O drama pungente dos Yazidis
No norte do que foi o Iraque, que os cruzados de Bush, Blair, Aznar e Barroso deixaram à mercê das lutas tribais e de ódios religiosos, num país com balcanização adiada, há um povo que pratica uma exótica religião curda, de vetustas raízes indo-europeias e que crê na metempsicose.
São pobres e, ao contrário dos prosélitos, não procuram converter ninguém, passando as almas entre si por herança geracional, numa síntese de crenças com resquícios de islão, cristianismo, zoroastrismo, judaísmo e maniqueísmo, uma sopa de culturas que parece fundir as mais diversas crenças numa fé restrita para uso doméstico.
Podem encontrar-se comunidades na Arménia, Turquia ou Síria mas estão a desaparecer na emigração ou agarradas aos rebanhos no Monte Sinjar, onde os trogloditas do Estado Islâmico desejam assassiná-los, porque a pequena seita ligada ao iazdanismo, resistiu ao Islão durante séculos ou, tão só, porque o gosto do sangue é o cimento da restauração de um anacrónico califado de crentes sectários e tementes ao profeta misericordioso.
Enternecem-nos os olhos brilhantes das crianças de olhar vago, os milhares de yazidis em busca de água, o apego de muitos às cabeças de gado, a recusarem a fuga que uma aliança improvável de iraquianos, curdos, americanos e iranianos lhes oferecem através de um corredor adrede preparado.
Os yazidis não odeiam americanos nem judeus, não tomam partido pela Ucrânia ou pela Rússia e talvez desconheçam mesmo o drama da Palestina e as guerras pelo domínio do petróleo. O pequeno povo cuja pátria é a comunidade e a sua identidade um arcaísmo só por milagre pode salvar-se da barbárie que lavra na latitude onde há séculos sobrevivem e não lhes permitem continuar.
Ai de nós, que nos achamos civilizados, se deixarmos que trucidem um pequeno povo, porque com ele também expiramos na diversidade e humanidade que reclamamos.
São pobres e, ao contrário dos prosélitos, não procuram converter ninguém, passando as almas entre si por herança geracional, numa síntese de crenças com resquícios de islão, cristianismo, zoroastrismo, judaísmo e maniqueísmo, uma sopa de culturas que parece fundir as mais diversas crenças numa fé restrita para uso doméstico.
Podem encontrar-se comunidades na Arménia, Turquia ou Síria mas estão a desaparecer na emigração ou agarradas aos rebanhos no Monte Sinjar, onde os trogloditas do Estado Islâmico desejam assassiná-los, porque a pequena seita ligada ao iazdanismo, resistiu ao Islão durante séculos ou, tão só, porque o gosto do sangue é o cimento da restauração de um anacrónico califado de crentes sectários e tementes ao profeta misericordioso.
Enternecem-nos os olhos brilhantes das crianças de olhar vago, os milhares de yazidis em busca de água, o apego de muitos às cabeças de gado, a recusarem a fuga que uma aliança improvável de iraquianos, curdos, americanos e iranianos lhes oferecem através de um corredor adrede preparado.
Os yazidis não odeiam americanos nem judeus, não tomam partido pela Ucrânia ou pela Rússia e talvez desconheçam mesmo o drama da Palestina e as guerras pelo domínio do petróleo. O pequeno povo cuja pátria é a comunidade e a sua identidade um arcaísmo só por milagre pode salvar-se da barbárie que lavra na latitude onde há séculos sobrevivem e não lhes permitem continuar.
Ai de nós, que nos achamos civilizados, se deixarmos que trucidem um pequeno povo, porque com ele também expiramos na diversidade e humanidade que reclamamos.
Comentários
Estão a morrer aos magotes às mãos dos fanáticos jihadistas do ISIS que puseram o Iraque a ferro e fogo mas o massacre – segundo se entende no relatório de segurança americano – não é 'volumoso', nem interfere com os interesses yankies na região.
Só a ONU (completamente impotente através da sua descapitalizada e inoperacional ACNUR) mantem a situação nesta região do Iraque em estado de 'emergência humanitário. Tem presente a nefasta experiência dos tutsis no Ruanda...
Mais uma ‘medalha’ para tenebroso trânsito curricular de Bush, Aznar, Blair e Barroso.
Ficamos à espera que o Ocidente acabe por assimilar mais um genocídio como ‘imprevisível’ e ‘inevitável’ .
Vergonha e Nojo!