereceu (entre outras coisas, por diversas vezes e formas) severas críticas de Sousa Franco.
"António Barreto é um caso psiquiátrico. Os insultos públicos a Carrilho foram abjectos e próprios de um provinciano e labrego. A Guterres, desonestos e raivosos. A Sampaio ressentidos e de mau fundo".
Não é eticamente reprovável julgar o carácter das pessoas. No entanto, lembro-o de que António Barreto foi absolvido em tribunal numa acção-crime que lhe foi movida por Manuel Maria Carrilho. Quanto ao carácter deste último, que lhe tenho para dizer? Suponho que continua a ler o DN, não continua?
"Quanto ao Diário de Coimbra, acredite que não o li. Não tenho por hábito lê-lo. Leio As Beiras.
Não faço a mínima ideia do que diz, nem quem escreveu o quê.
Não posso, pois, pronunciar-me".
Compreendo as suas palavras e os seus silêncios, neste último caso quanto a factos que não desmentiu. Fiquei completamente esclarecido.
Um abraço,
Pedro Alegrete
Obrigado pela discussão.
Discordo de algumas coisas como o facto da absolvição de António Barreto lhe devolver o carácter honrado,a educação e a dignidade de comportamento.
Também Francisco Sousa Tavares foi absolvido por não se ter provado a intenção de ofender os juizes, na sequência da sua confirmação pública e em tribunal, depois de ter proferido as maiores diatribes que até hoje vi escritas contra magistrados!
O trânsito em julgado da sentença iliba AB de responsabilidades criminais mas não o iliba do meu juízo.
É como a absolvição do deputado Cruz e Silva e do Presidente da Câmara de Águeda. Não se provaram os crimes mas o juiz não deixou de lhes apontar a dificuldade de fazer prova e a estranheza que lhe causaram os factos.
Mesmo assim o Presidente da Câmara regressou aos Paços do Concelho. A ética política não anda em alta.
............
"Quanto ao Diário de Coimbra, acredite que não o li. Não tenho por hábito lê-lo. Leio As Beiras.
Não faço a mínima ideia do que diz, nem o que escreveu quem e o quê.
Não posso, pois, pronunciar-me".
Compreendo as suas palavras e os seus silêncios, neste último caso quanto a factos que não desmentiu. Fiquei completamente esclarecido.
RE: Para quem se exprime com elegância e desenvoltura não o percebi.
Como pode compreender o meu silêncio sobre factos ou declarações (não sei do que se trata) que não li e de que não tomei conhecimento?
Apenas sei, por si, que é um texto subscrito por Vítor Baptista cujo conteúdo Pedro Alegrete me desafia a comentar e que antecipadamente acoima de «altamente criticável».
Não o li, repito. Não tem o direito de dizer que compreende o meu silêncio, à guisa de quem insinua «que quem cala, consente».
Se o tivesse lido bastava-me dizer-lhe que não o comentava.
A pressa leva-me a não rsponder de forma sistemática e coerente.
Mas não posso deixar de lhe apontar o facto de denegrir o carácter de Carrilho para absolver o mau carácter de um polemista que é um razoável sociólogo, um medíocre cidadão e um execrável político.
Um abraço.
Carlos Esperança
Com o devido respeito, continuam inteiramente de pé todas - repito, todas - as observações que fiz.
Senão, vejamos:
"Discordo de algumas coisas como o facto da absolvição de António Barreto lhe devolver o carácter honrado,a educação e a dignidade de comportamento".
Mas onde é que eu disse o contrário? É o seu juízo sobre o carácter de uma pessoa, que eu já disse não ser eticamente reprovável fazer. Apenas lhe quis mostrar que as palavras de António Barreto sobre Carrilho - como o tribunal reconheceu, em primeira instância e em sede de recurso - não são mais graves do que as de Carrilho sobre Barreto, sabendo nós que Carrilho é militante do PS.
"Também Francisco Sousa Tavares foi absolvido por não se ter provado a intenção de ofender os juizes, na sequência da sua confirmação pública e em tribunal, depois de ter proferido as maiores diatribes que até hoje vi escritas contra magistrados!"
Mais uma vez, é a sua opinião, que eu respeito, embora dela discorde. Curiosamente, trata-se do último dos renovadores que, em 1979, apoiaram a AD. Tal como António Barreto, também Francisco Sousa Tavares foi apoiante de Mário Soares, em 1986, e seu ministro, no governo do Bloco Central.
Mas ainda quanto à sentença, convido-o a ler o que nela disse a juíza relatora. Verificará, também, que pouco tem a ver com magistrados.
"O trânsito em julgado da sentença iliba AB de responsabilidades criminais mas não o iliba do meu juízo."
Estou inteiramente de acordo, o que eu nunca pus em causa.
"É como a absolvição do deputado Cruz e Silva e do Presidente da Câmara de Águeda. Não se provaram os crimes mas o juiz não deixou de lhes apontar a dificuldade de fazer prova e a estranheza que lhe causaram os factos.
Mesmo assim o Presidente da Câmara regressou aos Paços do Concelho. A ética política não anda em alta."
Concordo inteiramente consigo. Certamente que também concordará comigo em relação a muitos outros casos, que envolveram militantes bem conhecidos do PS, nem sempre condenados (embora, mais do que uma vez, com votos de vencido, o que nem sequer aconteceu no caso de Águeda). Se quiser, eu lembro-o...
............
"Quanto ao Diário de Coimbra, acredite que não o li. Não tenho por hábito lê-lo. Leio As Beiras.
Não faço a mínima ideia do que diz, nem o que escreveu quem e o quê.
Não posso, pois, pronunciar-me".
"Compreendo as suas palavras e os seus silêncios, neste último caso quanto a factos que não desmentiu. Fiquei completamente esclarecido".
"RE: Para quem se exprime com elegância e desenvoltura não o percebi."
Está equivocado. Por favor, leia o meu "post" anterior. Compreendi as suas palavras de justificação, por não ter lido o texto (o que não pus em causa, embora estranhasse e continue a estranhar) e, sobretudo, porque, dado o caso que é, eticamente, não teria que se pronunciar. Compreendo os seus silêncios, por não ter respondido ao que eu disse sobre o facto de haver militantes bem conhecidos do PS, em Coimbra, que apostam claramente na derrota de Victor Baptista, dizendo mesmo que não votarão no PS, nas próximas eleições autárquicas. É falso o que eu estou a dizer? Não acha estranho o facto de ninguém até agora, neste espaço, ter vindo defender o texto que Victor Baptista fez ontem publicar no Diário de Coimbra?
Não devo nada a nenhum partido. Sou, aliás, independente. E olhe que sou visceralmente independente, como bem sabe quem me conhece.
"Como pode compreender o meu silêncio sobre factos ou declarações (não sei do que se trata) que não li e de que não tomei conhecimento?
Apenas sei, por si, que é um texto subscrito por Vítor Baptista cujo conteúdo Pedro Alegrete me desafia a comentar e que antecipadamente acoima de «altamente criticável».
Não o li, repito. Não tem o direito de dizer que compreende o meu silêncio, à guisa de quem insinua «que quem cala, consente».
Se o tivesse lido bastava-me dizer-lhe que não o comentava."
Já esclareci inteiramente este ponto. Mas sempre lhe digo o seguinte: o meu direito de expressão é sagrado, ninguém o põe em causa. Nada do que eu digo sobre o texto de ontem se compara ao que o Carlos Esperança acaba de dizer sobre várias pessoas.
"A pressa leva-me a não rsponder de forma sistemática e coerente.
"Mas não posso deixar de lhe apontar o facto de denegrir o carácter de Carrilho para absolver o mau carácter de um polemista que é um razoável sociólogo, um medíocre cidadão e um execrável político."
Sobre António Barreto, mais uma vez lhe digo, respeito as suas palavras. Sobre Carrilho, foi o Carlos Esperança, não eu, quem, neste blogue, levantou seriíssimas dúvidas sobre o seu carácter, há não muitos dias. Daí a minha pergunta sobre se continua a ler o DN.
Um abraço,
Pedro Alegrete
O Carlos Felício, que é militante do PS, acaba de responder-lhe.
Sinto-me dispensado de ler o artigo.
Tivemos uma discussão civilizada entre pessoas de quadrantes provavelmente opostos e afectos divergentes.
Só isso já é suficiente para saudar a democracia, ainda que pessoas pouco recomendáveis a confisquem em seu proveito.
Quanto à independência costumo seguir a máxima de Marx (o Groucho): recuso-me a pertencer a um clube que me aceite como sócio.
Mas não sou independente. Sou de esquerda desde que a mãe de um aluno me pediu para não levar o filho a exame. «Se for a exame, e passar, não tenho que lhe dar de comer, em casa». Essa criança tinha direito a uma sopa, um copo de leite e um pãozimho com queijo ou marmelada, diariamente.
Já lá vão 43 anos. Hei-de continuar assim.
Sou independente, na medida em que não corto a direito, porque nem sempre tenho razão. Já errei tantas vezes. E é também certo que tenho uma mão direita e uma mão esquerda, tal como tenho uma mãe e um pai. Vivemos numa época histórica extraordinária, onde o maior desafio é mostrar o erro histórico dos idealismos absolutistas. De todos eles. De direita, de esquerda, do centro, religiosos, agnósticos ou ateus.
Sempre votei. Tenho amigos em todos os principais partidos políticos. Não tenho nada contra os partidos políticos, a ponto de admitir um dia filiar-me num.
Na verdade, sou independente, porque sou interdependente. Para viver, necessito de tudo e de todos. Espero que a cegueira ideológica nunca me mate por dentro, o que aconteceria no dia em que alguém se afastasse de mim por não ter tido tempo para ver nessa pessoa uma parte de toda a verdade.
Até sempre.
Pedro Alegrete
Um abraço.
MARIO SOARES E ANGOLA
Por António Marinho (advogado e jornalista)
in «Diário do Centro», de 15 de Março de 2000
A polémica em torno das acusações das autoridades angolanas segundo as quais Mário Soares e seu filho João Soares seriam dos principais beneficiários do tráfico de diamantes e de marfim levados a cabo pela UNITA de Jonas Savimbi, tem sido conduzida na base de mistificações grosseiras sobre o comportamento daquelas figuras políticas nos últimos anos.
Espanta desde logo a intervenção pública da generalidade das figuras políticas do país, que vão desde o Presidente da República até ao deputado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, passando pelo PP de Paulo Portas e Basílio Horta, pelo PSD de Durão Barroso e por toda a sorte de fazedores de opinião, jornalistas (ligados ou não à Fundação Mário Soares), pensadores profissionais, autarcas, «comendadores» e comentadores de serviço, etc? Tudo como se Mário Soares fosse uma virgem perdida no meio de um imenso bordel.
Sei que Mário Soares não é nenhuma virgem e que o país (apesar de tudo) não é nenhum bordel. Sei também que não gosto mesmo nada de Mário Soares e do filho João Soares, os quais se têm vindo a comportar politicamente como uma espécie de versão portuguesa da antiga dupla haitiana «Papa Doc» e «Baby Doc».
Vejamos então por que é que eu não gosto dele(s).
1. - A primeira ideia que se agiganta sobre Mário Soares é que é um homem que não tem princípios mas sim fins. É-lhe atribuida a célebre frase: «Em política, feio, feio, é perder ». São conhecidos também os seus zigue-zagues políticos desde antes do 25 de Abril. Tentou negociar com Marcelo Caetano uma legalização do seu (e seus amigos) agrupamento político, num gesto que mais não significava do que uma imensa traição a toda a oposição, mormente àquela que mais se empenhava na luta contra o fascismo.
Já depois do 25 de Abril, assumiu-se como o homem dos americanos e da CIA em Portugal e na própria Internacional Socialista. Dos mesmos americanos que acabavam de conceber, financiar e executar o golpe contra Salvador Allende no Chile e que colocara no poder Augusto Pinochet.
Mário Soares combateu o comunismo e os comunistas portugueses como nenhuma outra pessoa o fizera durante a revolução e foi amigo de Nicolau Ceaucescu, figura que chegou a apresentar como modelo a ser seguido pelos comunistas portugueses.
Durante a revolução portuguesa andou a gritar nas ruas do país a palavra de ordem «Partido Socialista, Partido Marxista», mas mal se apanhou no poder meteu o socialismo na gaveta e nunca mais o tirou de lá. Os seus governos notabilizaram-se por três coisas : políticas abertamente de direita, a facilidade com que certos empresários ganhavam dinheiro e essa inovação da austeridade soarista (versão bloco central) que foram os salários em atraso.
INSULTO A UM JUIZ em Coimbra, onde veio uma vez como primeiro ministro, foi confrontado com uma manifestação de trabalhadores com salários em atraso. Soares não gostou do que ouviu (chamaram-lhe o que Soares tem chamado aos governantes angolanos) e alguns trabalhadores foram presos por polícias zelosos. Mas, como não apresentou queixa (o tipo de crime em causa exigia a apresentação de queixa), o juiz não teve outro remédio senão libertar os detidos no próprio dia. Soares não gostou e insultou publicamente esse magistrado, o qual ainda apresentou queixa ao Conselho Superior da Magistratura contra Mário Soares, mas sua excelência não foi incomodado. Na sequência, foi modificado o Código Penal, o que constituiu a primeira alteração de que foi alvo por exigência dos interesses pessoais de figuras políticas.
Soares é arrogante, pesporrento e malcriado. É conhecidíssima a frase que dirigiu, perante as câmaras de TV, a um agente da GNR em serviço que cumpria a missão de lhe fazer escolta enquanto presidente da República durante a Presidência aberta em Lisboa: « Ó Sr. Guarda desapareça ». Nunca, em Portugal, um agente da autoridade terá sido tão humilhado publicamente por um responsável político, como aquele pobre soldado da GNR.
Em minha opinião, Mário Soares nunca foi um verdadeiro democrata. Ou melhor, é muito democrata se fôr ele a mandar. Quando não, acaba-se imediatamente a democracia. À sua volta não tem amigos, e ele sabe-o; tem pessoas que não pensam pela própria cabeça e que apenas fazem o que ele manda e quando ele manda. Só é amigo de quem lhe obedece. Quem ousar ter ideias próprias é triturado sem quaisquer contemplações. Algumas das suas mais sólidas e antigas amizades ficaram pelo caminho quando ousaram pôr em causa os seus interesses ou ambições pessoais.
Soares é um homem de ódios pessoais sem limites, os quais sempre colocou acima dos interesses políticos do partido e do próprio país. Em 1980, não hesitou em apoiar objectivamente o General Soares Carneiro contra Eanes, não por razões políticas, mas devido ao ódio pessoal que nutria pelo general Ramalho Eanes. E como o PS não alinhou nessa aventura que iria entregar a presidência da República a um general do antigo regime, Soares, em vez de acatar a decisão maioritária do seu partido, optou por demitir-se e passou a intrigar, a conspirar e a manipular as consciências dos militantes socialistas e de toda a sorte de oportunistas, não hesitando mesmo em espezinhar amigos de sempre como Francisco Salgado Zenha.
Confesso que não sei por que é que o séqüito de prosélitos do soarismo (onde, lamentavelmente, parece ter-se incluído agora o actual presidente da República), apareceram agora tão indignados com as declarações de governantes angolanos e estiveram tão calados quando da publicação do livro de Rui Mateus sobre Mário Soares. Na altura todos meteram a cabeça na areia, incluindo o próprio clã dos Soares, e nem tugiram nem mugiram, apesar de as acusações serem então bem mais graves do que as de agora. Por que é que Jorge Sampaio se calou contra as « calúnias » de Rui Mateus?»
Parte de um texto de Abril de 2000, assinado pelo advogado e jornalista António Marinho
«DINHEIRO DE MACAU Anos mais tarde, um senhor que fora ministro de um governo chefiado por Mário Soares, Rosado Correia, vinha de Macau para Portugal com uma mala com dezenas de milhares de contos. A proveniência do dinheiro era tão pouco limpa que um membro do governo de Macau, António Vitorino, foi a correr ao aeroporto tirar-lhe a mala à última hora. Parece que se tratava de dinheiro que tinha sido obtido de empresários chineses com a promessa de benefícios indevidos por parte do governo de Macau. Para quem era esse dinheiro foi coisa que nunca ficou devidamente esclarecido.O caso Emaudio e o célebre fax de Macau é um episódio que envolve destacadíssimos soaristas, amigos íntimos de Mário Soares e altos dirigentes do PS da época soarista. Menano do Amaral chegou a ser responsável pelas finanças do PS e Rui Mateus foi durante anos responsável pelas relações internacionais do partido, ou seja, pela angariação de fundos no estrangeiro. Não haveria seguramente no PS ninguém em quem Soares depositasse mais confiança. Ainda hoje subsistem muitas dúvidas (e não só as lançadas pelo livro de Rui Mateus) sobre o verdadeiro destino dos financiamentos vindos de Macau. No entanto, em tribunal, os pretensos corruptores foram processualmente separados dos alegados corrompidos, com esta peculiaridade (que não é inédita) judicial: os pretensos corruptores foram condenados, enquanto os alegados corrompidos foram absolvidos.Aliás, no que respeita a Macau só um país sem dignidade e um povo sem brio nem vergonha é que toleravam o que se passou nos últimos anos (e nos últimos dias) de administração portuguesa daquele território, com os chineses pura e simplesmente a chamar ladrões aos portugueses. E isso não foi só dirigido a alguns coladores de cartazes do MASP que a dada altura enxamearam aquele território. Esse epíteto chegou a ser dirigido aos mais altos representantes do Estado Português. Tudo por causa das fundações criadas para tirar dinheiro de Macau. Mas isso é outra história cujos verdadeiros contornos hão-de ser um dia conhecidos.Não foi só em Portugal que Mário Soares conviveu com pessoas pouco recomendáveis. Veja-se o caso de Betino Craxi, o líder do PS italiano, condenado a vários anos de prisão pelas autoridades judiciais do seu país, devido a graves crimes como corrupção. Soares fez questão de lhe manifestar publicamente solidariedade quando ele se refugiou na Tunísia. Veja-se também a amizade com Filipe Gonzalez, líder do Partido Socialista de Espanha que não encontrou melhor maneira para resolver o problema político do país Basco senão recorrer ao terrorismo, contratando os piores mercenários do lumpen e da extrema direita da Europa para assassinar militantes e simpatizantes da ETA. Mário Soares utilizou o cargo de presidente da República para passear pelo estrangeiro como nunca ninguém fizera em Portugal. Ele, que tanta austeridade impôs aos trabalhadores portugueses enquanto Primeiro Ministro gastou, como Presidente da República, milhões de contos dos contribuintes portugueses em passeatas pelo mundo, com verdadeiros exércitos de amigos e prosélitos do soarismo, com destaque para jornalistas. São muitos desses « viajantes » que hoje se põem em bicos de pés a indignar-se pelas declarações dos governantes angolanos.Enquanto Presidente da República, Soares abusou como ninguém das distinções honoríficas do Estado Português. Não há praticamente nenhum amigo que não tenha recebido uma condecoração, enquanto outros cidadãos, que tanto as mereceram, não obtiveram qualquer distinção durante o seu « reinado ». Um dos maiores vultos da resistência antifascista no meio universitário, e um dos mais notáveis académicos portugueses, perseguido pelo antigo regime, o Prof. Doutor Orlando de Carvalho, não foi merecedor, segundo Mário Soares, da Ordem da Liberdade. Mas alguns que até colaboraram com o antigo regime receberam as mais altas distinções. Orlando de Carvalho só veio a receber a Ordem da Liberdade depois de Soares deixar a Presidência da República, ou seja logo que Sampaio tomou posse. A razão foi só uma: Orlando de Carvalho nunca prestou vassalagem a Soares e Jorge Sampaio não fazia depender disso a atribuição de condecorações.FUNDAÇÃO COM DINHEIROS PÚBLICOSA pretexto de uns papéis pessoais cujo valor histórico ou cultural nunca ninguém sindicou, Soares decidiu fazer uma Fundação com o seu nome. Nada de mal se o fizesse com dinheiro seu, como seria normal. Mas não; acabou por fazê-la com dinheiros públicos. Só o governo, de uma só vez deu-lhe 500 mil contos e a Câmara de Lisboa, presidida pelo seu filho, deu-lhe um prédio no valor de centenas de milhares de contos. Nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha ou em qualquer país em que as regras democráticas fossem minimamente respeitadas muita gente estaria, por isso, a contas com a justiça, incluindo os próprios Mário e João Soares e as respectivas carreiras políticas teriam aí terminado. Tais práticas são absolutamente inadmissíveis num país que respeitasse o dinheiro extorquido aos contribuintes pelo fisco. Se os seus documentos pessoais tinham valor histórico Mário Soares deveria entregá-los a uma instituição pública, como a Torre do Tombo ou o Centro de Documentação 25 de Abril, por exemplo. Mas para isso era preciso que Soares fosse uma pessoa com humildade democrática e verdadeiro amor pela cultura. Mas não. Não eram preocupações culturais que motivaram Soares. O que ele pretendia era outra coisa. Porque as suas ambições não têm limites ele precisava de um instrumento de pressão sobre as instituições democráticas e dos órgãos de poder e de intromissão directa na vida política do país. A Fundação Mário Soares está a transformar-se num verdadeiro cancro da democracia portuguesa.»
Ó Senhor Esperança comente isto, se faz favor!
É por tudo isto que todos nós (portugueses com cabeça) vamos votar CAVACO SILVA.
Nem sempre os anónimos me merecem consideração.
Nem me parece que Cavaco, putativo candidato, seja a única opção.
«É por tudo isto que todos nós (portugueses com cabeça) vamos votar CAVACO SILVA.»
Esta frase revela a vocação totalitária do seu autor. É exactamente a mesma frase que a União Nacional usava para os candidatos da ditadura.
E eu só discuto com democratas.
Faça-nos esse favor.
Que mais não seja por respeito pelo próprio Marinho, que é um homem que "os" tem no sítio.
Quanto à dos anónimos que se escondem, que seriam incapazes de consentir um texto assim num espaço seu, que têm da democracia uma concepção rudimentar ou os conhecimentos herdados do salazarismo, tenho dúvidas da sua coragem.
É esta a superioridade da democracia cujos de feitos de Mário Soares nos ajudaram a conquistar.
Da virtude fiquei farto durante a ditadura.
Enfim...
A escola politica de Soares é uma mais valia em releção a Cavaco.
Quanto a Guterres, o respeito e admiração q sempre tive por ele, permanece intacta.
Ele não tinha outra saída, no momento, do q pedir a demissão, os abutres andavam constantemente à volta dele a denegrir e a deitar abaixo, e as eleições foram a gota de àgua.
Guterres não gosta de situações dúbias, a sua base de apoio estava ferida de morte.
Guterres é um SENHOR!
Não diga que o estou a provocar, Sr. Esperança. O senhor lá saberá melhor do que eu.
Quem invoca uma licenciatura para argumento revela a qualidade intelectual que o exorna.
Quanto à educação o seu texto fala por si.
Em relação à democracia tem conceitos vagos e rudimentares. Pensar que eu teria obrigação de lhe divulgar as ideias, admitindo que as tem, é uma noção de democracia demasiado exótica.
Que presunção (tipicamente de esquerdista arogante)!!!!
Enfim... eu gosto de vir aqui porque o Sr. me põe bem disposto.
Faz-me rir e eu agradeço porque rir faz bem à pele.
Os comentários dele, quando tenta virar o bico ao prego, são o máximo!
(Leiam o que ele escreveu acima sobre Guterres e os ABUTRES SOCIALISTAS que o rodeavam. Por vezes, o Esperança demonstra lucidez...)
E nos próximos tempos vamos ter barrigadas de riso, com as tentativas dele de defender o Soares, o "capo" da Democracia portuguesa, amigo da CIA e do Carluci, etc., etc.