Medicamentos de venda livre
O Governo, este governo, acaba de dar um passo que nenhum outro tinha ousado. Foi ontem publicado no Diário da República o decreto-lei que retira às farmácias a venda exclusiva de medicamentos e que entra em vigor a 16 de Setembro.
Quem não conhece a força das corporações e dos grupos de interesse que dominam o sector, dificilmente poderá avaliar a importância do precedente e o acto de coragem que tal decisão implica.
A chantagem com a saúde pública vai ao ponto de assustar com riscos terríveis a venda de produtos, que não carecem de receita médica, sem que um farmacêutico tenha uma conversa prévia com o cliente, para eventualmente tentar dissuadi-lo da compra.
Recentemente a comunicação social noticiou a venda de duas farmácias por preços de 5 e 7 milhões de euros, respectivamente (em moeda antiga, 1 e 1,4 milhões de contos). Vale a pena escrever por extenso «1.000.000.000$00 e «1.400.000.000$00».
Isto é quanto vale o alvará de uma farmácia – o valor bruto das vendas anuais a multiplicar por 2 – um poder imenso que a Associação Nacional de Farmácias controla, um absurdo que se deve à não liberalização do sector.
Alguém aceitaria que o dono de um talho só pudesse ser um veterinário? Mas o dono de uma farmácia só pode ser um farmacêutico. Um laboratório farmacêutico ou de análises, um consultório médico ou um hospital pode ser propriedade de qualquer cidadão ou empresa. Uma farmácia só pode pertencer a um farmacêutico. Com que justificação?
Esperemos que este pequeno passo seja o início do caminho que conduza à liberalização do comércio farmacêutico, uma decisão que terá ferozes opositores em vários partidos.
Quem não conhece a força das corporações e dos grupos de interesse que dominam o sector, dificilmente poderá avaliar a importância do precedente e o acto de coragem que tal decisão implica.
A chantagem com a saúde pública vai ao ponto de assustar com riscos terríveis a venda de produtos, que não carecem de receita médica, sem que um farmacêutico tenha uma conversa prévia com o cliente, para eventualmente tentar dissuadi-lo da compra.
Recentemente a comunicação social noticiou a venda de duas farmácias por preços de 5 e 7 milhões de euros, respectivamente (em moeda antiga, 1 e 1,4 milhões de contos). Vale a pena escrever por extenso «1.000.000.000$00 e «1.400.000.000$00».
Isto é quanto vale o alvará de uma farmácia – o valor bruto das vendas anuais a multiplicar por 2 – um poder imenso que a Associação Nacional de Farmácias controla, um absurdo que se deve à não liberalização do sector.
Alguém aceitaria que o dono de um talho só pudesse ser um veterinário? Mas o dono de uma farmácia só pode ser um farmacêutico. Um laboratório farmacêutico ou de análises, um consultório médico ou um hospital pode ser propriedade de qualquer cidadão ou empresa. Uma farmácia só pode pertencer a um farmacêutico. Com que justificação?
Esperemos que este pequeno passo seja o início do caminho que conduza à liberalização do comércio farmacêutico, uma decisão que terá ferozes opositores em vários partidos.
Comentários
Entendo o que diz, mas discordo.
A minha discordância não é, contudo, radical.
O facto de Belmiro de Azevedo ser dono do «Público» não impediu que tivesse fases de excelente jornalismo.
O facto da Impresa ser uma empresa de comunicação social e Balsemão um velho jornalista e um democrata, não impediu nem impede que tenha maus produtos no mercado.
Veja como o Expresso se degrada.
Interessa-me mais o livro de estilo e o CV dos jornalistas do que a profissão do proprietário.
Reconheço, no entanto, que empresas vocacionadas para a comunicação têm uma sensibilidade mais apurada mas, em última análise, o dinheiro comanda a informação.
Quanto à questão dos medicamentos à venda fora das farmácias, é sem dúvida um passo positivo, e só espero que seja a primeiro de tantos outros que aguardamos e tardam em ser dados devidos aos interesses instalados.
Por estranho que pareça, a APIFARMA (Associação dos laboratórios que comercializam os fármacos) apesar da força do capitalismo internacional e da indústria farmacêutica é muito menos poderosa do que a ANF.
Desde os tempos de Costa Freire que se tornou uma poderosa instituição manobrada com mão de ferro pelo Dr. João Cordeiro.
Não me perguntem se financiou partidos políticos. Não sei responder. Mas não me admirava que o tivesse feito.
Há uma protecção de que goza a ANF e uma força política excessiva que sempre me pareceu suspeita.
Uma conversa entre dois farmacêuticos meus amigos, à minha frente:
«Votas no bastonário do João Cordeiro ou no outro?» (Já lá vão vários anos.