Abril, Abril, Abril...


Há quem, sendo quem é, esqueça a quem o deve. Há pessoas que Abril fez gente e, se pudessem, retiravam o dia 25 ao mês e suprimiam Abril do calendário.

Há quem exonere da lapela o cravo e da memória a Revolução, parasitas de alheia coragem, a comer frutos da árvore que não plantaram e a repoltrearem-se à farta na mesa que não puseram.

Há quem cavalgue a onda da democracia com ar de enfado e sinta azia com as madrugadas. São os chulos da democracia, proxenetas da liberdade.

Há quem esqueça que há 32 anos alguém arriscou a vida para nos devolver a honra, pegou em armas para nos dar a paz, derrubou uma ditadura para trazer a democracia.

Há quem despreze Salgueiro Maia, Melo Antunes, Vasco Gonçalves e Carlos Fabião, quem se esqueça de recolher uma pétala vermelha de um cravo de Abril em memória dos que partiram.

Não sei se a Pátria recordará, como merecem, os que fizeram Abril mas certamente há-de esquecer os parasitas que medram à sua custa e olham o umbigo do seu narcisismo de costas para quem, há 32 anos, plantou nos canos das espingardas cravos.

Glória eterna aos capitães de Abril.

Comentários

Anónimo disse…
• MADEIRA
Jardim apoia decisão de não comemoração do 25 de Abril
O presidente do Governo Regional da Madeira está de acordo com a decisão de a Assembleia Legislativa da Madeira não comemorar o 25 de Abril. Num artigo de opinião, Alberto João Jardim atacou os que críticos desta medida chamando-lhes «ayatholas do 25 de Abril» e «hipócritas».

( 12:47 / 04 de Abril 06 )




O presidente do Governo Regional da Madeira apoia o facto de a Assembleia Legislativa da região ter decidido não comemorar o 25 de Abril, apesar de entender que a autonomia das regiões autónomas ser uma das «bem conseguidas consequências» da revolução.

Num artigo de opinião publicado no «Jornal da Madeira», Jardim afirma que a Assembleia Legislativa «decidiu, e bem, não proporcionar o espectáculo hipócrita que, em Lisboa, leva ao orgasmo parolo dos que evocam Abril, mas pouco ou nada fizeram para que a Revolução dos Cravos correspondesse às legítimas expectativas dos portugueses».

Alberto João Jardim chama mesmo de «ayatholas do 25 de Abril», «hipócritas» e «sacerdotes fundamentalistas do regime» aqueles que criticaram esta decisão da Assembleia Legislativa.

O presidente do Governo Regional foi ainda mais longe ao dizer que estes são «iguaizinhos aos tipos do regime do 28 de Maio».

«Evoca-se o 25 de Abril para logo a seguir o negar, recusando a liberdade regional de seguir o respectivo percurso político, recusando a liberdade de fazer ou não fazer sessão comemorativas hipócritas, recusando a própria liberdade fundamental de ter entendimento regional sobre a Constituição da República», acrescentou.

João Jardim diz mesmo que nestas «sessões comemorativas» onde se «misturam democratas e anti-democratas» fazem-se «proclamações em continuidade efectiva».

No artigo, o governante escreve também que o país «está afogado em problemas devido também às derivas que o 25 de Abril sofreu, desde a tentativa, logo a seguir, de instaurar uma ditadura comunista que trouxe os custos que ainda hoje pagamos, até à decadência corporativista e anti-democrática em que o regime definha».

LUSA 25 Abr 2006
Anónimo disse…
Declarações de Carlos Azeredo ao DN-Madeira:

"General Carlos Azeredo diz-se um «homem livre» que não tem partidos. E porque provém da cavalaria dá exemplos de cavalaria: «Dou coices à direita e à esquerda. Sempre que uma coisa está torta eu refilo». Assim não se coibiu de criticar a situação política do país e a acção dos políticos que nos levam a «apertar o cinto e a barriga».



Da mesma liberdade usou para elogiar Jardim, quando questionado sobre o papel que teve no pós-revolução, apesar de estar numa iniciativa do PP.



Alberto João Jardim «é o único português que foi a todas as eleições e nunca perdeu nenhuma. Perdeu Sá Carneiro. Perdeu Mário soares. Quase todos os políticos ganharam e perderam eleições. Ele nunca perdeu. [A Madeira] É a a área do país que está mais desenvolvida e onde se notou mais o desenvolvimento foi aqui. Gastou-se dinheiro, mas vê-se. Lá [em Portugal continental] nem sempre se vê. [Jardim] É uma força da natureza, que às vezes diz coisas com que eu não concordo. Mas que é um bom governante e um bom político, não tenhamos dúvidas», afirmou Carlos Azeredo."
Anónimo disse…
Não há "curadores" ou "guardiões" do 25 de Abril, nem "juízes" do seu percurso.
Nem mesmo os que vencem todas as eleições...!
Depois desta situação, que em termos de cidadania é vergonhosa, porque se "separa" do todo nacional, chamar "ayatholas" aos que comemoram...é de rir!
Ah! Ah! Ah!
Ficamos à espera de futuros apelos à solidariedade nacional para as regiões ultra-periféricas...
Anónimo disse…
O 25 de Abril deste ano, sugere-me a poética.
Também serve para as "peripécias" do AJJ na Madeira:

"Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’Neill, in No Reino da Dinamarca
Anónimo disse…
Zarco:

1 - Carlos Azeredo esqueceu-se de falar nas duas bofetadas que AJJ levou por ter sido incorrecto com os militares.

2 - Basta pôr os seus comentários uma única vez.
Anónimo disse…
concordo Esperança...
100% de acordo, em especial quando fala daqueles que "São os chulos da democracia, proxenetas da liberdade". Claro que se está a referir a Mário Soares e outros do género, que após o 25 de Abril "cagou" literalmente em todos os portugueses que se encontravam nas ex-colónias e levou-os a todos à ruina e a alguns à morte...
Vivam os capitães de Abril, vivam todos os que lutaram por esta data.
Abaixo os Chulos que dela se aproveitaram e levaram á morte inocentes, leia-se mário soares
Anónimo disse…
...Mas o Almeida Santos " fugiu" a tempo...Pois, meras guerras de guerrilha, sem importância...
Anónimo disse…
Anónimo das 3:19 PM

Não me estava a referir a Mário Soares que foi deportado para S. Tomé e viveu o exílio.

Não podia referir-me a quem os portugueses quiseram para primeiro-ministro e PR em eleições livres.

Estava a referir-me a si próprio, caro leitor, e a outros cujo amor à democracia se nota.

Referia-me a todos os crápulas para quem o sufrágio universal é menos importante do que a sua raiva.
Anónimo disse…
Você além de parvo é Burro, ou então não sabe ler!
Eu disse claramente que sou a favor do 25 de Abril e da liberdade. Sou militante do Partido Socialista como você seu anormal.
Não lhe admito que diga palavras como "Estava a referir-me a si próprio, caro leitor, e a outros cujo amor à democracia se nota" ou "Referia-me a todos os crápulas para quem o sufrágio universal é menos importante do que a sua raiva."
Vou fazê-lo engolir essas palavras, pois, deixei tudo em Angola, andei e ainda ando em Psiquiátras, mas garanto-lhe, que partir-lhe a cara vai ser a minha melhor terapia!
Anónimo disse…
Caro anónimo das 12.01 AM:

Parece-me haver um lamentavel erro no seu posicionamento:
o objectivo major
do 25 de Abril foi a descolonização. Não terá corrido bem. Foi feita à pressa e a más horas. Mas o grande responsável por isso foi o regime ditatorial de Salazar/Caetano que prolongou inultilmente - e contra o Mundo - uma guerra colonial. Isto, com a morte e o estropiamento de jovens portugueses, indubitavelmente, um património mais valioso do que os bens materiais (seus e de muitos) que ficaram nas colónias.
Portanto, ao "estar" com os capitães de Abril, como afirma, teria de esperar isso. A democracia em Portugal não era possível sem a descolonização. Todos sabíamos que esse passo envolveria pesados custos.
Portanto, não vale a pena deslocar o alvo do seu inconformismo para o Mário Soares e muito menos para o Carlos Esperança que, segundo creio, não teve responsabilidades directas na descolonização.
Finalmente, o tom e os contornos da contestação é, em meu entender, absolutamente, inapropriado. Os diferendos, em democracia, não se resolvem desse modo.
Anónimo disse…
Este texto foi publicado no Expresso de hoje, 29-04-06

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