Acordo sobre a presidência da UE - um desaire que hipoteca o futuro da Europa
O primeiro presidente da EU será Herman Van Rompuy que exercia , até ao momento, o cargo de primeiro-ministro belga.
É, reconhecidamente, um "conciliador" de causas perdidas. Durante o seu mandato conseguiu, de algum modo, amenizar, no seu País, os permanentes conflitos entre os povos de origem francófona e flamenga. Levou quase um ano a formar o último governo belga, o que uma vez conseguido, termina com a sua partida para a EU. É, neste campo, um partenaire da "linha" Barroso…
Pertencendo à família política democrata-cristã, para além desta intervenção na concertação dos quase insanáveis diferendos entre as diferentes comunidades étnicas que co-habitam (mal) o reino belga, pouco se conhece das suas qualidades políticas.
É um homem apagado, sem carisma.
Mais. Como político para salvar a permanência no Poder não hesitou em renegar compromissos eleitorais do seu partido permitindo o desmembramento do circulo eleitoral de Bruxelles-Hal-Vilvorde (BHV), um compromisso histórico saído da Revolução Belga de 1830 (que conduziu a Bélgica a tornar-se independente dos Paises Baixos).
É este homem sem princípios, sem verticalidade que, em conluio com Barroso, dirigirá a UE, presidindo ao Conselho Europeu.
A sua indigitação é o resultado de intensas negociações no seio da EU que tiveram uma única virtude: afastar o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair desta disputa. Seria, aviltante que no triunvirato que comandará os destinos da UE, convivessem, lado a lado, Blair e Barroso, dois acérrimos apoiantes da política externa neo-conservadora americana e, consequentemente, lídimos defensores da invasão do Iraque.
A necessidade deste triunvirato integrar uma mulher, acrescida da cedência da Grã-Bretanha em relação a Blair, trouxe para a ribalta política a baronesa Catherine Ashton, para responsável pela política externa da UE. A baronesa britânica tem um percurso político errático tendo “passeado” pela Câmara dos Lordes e pela Câmara Alta do Parlamento do Reino Unido, já trabalhava na CE presidida por Barroso. Agora será Alto-representante para a política externa da UE e vice-presidente da Comissão.
Teve como Comissária do Comércio um papel discreto, mas ao nível de política externa e prestígio internacional é uma ilustre desconhecida…e, com certeza, demonstrará um olímpica ignorância em relação às relações internacionais onde a UE deverá ter um importante papel. Aguardemos.
Há, todavia, uma percepção que atinge a generalidade dos europeus:
A UE merecia outra sorte!
Comentários
O problema do círculo BHV é recorrente, e envenena desnecessariamente o diálogo entre as duas comunidades.