Remodelação no Vaticano

O primeiro-ministro espanhol, Rodriguez Zapatero, pode ter sido o responsável involuntário pela rápida substituição de Joaquín Navarro-Valls pelo jesuíta Federico Lombardi.

A acusação de que Zapatero era o único chefe de Governo que tinha faltado à missa do Papa, além de falsa, ensombrou a visita a Espanha e pode ter apressado a saída do porta-voz do Vaticano formatado nas pias leituras do «Camino» com que Escrivá transformou inúmeros crentes num exército de prosélitos.

Pode concluir-se que a Companhia de Jesus foi reabilitada e o Opus Dei perde um lugar de grande prestígio e enorme influência no Vaticano. A substituição que, após 22 anos, acabaria por acontecer, foi antecipada.

No futuro próximo haverá menos cilícios no piedoso bairro onde Bento XVI é líder absoluto e vitalício. Não é provável que a orientação política do pontificado, fortemente conservadora e interveniente, sofra alterações mas a Companhia de Jesus recupera poder depois do ostracismo a que João Paulo II a votou.

Comentários

Anónimo disse…
"AVES SOLTAS NUMA BRISA NEBULOSA,
TRISTES "PARDAIS" QUE VOAM SEM PARAR
TUDO SE PASSOU NUMA TARDE CHOROSA
E ELE SEM SABER EM QUEM VOTAR"

Ode de Souselas....
Pardal estava nas duas listas, ao que chega a procura dos tachos
Anónimo disse…
Caro anónimo:

Vou abrir um post para «espaço dos leitores».

Peço-lhe para remover este comentário e colocá-lo lá, se o entender.

Creio que se dá conta de que o que escreveu nada tem a ver com o post publicado.
Anónimo disse…
Será prematuro apreciar a substituição de Navarro-Valls pelo padre Federico Lombardi como o apeamento da Opus Dei e a chegada da Companhia de Jesus ao "poder" no importante cargo de porta-voz do Vaticano.
Esta remodelação, por si só, não significa a reabilitação da influência dos jesuítas nos corredores do Vaticano.
Há, todavia, uma coisa que é visível e notória - a perda de influência (a "queda") dos hommens da Obra que, durante largos anos, beneficiaram da protecção do anterior Papa.

Cautelosamente, prefiro interpretar esta nomeação como um regresso à tradição pontifícia - o que está de acordo com o perfil teológico de B-XVI.
O porta voz, o homem da Imprensa e da Rádio Vaticano, volta a ser um religioso.
Um homem que, entre outras coisas, trabalhou na Alemanha.

Mas, atenção, não vale a pena mistificar a realidade.
A Igreja (ICR) precisa (depende) do poder económico da Obra.
A primeira acção pública de Lombardi, no seu novo cargo, foi apresentar as contas do Vaticano.
Não são famosas.
Logo, a Opus Dei não pode ser "deitada" para um qualquer caixote do lixo... da Praça de S. Pedro.
No Vaticano, como no resto do Mundo, quem tem dinheiro - tem poder.
Proximidades materiais do profano e do religioso...

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