Cavaco e Silva vs Fátima Felgueiras

Há entre ambos enormes diferenças. Enquanto o passado conhecido de Cavaco é limpo, Fátima Felgueiras tem fortes indícios que apontam em sentido contrário.

Mas há uma inquietante semelhança na forma como geriram as candidaturas. Ambos andaram desaparecidos, uma por motivos policiais, outro por estratégia política.

Os dois tiveram quem, na retaguarda, lhes promovesse a imagem e alimentasse o mito. Um e outra aguardaram o momento favorável para aparecerem aos autóctones com a auréola de salvadores, reencarnações do mito sebastiânico, num país que alterna a euforia e a depressão.

Fátima Felgueiras foi recebida em delírio após a ansiedade crescente com a dúvida do regresso. Cavaco, mantendo o eterno tabu, aparece na próxima semana como se o País estivesse há dez anos à espera do regresso.

Fátima foi ovacionada porque todos se lembravam dela. Cavaco é desejado porque já muitos se esqueceram dele.

Comentários

Anónimo disse…
Simplesmente notável.
Parabéns, Carlos Esperança.

Se os marketeiros de serviço a Cavaco não o conseguirem calar seis dias e meio por semana, muitos dos que hoje despejam nas sondagens um alegre voto em S. Salvador vão ter más recordações, vão voltar a ver o filme, vão temer que desta é que o Carnaval acaba mesmo.
Anónimo disse…
CE:

Você recorda-se de quando escreveu "Os sátrapas pincharam para fora. Está vazia a gamela? É o que há. Vamos ferver o osso da pobreza, que é, desta vez, alegremente nossa? É que a mesa corrida já está posta"?
Será que ainda subscreve estas palavras de rancor aos membros do anterior governo?
Anónimo disse…
Caro Francisco S. Monteiro»

Essas palavras que refere não foram escritas por mim.

Nem a prosa nem os vocábulos são da minha lavra.

Se não mostrar onde escrevi isso tenho de concluir que se enganou, forma delicada de referir a sua citação.
Anónimo disse…
Comparar Cavaco com Fátima Felgueiras?!?!?!?!?!?!
O homem está louco!
cãorafeiro disse…
«Cavaco é desejado porque já muitos se esqueceram dele.»

é pena que já pouca gente se lembre de quando o cavaco resolveu que portugal deveria ter o mesmo fuso horário que a europa central, para 'facilitar os negócios'.

nesse ano, a minha irmã, então com 7 anos, e eu eramos obrigados a sair de casa em pelna escuridão para que ela não chegasse atrasada à escola.
Anónimo disse…
e então "cão rafeiro"???
Custa-lhe acordar cedinho é?

saía V.Exa e muitos outros...
Anónimo disse…
saía o cão rafeiro, a irmã e outros tristes como nós, porque Dom Cavaco a única coisa que que fez para nos igualar à Europa foi dar-nos o mesmo fuso horário. Com as benesses que isso trouxe para 100% da população portuguesa, nomeadamente as crianças terem de ir à noite para a escola. Numa altura em que o carro não era um objecto usual em todas as familias portuguesas, os pais eram obrigados a deixar os filhos á sua sorte noctívoga, para não chegarem atrasados aos seus empregos.
Anónimo disse…
Não quereria escrever Soares quando escreveu Cavaco?
Ah não, Sores alem de nunca ter sido mito, nunca ninguem lhe alimentou a presunção
Anónimo disse…
Cavaco: o maior político da actualidade (ler artigo de José Cutileiro no Expresso).
Fam bem a muita gente passar por lá os olhos...
Anónimo disse…
Carlos Esperança: O PASTOR PORTUGUÊS OU O GRANDE DOUTRINADOR DO POVO. Maravilha de prosápia!
Anónimo disse…
Anónimos a resvalar para o fascismo:

Não se pode defender posições diferentes das vossas?

É crime?

Têm saudades da censura e do abutre de Santa Comba?
Anónimo disse…
Não tenho saudades de qualquer forma de ditadura, nem do fascismo nem do comunismo. Nem nunca fui militante de nenhum partido desse género. VOcê por acaso foi? Ou é?
Anónimo disse…
Não, nunca fui.

Fui militante do MDP/CDE desde 1970 até 1975. Nunca aderi a qualquer partido, mas alio-me a qualquer um para derrubar uma ditadura.

O comunismo não o conheci, felizmente. O fascismo, sim. E de que maneira!

Basta a guerra colonial,os assassinatos, a tortura, o desterro e as perseguções para ficar vacinado para o resto da vida.

Quanto à China sei que uma ditadura obsoleta convive com o capitalismo mais selvagem.

É muito apreciada pelo MRPP que conta com a benevolência do PSD para arranjar assinaturas para concorrer às eleições.

O PSD é pró-comunista chinês?
Anónimo disse…
Tenha calma, homem, que Portugal é nosso.

Diz, por duas vezes, que nunca aderiu a nenhum partido e, ao mesmo tempo, diz que foi militante do MDP/CDE desde 1970 até 1975. Se alguém o compreende, eu não.

Diz que, felizmente, não conheceu o comunismo. Perdoe-me que lhe diga: o senhor é cego. Onde é que estava em 1974 e em 1975? Também me custa a acreditar que nunca tenha ouvido falar do gulag e da repressão nos países do bloco de leste. Já agora: qual era a posição do MDP/CDE (companheiro de percurso do PCP), partido no qual militou e na altura em que por lá andou, em relação a esses regimes políticos?

Parece que conhece muito bem a China e o MRPP. Não lhe fica mal, porque do MRPP saíram muitos nomes sonantes que hoje fazem parte do partido que o senhor apoia.
O PSD não é nem nunca foi pró-comunista chinês. O senhor é que coloca o PCP do lado dos bons e o PSD do lado dos maus. Eu sou mais modesto e realista: em todos os partidos existe gente boa e má. É a realidade que conheço e que não julgo.
É por estas e por outras que continuo convencido de que o senhor não passa de um pobre diabo.
Anónimo disse…
Caro anónimo que não é pobre diabo:

Depois de o ler lembrei-me de que Camilo chamou a Frei Gaspar da Encarnação «uma santa besta».

É uma expressão que não usarei para consigo, por três razões:

1 - Não o conheço;

2 - Posso ser injusto;

3 - O senhor pode não ser santo.

PS: O MDP/CDE não era um partido e as razões por que saí (em 1975, ainda Durão era do MRPP) não merece que lhas refira.
Anónimo disse…
Para o Sr. Carlos Esperança:
É óbvio que pode ter as opiniões que quiser e é óbvio que pode expressá-las. Vivemos em liberdade.
Agora também é óbvio que quem não concorda consigo - como é, quase sempre, o meu caso - também tem o direito de o contrariar, de lhe chamar a atenção para os seus erros de raciocínio, de desmontar os seus dogmas.
Também conheci o MDP/CDE. De uma forma genérica, era o lado mais intelectual-burguês do PCP.
Foi a muleta eleitoral dos comunistas, como agora o são Os Verdes, para evitar aparecer ao eleitorado com o nome (Partido Comunista Português) e com a foice e o martelo.
Lembro-me bem como o MDP/CDE (que começou por ser apenas CDE) apoiou esse grande vulto da democracia portuguesa que se chamava Costa Gomes; esse mesmo, o do "Movimento para a Paz", que nunca se pronunciou contra os atropelos aos direitos individuais nos países do lado de lá da cortina de ferro.
Lembro-me bem de 74, 75 e por aí adiante. Lembro-me de quem estava na Ponte de Santa Clara, em Setembro, armado, a impedir os cidadãos de irem à manifestação a Lisboa. Aliás, esses (a tal maioria silenciosa) eram fascistas, por isso não se podiam manifestar. (gargalhada!)
Lembro-me dos soldados, em hordas mal vestidas, a desfilar na Calçada; eram os SUV - Soldados Unidos Vencerão.
E lembro-me bem de que lado da barricada (ditadura/liberdade) o MDP/CDE se colocou.
Por isso, o MDP acabou logo que o Povo conquistou verdadeiramente a liberdade.
Porque é que não existe hoje o MDP/CDE?
(Ora aqui está um bom tema para o Sr. Esperança analisar, já que dele foi militante, evitando perder tempo com um movimento que parece não conhecer tão bem, como é o caso do MRPP - movimento a quem devemos parte do combate feito a um PCP de vocação totalitária, comandado por um Cunhal estalinista para quem Soares era um perigoso reaccionário - lembra-se?...)
Anónimo disse…
Disse-lhe que saí em 1975. Podia ter-me tornado mediástico com as razões que invoquei. A ética impediu-me.

Duas observações: uma injustiça sua para Costa Gomes, um oportunismo descarado com Mário Soares. Invoca-o quando lhe convém, ataca-o quando lhe é útil.

De resto, diz algumas verdades mas daí a concluir que Portugal viveu em regime comunista é delírio reaccionário ou manipulação histórica.
Anónimo disse…
Caro Carlos Esperança,

Costumo ser leitora assídua das suas "crónicas". Apesar de, na esmagadora maioria das vezes, as mesmas serem, em termos ideológicos, diametralmente opostas às minhas próprias opiniões, admiro-o pela sua argúcia e verticalidade.
Por isso, permito-me hoje a liberdade de lhe dizer que penso que não foi nada feliz na sua comparação. Pegar de princípio na comparação entre Cavaco Silva e Fátima Felgueiras é intelectualmente desonesto, por mais que o desenvolvimento do texto afaste do primeiro qualquer das imputações que normalmente se referenciam em relação à segunda.
Não foi bonito.
Creio, no entanto que V.ª Ex.ª, em consciência, concordará com a qualificação perniciosa deste seu texto.
Um abraço.

P.S. Repudio com veemência todos estes ataques infames de quem, como eu, não concorda com a comparação. A palavra é a melhor defesa. A ofensa é o mais vil ataque.
Anónimo disse…
«Repudio com veemência todos estes ataques infames de quem, como eu, não concorda com a comparação. A palavra é a melhor defesa. A ofensa é o mais vil ataque.»

Estimada leitora:

Subscrevo as suas palavras. Como aliás reconhece, não comparei Cavaco a Fátima Felgueiras. Limitei-me a comparar a estratégia de uma candidatura com a outra e a referir semelhanças.

Isso nada tem a ver com a integridade moral de Cavaco e Silva, que nunca pus em causa, nem branqueia os graves indícios que pesam cobre FF.

Não há, pois, qualquer comparação que belisque a respeitabilidade de CS. Assim se portassem alguns apoiantes dele com os outros candidatos.

Quanto à sua indignada reacção contra o que julga uma comparação entre duas personalidades, só tenho que a aceitar e dizer-lhe que a julgo injusta e tenho um ponto de vista diferente.

Mas ninguém é bom juiz em causa própria.

Aceite os meus cumprimentos.
Anónimo disse…
É muito curioso que a senhora leitora precedente não tenha passado de anónima. Por que será?
Anónimo disse…
É realmente muito estranho que a senhora que enviou a mensagem ao CE não se tenha identificado. Para mais, manda-lhe um abraço. Estranho, não é?
Acontece também que nesta posta já vão dois anónimos a elogiar o CE.
Por que será? Será que ainda vamos a tempo de conhecer os nomes dos autores dos textos?

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