Os bispos e a febre amarela
Os bispos, os colégios deles e a febre amarela
Não basta propagarem a fé na escola pública, com professores nomeados discricionariamente pelo episcopado e obrigatoriamente pagos pelo Estado, querem sentar os colégios privados à mesa do Orçamento.
Quando o patriarca Policarpo era o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), e faliam empresas e o desemprego crescia, dizia que as manifestações contra as políticas de austeridade representavam «corrosão da harmonia democrática» e ‘que não devia ser a rua a determinar como se devia governar’, sem se esquecer de mandar rezar e apelar à caridade.
Agora, os bispos perderam a cabeça e a compostura e deixaram cair a mitra. Na peregrinação dos colégios, no dia 29 de maio, com amigos do peito e da hóstia, divulgaram o apoio público e explícito à manifestação fomentaram. Só recolheram ao Paço, pousaram o báculo e mandaram arear o anelão e engomar a mitra, depois de porem a manifestação em marcha.
Junto à Assembleia da República, um pároco erguia um cartaz, «A escola do meu filho escolho eu», enquanto esperava a quem o entregar. Uma criança exibia, ufana, outro cartaz, «Deixem o meu filho continuar a estudar na melhor Escola», sobrando-lhe em entusiasmo os anos que ainda lhe faltavam para a procriação.
Quem assistisse àquela chinfrineira pia, sem a imagem peregrina da Senhora de Fátima, sem andores e sem cantochão, apenas com pendões amarelos, empunhados por mordomos com opas da mesma cor, pensaria que fora proibido o ensino privado, interditos os padre-nossos e as ave-marias postas no índex.
A CEP não ousava apoiar manifestações profanas. Desta vez expôs-se e tornou-se um veículo litúrgico em rota de colisão com a democracia.
Aquilo não era manifestação de fé, foi uma epidemia de febre amarela, com itinerário errado, que levou os enfermos ao Parlamento e os afastou do Instituto de Medicina Tropical.
Não se discute o direito à manifestação, está em causa uma doença infetocontagiosa. Exige-se uma vacina e, para a gente pia, um ato de contrição.
Não basta propagarem a fé na escola pública, com professores nomeados discricionariamente pelo episcopado e obrigatoriamente pagos pelo Estado, querem sentar os colégios privados à mesa do Orçamento.
Quando o patriarca Policarpo era o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), e faliam empresas e o desemprego crescia, dizia que as manifestações contra as políticas de austeridade representavam «corrosão da harmonia democrática» e ‘que não devia ser a rua a determinar como se devia governar’, sem se esquecer de mandar rezar e apelar à caridade.
Agora, os bispos perderam a cabeça e a compostura e deixaram cair a mitra. Na peregrinação dos colégios, no dia 29 de maio, com amigos do peito e da hóstia, divulgaram o apoio público e explícito à manifestação fomentaram. Só recolheram ao Paço, pousaram o báculo e mandaram arear o anelão e engomar a mitra, depois de porem a manifestação em marcha.
Junto à Assembleia da República, um pároco erguia um cartaz, «A escola do meu filho escolho eu», enquanto esperava a quem o entregar. Uma criança exibia, ufana, outro cartaz, «Deixem o meu filho continuar a estudar na melhor Escola», sobrando-lhe em entusiasmo os anos que ainda lhe faltavam para a procriação.
Quem assistisse àquela chinfrineira pia, sem a imagem peregrina da Senhora de Fátima, sem andores e sem cantochão, apenas com pendões amarelos, empunhados por mordomos com opas da mesma cor, pensaria que fora proibido o ensino privado, interditos os padre-nossos e as ave-marias postas no índex.
A CEP não ousava apoiar manifestações profanas. Desta vez expôs-se e tornou-se um veículo litúrgico em rota de colisão com a democracia.
Aquilo não era manifestação de fé, foi uma epidemia de febre amarela, com itinerário errado, que levou os enfermos ao Parlamento e os afastou do Instituto de Medicina Tropical.
Não se discute o direito à manifestação, está em causa uma doença infetocontagiosa. Exige-se uma vacina e, para a gente pia, um ato de contrição.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Desta febril 'agitação' poderá resultar - para a democracia - a exibição dos mesmos sintomas que apresentam os indivíduos infestados:
- náusea, vómito, calafrios, hemorragia, ...