Nicarágua – Protectorado do Vaticano
O Parlamento da Nicarágua aprovou um projecto de lei que proíbe o aborto terapêutico.
Interrompe-se, assim, um acto que, por indicação médica, se praticava legalmente há mais de um século.
A medida, instigada pela Igreja Católica, está a levantar um coro de protestos, mas fica a ideia de que, quando a correlação de forças lhe é favorável, a Igreja impõe às mulheres a obrigação de parir, ainda que no ventre esteja um ser com deformidades incompatíveis com a vida, um feto com espinha bífida ou mongolóide.
Nem mesmo o perigo de vida da mulher demove os padres, que jamais serão mães.
Depois acusam de jacobinismo os que, conhecendo a felicidade de ser pai ou mãe, não querem que se persigam as mulheres que não têm resistência psicológica para suportar uma gravidez indesejada.
A maldade humana está onde menos se espera. Este retrocesso legislativo é uma afronta às mulheres de todo o mundo.
Interrompe-se, assim, um acto que, por indicação médica, se praticava legalmente há mais de um século.
A medida, instigada pela Igreja Católica, está a levantar um coro de protestos, mas fica a ideia de que, quando a correlação de forças lhe é favorável, a Igreja impõe às mulheres a obrigação de parir, ainda que no ventre esteja um ser com deformidades incompatíveis com a vida, um feto com espinha bífida ou mongolóide.
Nem mesmo o perigo de vida da mulher demove os padres, que jamais serão mães.
Depois acusam de jacobinismo os que, conhecendo a felicidade de ser pai ou mãe, não querem que se persigam as mulheres que não têm resistência psicológica para suportar uma gravidez indesejada.
A maldade humana está onde menos se espera. Este retrocesso legislativo é uma afronta às mulheres de todo o mundo.
Comentários
Viva o obscurantismo.
Este caso é mais escabroso do que pode parecer à primeira vista.
Para além do oportunismo da Igreja que forçou tal votação, há outros factores a considerar.
A Nicarágua sendo um País maioritariamente católico (>80% da população) os parlamentares, antes das presidenciais que se aproximam (Nov), "acederam" mudar a lei, sob visível pressão da Igreja. Esta tentou quase um regresso à Idade Média, defendendo uma crimanilização (para as mulheres e para os médicos) superior a 30 anos de prisão!. Finalmente, a "violência de uma nova crucificação" não venceu e, por enquanto, continuam a vigorar penas de 6 anos.
Um clima de intimidação e terror assente em conceitos religiosos atravessa a sociedade nicaraguense. A tal ponto que o Partido Sandinista, de Esquerda, apoiou esta diabolização da lei do "aborto", com receio da reacção do eleitorado católico.
Daniel Ortega é o seu candidato à presidência, aparecendo bem colocado na disputa leitoral. Foi, nos anos 80, um arreigado crítico das constantes intromissões da Igreja na política nicaraguense. Presentemente reconciliou-se com a Igreja e, hoje, ao contrário de então, é um feroz opositor da IVG.
As voltas que o Mundo dá ou como a política exige coluna vertebral aos seus protagonistas, para não se tornarem fantoches.
A votação parlamentar motivou protestos de populares frente ao Congresso.
Segundo os manifestantes, a aprovação da lei será uma "pena de morte" para, por exemplo, as 400 mulheres que cada ano, sofrem de gravidez ectópica.
Associações médicas e representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) manifestaram preocupação perante este grave atropelo humanitário.
A Igreja, na Nicarágua, conseguiu politizar o debate e entrosá-lo nas próximas eleições presidenciais. Actua, aqui e acolá, conforme lhe convém - com tácticas à medida das circunstâncias. Aqui, pede para o debate não ser politizado ou partidaziado. Lá, foi como se viu. Mas, no fundo, a estratégia é sempre a mesma. Acrescida, da bi-milenar maestria de lidar e explorar o medo.
Até quando?