Brexit – A vitória da pequena Inglaterra sobre a Grã-Bretanha

A vitória do Brexit foi um voto contra o medo e a chantagem, os únicos argumentos de quem tem dirigido a União Europeia, como se esta apenas pudesse obedecer ao modelo único a que o PPE a quis condenar.

Cameron foi, na sua pequenez, o grande obreiro da decomposição britânica, pôs fim ao reino unido, reduzindo-o à pequena Inglaterra e País de Gales, com a rainha a decorar a anacrónica monarquia que restará, e arriscou o princípio do fim da União Europeia.

Os eleitores cederam ao populismo e à demagogia, derrotando quem não queria reduzir a Grã-Bretanha à pequena Inglaterra e sabia que a União Europeia só existiria com o Canal da Mancha aberto e o Reino só continuaria Unido dentro da UE, não se fechando no canal.

A União Europeia deixa de contar com a segunda economia e as mais poderosas Forças Armadas do seu espaço. Boris Johnson derrotou Cameron numa vitória de Pirro, porque a promessa do referendo para ganhar as eleições, resultou na humilhação do último e na falta de soluções do primeiro, incapaz de responder às consequências.

Esta UE que chantageia a Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, também foi derrotada. O desencanto dos ingleses é o mesmo que permitiu o crescimento de uma onda populista e radical, enquanto o PPE combatia partidos progressistas de todos os países, incluindo o Partido Trabalhista britânico, que ainda se bateu pela permanência, com o sacrifício da sua deputada Jo Cox, símbolo da união do projeto europeu, adversária da xenofobia e da visão conservadora e monetarista da UE.

A saída do RU da UE, levará à secessão da Escócia e do País de Gales, a convulsões na Irlanda do Norte e à fragmentação da Espanha, Itália e Bélgica, com a Córsega a partir.

A geografia política da Europa não é imutável nem pacífica; a liberdade não é perpétua nem a democracia vitalícia; os países também não são eternos.

A UE foi derrotada no teste que a imprudência de Cameron e as suas ambições pessoais tornaram dramático e só resistiria com o aprofundamento da integração social, política económica, militar, fiscal e diplomática. Não contando com a confiança dos povos que a integram, temendo o modelo único que a teologia monetarista de Bruxelas quer impor, a caixa de Pandora está aberta a um futuro incerto.

Precisávamos da Inglaterra e Alemanha cada vez mais europeias e dispensávamos a UE alemã. São muitos os perigos comuns e nenhum país pode resistir orgulhosamente só.

Finalmente, a UE não podia estar condenada a optar entre uma coutada da direita e um antro da extrema-direita. Há mais mundo para além do conservadorismo ultraliberal.

Hoje terminou o Reino unido e a Europa ficou à mercê da Turquia.

Apostila – Espero que este texto de um europeísta, escrito após o inesperado resultado, seja desmentido.

Comentários

Manuel Galvão disse…
A Alemanha é um país ocupado. Não tem forças armadas nem tem autorização para as criar (o Hitler também não tinha). O UK tem as maiores forças-armadas da UE.
Faz sentido ser a Alemanha a mandar, caro Watson?
Não tarda assistiremos de novo a uma invasão do continente europeu pelas manas Commonwealth (EUA incluídos, claro está!), de braço dado, como em Dunquerque…

Desta vez as armas não serão tanques e aviões... mas convém que o UK esteja fora da UE, como 51º estado Norte Americano que sempre foi, cavalo de Tróia.
A história de Dunquerque não foi com esses agressores. Pelo contrário.
Manuel Galvão disse…
A História contada pelos vencedores tem muitas lacunas... Porém, contestar essa versão foi elevado ao píncaro de heresia! Quem o fizer não vai para a lareira mas vai para a prisão em nome da santa-liberdade!amen!

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