Interrupção Voluntária da Gravidez


À medida que se aproxima a data do novo referendo regressam os argumentos velhos e novas manifestações de intolerância.

Enquanto o Patriarca Policarpo opta por uma posição civilizada, para evitar a crispação, o bispo de Braga, fazendo jus à tradição da diocese, já ameaçou com posições radicais e uma cruzada trauliteira.

Não está em causa a obrigatoriedade de interromper a gravidez ainda que resultante de uma violação. Qualquer mulher continuará livre para suportar um feto mal-formado ou que ponha a sua vida em risco, se for a sua vontade, nas posições já descriminalizadas.

O que se pede aos portugueses é que expressem, fora dos casos referidos, se pretendem a prisão para uma mulher que interrompe voluntariamente a gravidez ou que esse acto deixe de ser considerado crime.

A eventual descriminalização da IVG não impõe normas de conduta, apenas impede a perseguição policial e judicial.

A decisão é um problema de consciência que todos devemos amadurecer. De um lado e de outro estão portugueses com opções respeitáveis. A defesa das nossas convicções é um dever de cidadania e um direito democrático.

Eu defendo que ao sofrimento da IVG não se deve acrescentar a devassa da vida íntima, impor escutas telefónicas, obrigar as mulheres a humilhantes exames ginecológicos e, por fim, levá-las a julgamento e sujeitá-las a prisão.

Assim, votarei no sentido da descriminalização da interrupção voluntária da gravidez.

Comentários

Anónimo disse…
Não porque seja igualmente a favor da despenalização, mas porque este texto me parece que entendeu o cerne da questão e é formativo/ informativo. Espero que a discussão avance por estes caminhos e que as pessoas entendam o que está em causa. Quanto a posições eticamente reveladoras de desonestidade intelectual, porque desviam a questão para campos de discussão que apenas castram o que está em causa neste referendo.
Vítor Ramalho disse…
Porque sou pela vida. Vou votar contra.
Anónimo disse…
Também concordo que o aborto deve ser despenalizado senão vejamos:

Se, os filhos indesejados continuarem a nescer, iremos ter num futuro próximo abortos vivos como um tal de Carlos Esperança
Anónimo disse…
Deve existir o direito á escolha, porque nós não sabemos a vida das pessoas, para muitas terem que recorrer ao aborto; não gosto de apotar o dedo e fazer juízos de valor.

Quem não quer ter um filho, não o terá, e o problema é que os abortos continuam a ser feitos em vãos de escada, provocando graves lacunas e degradando primariamente a sociedade.

Uma vergonha, que os países mais evoluídos já reparam, permitindo a interrupção em hospitais e com segurança.

Ou continuamos a esconder o problema, porque não o sabemos enfrentar (como em tudo neste país), ou tentamos resolvê-lo de frente, com uma educação responsável para a questão.

Diogo.
Anónimo disse…
Só o homem é que não pode abortar...
Vítor Ramalho disse…
A teoria do direito à escolha é mais uma balela sem sentido.
Direito à escolha implica que o feto também a tenha, será que nunca se lembram do ser que esta na barriga da mãe.
SE VOCÊ ESTÀ A LER ISTO É PORQUE NÃO FOI ABORTADO
Anónimo disse…
Como já tive oportunidade de afirmar em anteriores comentários é necessário que este assunto em questão seja encarado com rigor e honestidade.

As recentes declarações do presidente do CDS - Ribeiro e Castro - são indiciadoras dos atropelos que, a direita conservadora e cristã, pretende imprimir ao debate.
Disse: "O que está em causa não é a interrupção voluntária da gravidez mas sim o aborto,..."
O que está em causa é a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez.

Abortada, isso sim, deve ser a intenção do lider do CDS de aproveitar qualquer oportunidade para achincalhar as mulheres portuguesas.
Usa a palavra "aborto" para conferir ao debate uma conotação depreciativa.

Será de esperar que num eventual projecto legal sobre homosexualidade, este senhor, queira usar os seguintes termos:

-"projecto-lei sobre a paneleiragem e a fufice"

A Interrupção Voluntária da Gravidez, antes dos imperiosos dogmas que a Direita pretende introduzir nesta questão, deve ser discutida com dignidade.
E isso ou se têm, ou faz falta...
Anónimo disse…
"A teoria do direito à escolha é mais uma balela sem sentido.
Direito à escolha implica que o feto também a tenha, será que nunca se lembram do ser que esta na barriga da mãe."

O feto não tem, porque é um feto: um ser que ainda não é uma criança (não possui características para o ser) e que não sobrevive sozinho, por isso não pode auferir dos mesmos direitos que uma pessoa.

É o mesmo que dizer que uma lagarta é uma borboleta, só porque um dia poderá chegar a sê-lo (apenas uma comparação).

"SE VOCÊ ESTÀ A LER ISTO É PORQUE NÃO FOI ABORTADO"

Verdade. Mas fui desejado.

Diogo.
Anónimo disse…
Apesar de elucidativo acho que o Carlos Esperança não referiu uma coisa importante:

É que despenalizando o crime o Estado terá forçosamente de disponibilizar recursos hospitalares para se fazerem abortos! Não se trata apenas de não mandar a mulher para a cadeia masm mais do que isso, legalizar e facilitar a pratica do aborto.
Anónimo disse…
Começou a guerra.
A nossa Cruzada será implacável!
Contra as abortadeiras/galdérias, contra a cultura de morte, pelos valores morais da ancestral cultura católica da Nação Portuguesa, pelas crianças, contra o genocídio de inocentes...
PELA VIDA, EU DIGO NÃO!
Anónimo disse…
Pai de família:

Penso que o seu pseudónimo esconde um padre ou, pelo menos, um diácono.

O terrorismo com que ameaça não é a forma serena de discutir um importante problema de saúde pública.

Cuide da salvação da sua alma mas deixe aos outros a liberdade de o fazer ou não.
Anónimo disse…
Sr. Carlos Esperança:

Pois sim, pois sim...
Se há almas que, sozinhas não conseguem, teremos nós, os católicos, de as orientar no bom caminho, de lhes mostrar a luz e o valor inquestionável da Vida Humana, neste caso.
É uma missão que nos cabe. Não raras vezes com muito sacrifício, sabe?
Mas faz parte da nossa passagem por este Mundo, o sacrifício e a enorme dignidade e gratificação do dever cumprido: iluminar os desencaminhados.

Terrorismo?
Chama V. Exia. terrorismo à defesa intransigente da vida?
Vítor Ramalho disse…
O aborto é a principal causa de morte em Espanha.
Anónimo disse…
Pai de Família, vai empanturrar-te de hóstias e vinho tinto rasca.
Em que mundo vives pá?
Século 21, já te apercebeste?
Anónimo disse…
Depois da interrupção voluntária da gravidez, os casamentos gay... a espécie continuará in vitro.

Valha-nos quem pode...
Anónimo disse…
«O aborto é a principal causa de morte em Espanha».

RE: Onde foi recolhida tal informação?

É invenção ou delírio de quem a divulgou?
É de tal modo absurda que, embora sem elementos estatísticos disponíveis, atrevo-me a dizer que é falsa.

Aliás, a morte por aborto é superior nos países onde é proibido.
Anónimo disse…
O que o Sr. Víctor Ramalho refere pode ter algum sentido.
Senão, vejamos:
Se adicionarmos os abortos e os consequentes bebés bárbaramente assassinados aos outros homicídio, quantos seres humanos temos?
Muitos, sem dúvida.
É só fazer a contabilidade de homicídios, sejam eles impunes ou não.
Quem assassina através de aborto deveria ser condenado à morte!
Anónimo disse…
Meu Deus!!!!
Tanto disparate junto diz este 'pai de família'...
Que de pai de família não deve ter nada!
Anónimo disse…
Esta é para o Diogo e todos os Diogos de Portugal
Primeiro parabéns por participarem neste debate
Seja qual forem as convicções não podemos deixar passar uma questão destas como se não tivéssemos nada a ver
Todos temos obrigação , quando nos chamam, a tornar o nosso país melhor para os que cá ficam
Concordo que temos que nos informar e não ser radicais e insensíveis, essas pessoas são insensíveis

Temos que olhar para 3 perspectivas deste novo projecto de lei que vai agora a referendo

1 – Nas mulheres que abortam. Tem direitos sobre o seu corpo. Como diz o Diogo, ninguém sabe a razão por que o fazem e não devemos julgá-las individualmente.
Será que as estamos a defende-las ou a ataca-las com esta nova lei?

2 – O feto. Quando é que é considerado ser humano? Temos que ser claros nesta definição. Um bebé quando nasce também não fala, depende da mãe para viver. Qual é a diferença entre os 3 meses e os 3 meses e 1 dia?

3 – Que vantagens e consequências traz esta nova lei. De momento só vemos as vantagens. E as consequências?

Que bom teres sido um bebé desejado mas pergunta á tua volta aos que mais gostas e até aos teus pais se todos eles foram desejados
Se sim ,vivemos no paraíso, se não ,será que desses indesejados, preferias que nunca tivessem existido todos eles?

Penso que ninguém quer o apuramento da raça. Só devem viver os desejados??

Devemos ajudar as mulheres a evitarem os filhos não a matá-los

Falo porque passei por um aborto feito num hospital dentro da legalidade.
Ainda hoje não consigo ter filhos e estou a ser tratada num psicólogo pela culpa que sinto. Por hoje não poder ter nos meus braços um filho que com defeitos tinha direito a viver. Poderia se chamar Diogo

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