A CAP e as manifestações

O direito à manifestação é apanágio da democracia. Sabemo-lo bem em Portugal onde, em ditadura, aglomerações de mais de duas pessoas mereciam a atenção policial e, em caso de suspeita, a vigilância da PIDE, de má memória.

Agora os senhores da CAP, proprietários de terrenos que deixaram de cultivar, com enormes recursos que os subsídios lhes granjearam, pretendem manter neste Governo a influência política de que gozam desde o tempo do falecido José Manuel Casqueiro.

Ontem, os senhores da CAP mandaram levar a Lisboa os seus bois, cavalos e máquinas agrícolas. Mataram saudades do campo, sem sair da capital, e contestaram o Governo.

Só surpreende que os pequenos e médios agricultores se não mobilizem. Sabemos, porém, que não têm os recursos e a influência dos senhores da CAP.

Comentários

Anónimo disse…
Apesar de tudo, dando-se conta de que a sua guerra contra o ministro a propósito dos pagamentos ditos 'ambientais', os enterrou perante a opinião pública, meteram uns processos no tribunal e agora corrigiram o tiro. Já não se manifestam para fazer guerra ao ministro. Agora fazem-no apenas para se mostrarem na rua. Mas lá vão dizendo que o ministro rouba o dinheiro aos portugueses para o dar a Bruxelas.
Se os portugueses tivessem consciência de que foi exactamente o espírito desta 'elite' que os 'governou' durante séculos, perceberiam melhor por que razões o país está no atoleiro em que se encontra.
Houve um momento da história em que parecia terem consciência disso. Mas não era verdade.
Ainda hoje milhares de desgraçados se deixam manipular para estes espectáculos, e trazem as vacas para a rua, e as blusas regionais, e as pandeiretas. Enquanto os donos da coisa ficam a vê-los na televisão.
Mas certas atitudes destemperadas revelam desorientação. Já não é mau. A ver vamos... como diz o cego!
Anónimo disse…
Porquê o absurdo da actual PAC, e os seus efeitos destruidores na agricultura portuguesa?
Depois da guerra havia grande penúria alimentar na Europa. Um dos objectivos dos países fundadores da Comunidade foi incentivar a produção de alimentos base, injectando subsídios para que não se atingissem preços altos no consumidor. Esses produtos eram os cereais, a carne e o leite, base alimentar europeia.
Sucesso absoluto. Fome rapidamente ultrapassada. Evolução da tecnologia do sector. Forte sector agro-alimentar. Subsídios dados em função das quantidades produzidas, o que favoreceu as explorações de grandes dimensões. Excedentes de produção. Convénios com a América, que introduz também subsídios agrícolas. Consequente impossibilidade de o terceiro mundo competir nos mercados.Morte da agricultura do terceiro mundo.
Este foi basicamente o colete de forças em que os governos desde há 20 anos meteram a agricultura portuguesa. Dando ajudas exactamente aos produtos em que Portugal nunca será competitivo. Como se pode competir com os cereais franceses? Ou com as fábricas de leite e de carne do norte da Europa?
Mas é exactamente para aí que vai o grosso das ajudas. Com excepção de algumas regiões leiteiras do Norte, em que há muitas pequenas explorações em falência progressiva, isto significa entregar as ajudas aos terra-tenentes do sul.
Recentemente a política mudou. Já não se financia a produção, não é preciso. Dá-se dinheiro para não produzir... aos mesmos que antes o recebiam para produzir. Terras abandonadas vencem subsídios ambientais. Os tais da CAP!
Em contrapartida, vinho, azeite, frutos, hortícolas, produções específicas e excelentes da agricultura nacional, têm apoios menos que simbólicos.
A quem interessa isto? Quem põe uma bomba por baixo disto tudo?
Como se pode salvar a nossa agricultura sem destruir tudo isto?
E, depois de destruir isto, quem a faz, com os campos desertos?
Duma coisa não tenho dúvidas! Este é o primeiro ministro da Agricultura digno do nome. Mas não lhe invejo a sorte.
Anónimo disse…
É claro que, no meio disto, a produção das nossas pequenas explorações, sem dimensão nem escala, sem massa crítica suficiente, sem organização colectiva para a comercialização, não consegue entrar no mercado. Salvo alguma boleia caritativa dos supermercados do Belmiro.
Anónimo disse…
Só foi pena não terem levado G3 e f...aquela cambada toda dos (des)governantes...
Vítor Ramalho disse…
Se o governo fosse do PSD já a manif era a “melhor do mundo”.
Anónimo disse…
CONCORDO PLENAMENTE CARLITOS...

"O direito à manifestação é apanágio da democracia. Sabemo-lo bem em Portugal onde, em ditadura, aglomerações de mais de duas pessoas mereciam a atenção policial e, em caso de suspeita, a vigilância da PIDE, de má memória"

Já me faz lembrar no ano passado (já era este governo do Sócrates), quando os professores fizeram greves às vigilâncias de exames, e as Direcções Regionais de Educação, pediram ao Conselhos Executivos os nomes dos professores em greve... Volta Salazar, estás perdoado...
Anónimo disse…
Já me tinha parecido que os heróis do PSD apoiavam as políticas de rapina dos tubarões da CAP. Mas não queria acreditar, não me parecia possível!
Afinal é verdade. E é bom que a verdade se saiba.
Anónimo disse…
Ó Anónimo, se esta barcaça não estivesse na Europa, já tinha voltado há muito tempo um salazar qualquer.
Não resolvia nada, a não ser distribuir mais fome. Mas sempre se evitava que direcções sindicais oportunistas colaborassem dessa maneira na destruição da figura social do professor.
O governo agradece muitas greves dessas. Já quanto a pedir os nomes dos grevistas, tem V. muita razão. É inaceitável.
Anónimo disse…
eu mão gosto deste governo, mas quando um ministro é assim achincalhado pelos "agricultores" da cap, começo a sentir alguma simpatia por ele.

viva a reforma agrária!!!!
Anónimo disse…
Subsídios: marisco, muita imperial e "Cutty Sark", Cmisas "Façonnable" e sapatinhos "Timberland".
Vivenda com piscina, uma em Beja e outra no Algarve, férias "na neve", uma voltinha a Sevilha...
Range Rover para o papá, Mercedes Classe A para a mamã e VW Polo para os filhotes conduzirem com taxas de alcoolemia que não lembram ao diabo.
Depois, um belo Mercedes Classe E para as saídas "em família".
Touradas, fado, caça, putas e vinho verde.
Louras platinadas e gajos com cabelinho à "foda-se" (tipo Nuno Melo, o do CDS).
Aqui está a essência dos subsídios: em 20 anos investiram ZERO em agricultura.
Agora, mudar velhos hábitos, é complicado.
Anónimo disse…
Grande "gajo de Beja" és cá dos meus ...
Anónimo disse…
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