Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
Parece indiscutível a clivagem entre Alkatiri, por um lado, e Xanana, a Igreja (e Horta?) por outro.
Alkatiri terá sido (?) um bom defensor dos interesses timorenses, na discussão do petróleo. Daí ter-se tornado figura pouco grata para a Austrália.
Para a Igreja, já o não era há muito.
O campo dos 'rebeldes' também parece claro, já se encontraram com os austrálios e opõem-se a Alkatiri. O que é estranho, se Alkatiri defendeu no petróleo interesses patrióticos.
A GNR no meio disto, posta às ordens do Presidente e do Primeiro-Ministro... não pode ser doutro modo, mas parece uma contradição. Vamos lá ver se não há bronca grossa.
Sei que é politicamente incorrecto dizê-lo, mas não me parece que estas farroncas de soberania do Freitas facilitem seja o que for, na solução do problema. Desde logo pela distância e pela logística. E porque afinal não se trata duma força propriamente militar, com funções militares explícitas.
Terá o Freitas dados que o levam assim a afrontar e a negar a pretensão da Austrália?
Pessoalmente, manifestações nacionalistas de papel comovem-me pouco. E interessam-me ainda menos.
dia a questão da intervenção militar estrangeira em Timor ou, se quisermos ser mais abrangentes, em qualquer País.
Continuo convicto que as missões militares ou militarizadas(Portugal e outros)que foram enviadas para Timor, salvo o devido respeito pelos orgãos de soberania desse País que o solicitaram, deviam ter o aval da ONU e estar sob um comando unificado (nomeado pela dita organização).
As intervenções militares em territórios estrangeiros necessitam (deviam necessitar)deste suporte político militar, em conformidade com o direito internacional. Não foi esta uma das questões que foi colocada (batalhada)pela comunidade internacional a quando da intervenção anglo-yankee no Iraque?
Convém mantermo-nos coerentes.
Depois há outro problema: os governantes de qualquer País (não estou a referir-me concretamente a Timor) que estejam sob pressão popular podem socorrer-se do apoio de forças militares "amigas" para consolidarem o poder?
E se for o caso de um déspota?
Vale a pena ter presente, p. exº., o caso da Guiné entre Nino Vieira e Assumane Mané. O pedido de auxílio militar à Guiné Connakri foi politicamente fatal para Nino, embora, no imediato, o tivessem ajudado a resistir à contestação interna.
Recuando mais na História, as intervenções militares da URSS na Hungria e Checoslováquia ou a dos EUA em Granada, p. exº, não provocaram o repúdio da comunidade internacional e descredibilizaram os interventores?
As relações internacionais a todos os níveis, sejam políticas, militares ou económicas, devem ser regidas por princípios consagrados no direito internacional e respectivos tratados.
A situação em Timor das forças estrangeiras pode gerar problemas para elas próprias e para o poder político timorense.
É que as motivações são díspares e, convenhamos, mais que muitas...
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