Espanha – A Igreja católica e a democracia
Ontem, na Praça de Colombo, em Madrid, centenas de milhares de pessoas reuniram-se para contestar o Governo, sob o lema «Pela família cristã». Numerosos padres e bispos dinamizaram a manifestação e vociferaram contra os casamentos homossexuais, contra o divórcio e contra a nova disciplina escolar «educação para a cidadania».
Havia bispos, cardeais e cerca de trinta organizações católicas, num desafio ao Governo a dois meses de eleições legislativas. O bispo de Valência chegou a culpar o Governo de pôr em perigo a democracia. O presidente da Conferencia Episcopal Espanhola, Ricardo Blázquez, afirmou que «A família está fundada sobre o matrimónio, que é a união de um homem e uma mulher para transmitir a vida».
Celibatários, os clérigos de báculo, mitra e anelão não se limitaram a defender os seus princípios para os católicos, querem obrigar os que o não são a submeter-se à sua moral e aos seus caprichos. São resíduos do franquismo a adejar as sotainas pelas praças de Espanha numa cruzada raivosa contra a modernidade.
O cardeal de Barcelona, Lluís Martínez Sistach, retido pela gripe humana, enviou uma mensagem a justificar a ausência na manifestação e para recordar que havia dedicado a sua última pastoral à defesa da vida, «perante o horror do cifra de 110.000 abortos em Espanha, em 2006, e das clínicas abortistas».
Têm todo o direito a defender os seus pontos de vista. Só é pena que nunca se tenham preocupado com a proibição de pontos de vista diferentes durante o franquismo.
Comentários
A tolerância com a homosexualidade, não devia ir tão longe...o casamento, é demasiado sério, pressupõe um homem e uma mulher, núcleo da família.
À pala da liberdade, juntam-se homens com homens, mulheres com mulheres...a caminho do fim da espécie.
Este é dos tais assuntos que devia ser objecto de referendo, nunca programa de partido de governo.
A manifestação que decorreu em Madrid, na diocese do cardeal Rouco Varela, já condenado pelo Supremo Tribunal por desleixo e negligência na vigilância de um prevaricador clérigo espanhol, condenado por abuso sexual continuado de menores (Ponte Europa: Julho 18, 2007).
É, portanto, natutal que esta Eminência promova, estas passeatas pelas calles de Madrid, contra a nova disciplina "educação para a cidadania".
Embora "principe da Igreja" tem mostrado com seu comportamento, desde bispo de Santiago, a par de uma grande iletracia cívica, uma formação telógica, pré-conciliar.
Todavia, ficamos na dúvida, nesta Espanha de mobilizações atraídas pelas doutrinas do passado, se:
Mariano Rajoy, é o primaz das Espanhas?
ou,
Rouco Varela (cardeal de Madrid), o presidente do PP?
De acordo. Mas, continuo convicto que os abortos a que se refere combatem-se com a "educação para a cidania" e com a "educação sexual" nas escolas e no meio familiar.
Não de joelhos na sacristia... ou em "peregrinações" político-religiosas.
Não é legítimo manifestar-se por posições antagónicas das que defendemos?
Razoabilidade precisa-se.