Terça-feira, 9 de agosto

Ontem, o Dr. Monteiro ouvia com habitual bonomia as queixas de mais um doente quando o candeeiro, de mais de 1 metro de comprimento e dez quilos de peso, resolveu soltar-se do teto. Acertou-lhe na cabeça, afastando-o do doente, e quando o encosto da cadeira lhe restituiu o pesado corpo à posição normal, soltaram-se os fios, que ainda suspendiam o candeeiro de um dos lados, e amorteceu a queda nas costas do clínico.

O doente ficou assustado, o médico a cambalear e o candeeiro do consultório, a servir de metáfora ao país, com os fios elétricos a faiscar, desfez-se em pedaços no chão.

O posto médico de Celas é um velho edifício onde os médicos ainda são do SNS mas as instalações são a antecâmara da destruição que este governo metodicamente lhe prepara.

Para os numerosos amigos do conhecido médico, cerca de 1metro e noventa de boa disposição, aqui fica registado que um pequeno hematoma, para um homem tão grande, e uma dor de costas, da pancada sofrida, são as sequelas de um acidente de trabalho que envergonha o ministério da Saúde e o País.

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