O congresso do PS e a política nacional

Ninguém, com consciência cívica, tem o direito de se alhear dos movimentos políticos, no seu país e no mundo, e de se desinteressar do destino coletivo que nos cabe.

O congresso do PS é, pela centralidade do partido na vida política nacional, motivo de interesse acrescido, depois de Portugal ter estado sujeito a mais de quatro anos de um implacável projeto de desmantelamento do Estado, e de, na Europa, o Partido Popular Europeu (PPE) se ter convertido ao neoliberalismo duro, exercendo a mais despudorada influência através dos órgãos da UE e do seu aparelho burocrático, com a subserviência dos partidos filiados.

O PS, pela primeira vez, conseguiu furtar-se à colossal chantagem europeia e nacional e exercer o elementar dever de não discriminar qualquer partido. A atual direção teve a ousadia de resistir à pior direita desde o 25 de Abril, aquela a que salazaristas orgânicos, Cavaco Silva e Passos Coelho, queriam amarrar o PS. Recusando um sentido único para as alianças, criou alternativas democráticas e libertou o partido da hipoteca à direita que o quis converter definitivamente em mero ornamento democrático.

O PS teve o mérito de se afirmar como partido que escolhe os aliados, para defender o que julga melhor para o País. Era previsível que a central de intoxicação desta direita que ética, política e civicamente se degradou, deste apêndice do atual PPE, preferisse a retaliação ao País a um módico de decência e patriotismo.
O PPE terá de decidir se quer uma UE prisioneira da sua vocação autoritária ou se tolera a diversidade, se quer apenas a integração financeira ou se deseja aprofundar a harmonia económica, social e política, e se prefere o Tratado Orçamental à coesão europeia.

Sem vocação partidária, saúdo o esforço conjunto do PS, PCP, BE e PEV, que permitiu a alternativa de governo democrática e patriótica.

No momento em que o PS realiza o 21.º Congresso, saúdo a sua direção pela coragem e lucidez de libertar o partido das amarras a que quiseram prendê-lo, felicitando António Costa e desejando-lhe as maiores felicidades no Governo de Portugal.

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