A contrainformação e o Governo



A sanha contra o atual Governo é um misto de deceção e ressentimento dos que jamais admitiram que poderia haver entendimentos à esquerda. A direita, pura e dura, ficou em desespero, por ver desmascarada a sua incompetência, maldade e vertigem ultraliberal e comprometida a meta, tão próxima, de desmantelamento do que restou do Estado social.

A direita pensou, depois dos resultados eleitorais, em que foi muito ténue a punição dos desmandos de mais de quatro anos, que se perpetuaria no poder, apesar da inaptidão de quem a representou; a comunicação social, fiel aos patrões, perdeu a pudor e tornou-se o aparelho de propaganda desta direita a que Cavaco Silva, Paulo Portas e Passos Coelho deram uma deplorável imagem; os avençados agitam-se, em frenesim, a destruir tudo o que o Governo faz, recorrendo a cumplicidades compradas cá dentro e lá fora.

Até a RTP é a câmara de ressonância da oposição, instrumento de chantagem que pisca o olho a quem promove o regresso. Nunca tantos se esforçaram tanto para inviabilizar a alternância do poder. Qualquer membro do PS que queira aliar-se à direita, tem sempre o microfone à disposição e uma câmara de filmar a acompanhá-lo.

O medo do êxito de um governo do PS, com apoio parlamentar do BE, PCP e PEV, é tal que o pânico se instalou nas hostes, indecisas entre aguentar Passos Coelho e trocá-lo. À cautela, o delegado autóctone do nebuloso Grupo Bilderberg, o inefável Durão Barroso, já convidou Maria Luís Albuquerque para a conferência de 2016 onde será ungida para novos voos, apesar do passado pouco estimável de um e outra, certos do poder oculto de um grupo que escapa a qualquer escrutínio.

O medo que este Governo inspira reside menos no que poderá fazer do que no exemplo que dará e, no futuro, os que no PS partilham interesses da direita, não podem hipotecar previamente as alianças exclusivas para o lado da sua carteira. Há alternativas à direita e à esquerda e ficarão desmascarados os vesgos, os oportunistas e os trânsfugas.

É o pânico que comanda tão sórdida campanha e mobiliza os avençados. Não faltarão as biografias, roteiros, entrevistas, artigos de opinião, calúnias, campanhas de intimidação e sanções, a dissuadir o eleitorado de reincidir na esquerda; e os esforços, cá dentro e lá fora, para que o atual governo soçobre.

Comentários

e-pá! disse…
Um ‘novo caso’ alimentado pela Direita à volta da CGD é mais um exemplo paradigmático da senha de destruição de tudo o que é público.

No passado recente o Governo PSD/CDS depois de um (discreto em comparação com outras instituições bancárias privadas) aumento de capital – da ordem dos 900.000 € - na CGD (afinal existia uma crise financeira) passou a ideia para o exterior que novos aumentos de capital não seriam possíveis insinuando uma previsível oposição da Comissão Europeia (um pouco ao estilo dos estaleiros de Viana do Castelo).
Mais, o Governo de então afirmou que uma eventual recapitalização (que nunca tratou) seria (obrigatoriamente) acompanhada de uma 'reestruturação', i. e., de uma compulsiva diminuição da sua presença em balções pelo País e de uma 'onda de despedimentos' link.

A chicana que a Direita começou a tecer intensifica-se quando o actual Governo consegue abrir as portas de um novo financiamento. Centra-se num valor (4.000 M€) que nunca foi oficialmente anunciado. Pretende esconder que as dificuldades que essa mesma Direita foi ocultando, durante a sua permanência no Governo, visavam - pura e simplesmente - criar condições para a sua privatização.
Mas existem intenções políticas imediatas. Minar a coesão entre o Governo PS e os partidos à Esquerda que o apoiam, procurando estimular a criação de ‘fissuras’ e acentuar naturais divergências. E, para além disso, dar ao exterior a impressão que o sistema bancário português está em rotura e assim obviar a qualquer tipo de investimento condicionando, no terreno financeiro, o crescimento económico.

É necessário que apareça alguém a dizer: “ vêm de carrinho”…
e-pá! disse…
Adenda:

Onde está escrito 'rotura' deveria estar "ruptura" (intromissão dos silenciosos correctores automáticos...).
A não ser que esse neologismo seja aparentado com "roto", situação que não andará longe do estado dos bancos nacionais...
E-Pá:

Existem rotura e rutura. São sinónimos. Antes do AO eram 'rotura' e ruptura'. :)

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