A rentrée do CDS de Paulo Portas
A sede estival de conhecimentos dos partidos da coligação é a catarse do desastre do seu governo durante os anos que já levam de fracassos, piruetas e promessas não cumpridas. Figuras prestigiadas e figurões disponíveis recreiam figurantes ambiciosos que veem na presença nos cursos de educação de adultos o caminho para o poder.
Depois do curso da Universidade do PSD, a pós-graduação em dissimulação, vai agora o CDS comemorar o 40.º aniversário do percurso feito, à cautela, depois de derrubada a ditadura, fosse por medo ou por já não poder contar com ela. É um trajeto assaz curioso, uma sequência de golpes, que despediu o fundador e foi largando líderes, numa febre de poder e nostalgia do passado salazarista que os atuais dirigentes jamais repudiaram.
O CDS não é um partido político, é uma associação de interesses cuja memória seletiva esquece a ditadura, a guerra, o colonialismo, a censura, as prisões e os assassinatos, que nunca refere.
E, de tal modo está afetada a memória que faz a rentrée política em Peniche, quiçá na ignorância de que foi ali, no forte-prisão onde o barulho do mar abafava os gritos dos torturados e o sofrimento dos condenados por delitos de opinião.
Paulo Portas, católico, mais amigo da hóstia do que da democracia, devia fazer o exame de consciência, depois de uma confissão bem feita, e só levar ali os seus sequazes após repudiar publicamente os crimes da ditadura.
Sem isso, pode criar-se a dúvida sobre a escolha do local, saber se é uma homenagem à democracia ou um retiro espiritual, a pensar na bondade do regime onde se acolheriam muitos dos seus diletos.
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