A democracia e o véu
Depois da inaceitável indulgência com os pregadores do ódio nas mesquitas, situação que, por exemplo, não seria permitida – e bem – a dirigentes políticos, a Inglaterra já autoriza as escolas a proibir o uso do véu islâmico dentro dos estabelecimentos de ensino.
Há quem se oponha a esta decisão, em nome da democracia e da liberdade individual, acusando os opositores de intolerância. Esquecem-se de que a Europa tem vivido em paz graças à laicidade do Estado que jovens muçulmanas desafiam, estimuladas pela família e pelos pregadores religiosos. Os constrangimentos sociais e o domínio sobre as mulheres são de molde a impor-lhes o símbolo da sua própria escravidão.
Só a França (até quando?) sobrepõe os direitos de cidadania aos desejos dos clérigos das diversas religiões. No exercício de funções públicas ou frequência de escolas do Estado não são permitidos os hábitos das freiras, as sotainas ou o véu islâmico. Alguém, de boa fé, nega a liberdade religiosa francesa?
Ninguém duvida do proselitismo que devora as diversas confissões, todas desejosas de convencer os ímpios da bondade do seu Deus e da única forma de salvação eterna - a sua -, impondo-a, se puderem, mesmo a quem a dispensa.
Sendo o Estado incompetente para se pronunciar sobre as convicções pessoais, só lhe resta manter a neutralidade que permita a efectiva liberdade religiosa e impedir que qualquer religião se aproprie de forma definitiva e permanente do espaço público.
Londres só agora começa a sentir o perigo do proselitismo e a reagir às provocações que faz uma multinacional do ódio que se serve de jovens com forte dependência da família, do clero e da tradição.
Desacreditar da superioridade moral da democracia em relação à teocracia e dos Estados laicos face aos confessionais, é renunciar à defesa dos direitos humanos sob o pretexto de cumprir a vontade de Deus.
Há quem se oponha a esta decisão, em nome da democracia e da liberdade individual, acusando os opositores de intolerância. Esquecem-se de que a Europa tem vivido em paz graças à laicidade do Estado que jovens muçulmanas desafiam, estimuladas pela família e pelos pregadores religiosos. Os constrangimentos sociais e o domínio sobre as mulheres são de molde a impor-lhes o símbolo da sua própria escravidão.
Só a França (até quando?) sobrepõe os direitos de cidadania aos desejos dos clérigos das diversas religiões. No exercício de funções públicas ou frequência de escolas do Estado não são permitidos os hábitos das freiras, as sotainas ou o véu islâmico. Alguém, de boa fé, nega a liberdade religiosa francesa?
Ninguém duvida do proselitismo que devora as diversas confissões, todas desejosas de convencer os ímpios da bondade do seu Deus e da única forma de salvação eterna - a sua -, impondo-a, se puderem, mesmo a quem a dispensa.
Sendo o Estado incompetente para se pronunciar sobre as convicções pessoais, só lhe resta manter a neutralidade que permita a efectiva liberdade religiosa e impedir que qualquer religião se aproprie de forma definitiva e permanente do espaço público.
Londres só agora começa a sentir o perigo do proselitismo e a reagir às provocações que faz uma multinacional do ódio que se serve de jovens com forte dependência da família, do clero e da tradição.
Desacreditar da superioridade moral da democracia em relação à teocracia e dos Estados laicos face aos confessionais, é renunciar à defesa dos direitos humanos sob o pretexto de cumprir a vontade de Deus.
Comentários
«...em todas as religiões semitas...»
Diz muito bem.
Mas uma coisa me surpreende: até nas forças policiais londrinas, os hindus exibem o seu característico turbante.
Como conciliar uma coisa com a outra?
Tem razão. A Inglaterra resistiu a expulsar os pregadores do ódio e a julgá-los, por serem religiosos.
Não teria sido tão benevolente para partidos políticos.
É este tratamento desigual que começa a ser posto em causa.
Em nome da liberdade não se pode deixar exibir provocatoriamente a suástica, por exemplo.
Às mulheres islâmicas vivendo em sociedades ocidentais não deveria igualmente permitir-se a preferência pela sombra do véu?
Não me diga que nos países islâmicos uma mulher pode circular livremente como anda habitualmente vestida na Europa?
Refiro-me às teocracias onde o regime laico é tão detestado como o toucinho.
Mas os países laicos, como a Turquia, e o Iraque antes da invasão aliada, só são laicos pela força.
O islão, tal como as outras religiões, só toleram a democracia e a liberdade dos costumes, quando a sociedade tem mais força do que o clero.
O véu, p. exº., tem outras implicações e fundamenta-se em anacrónicos preceitos (neste caso religiosos). Que "chocam" com a nossa concepção de sociedade.
Por cá, devemos dar a cara, e algumas vezes, inopinadamente, lá damos também o corpo...ao manifesto.