Notas Soltas - Novembro/2009

Público – Desacreditado por José Manuel Fernandes, que publicou recados com intenções dúbias e interferiu nas campanhas eleitorais, preferindo boatos a factos, cabe agora a Bárbara Reis a difícil tarefa de lhe devolver credibilidade.

Tratado de Lisboa – A aprovação deste importante instrumento, bloqueado pela chantagem do presidente checo, abre novos horizontes a uma maior coesão económica, social e política da União Europeia.

Casamento homossexual – Não se pede a bênção para a união entre indivíduos do mesmo sexo, apenas se deseja igualdade perante a lei para a minoria que a reclama e que, no passado, foi discriminada e perseguida.

PR – Não surpreende a perda de popularidade na sequência do escândalo das escutas, de acordo com as sondagens. O que admira é a que ainda conserva e como tudo se esquece tão depressa.

Crucifixos – O fim dos símbolos religiosos nas escolas do Estado não é apenas uma exigência da laicidade, é o reconhecimento da liberdade de religião e do direito dos pais a escolherem a orientação do ensino que pretendem para os filhos.

Vaticano – A admissão de padres e bispos anglicanos, casados, é a oportunidade de receber o clero mais conservador e alguns fiéis que se convertem ao catolicismo por não aceitarem o casamento de homossexuais e a ordenação de mulheres.

Muro de Berlim – O obstáculo à reunificação dos alemães, derrubado há vinte anos, provou que não há muros perpétuos nem dificuldades que a vontade dos povos não superem. Desde então mudou muito a geopolítica mundial, nem sempre para melhor.

Corrupção – A extensão e profundidade do fenómeno é a mancha de óleo que alastra, envergonha e corrói os alicerces da democracia pondo em causa o regime e o futuro do Estado de direito.

Segredo de Justiça – A violação, quase sempre cirúrgica e com efeitos políticos demolidores, revela o carácter de quem a viola, a coberto do anonimato, e a falta de escrúpulos de quem participa na conspiração contra as instituições democráticas.

Crise – O fim que se anuncia não passa da precária retoma mundial num planeta exausto, incapaz de suportar 6,7 mil milhões de pessoas e de garantir a todas a satisfação das simples necessidades básicas.

Terrorismo religioso – É altura de nos interrogarmos se os crimes são praticados por quem interpreta mal os livros sagrados ou por quem os leva demasiado a sério. Neste caso, é preciso vigiar e conter a devoção.

Ciência – A descoberta de água na Lua é um notável achado da ciência mas a falta de água na Terra é uma tragédia que se agrava sem solução à vista.

Desemprego – Sendo o trabalho um bem cada vez mais escasso, é altura de o distribuir e de reduzir drasticamente as diferenças salariais e os privilégios de que alguns beneficiam de forma obscena.

Fascismo – Ao contrário da Alemanha, face ao nazismo, a Itália nunca ajustou contas com o passado e este está a ressurgir em força, com o beneplácito de Berlusconi, numa escalada racista que atinge, com especial crueldade, os ciganos.

União Europeia – A escolha de Van Rompuy para presidir ao Conselho Europeu e de Catherine Ashton, para chefiar a política externa –, personalidades cinzentas e sem chama –, foi a decepção que o Tratado de Lisboa não merecia, mas o projecto europeu é indispensável para ombrear com os EUA e a China. Por ora, é o triunfo dos neocons.

Rússia – O Tribunal Constitucional pronunciou-se contra a reintrodução da pena de morte, mesmo depois de ter caducado a moratória em vigor, num acórdão que honra os juízes e é motivo de júbilo para a Humanidade.

Casa Pia – Cinco anos após o início do processo judicial, ninguém se preocupa já com as vítimas, curiosamente só do sexo masculino, nem com o destino dos acusados, mas decapitou um partido político e impediu Ferro Rodrigues de ser primeiro-ministro.

Gonçalves Cerejeira – A inauguração da estátua, em Almada, foi a homenagem ao cardeal, cúmplice de Salazar, que apoiou a guerra colonial e ignorou o exílio do bispo do Porto, as perseguições da PIDE ao bispo da Beira e os crimes da ditadura.

Jaime Gama – A actuação da segunda figura do Estado constitui um exemplo de inteligência e bom senso quando o ruído mediático abala as instituições. Portugal pode precisar dele, da sua vasta cultura e experiência política, para outros voos.

Organização Mundial de Saúde – A gripe H1N1, a pandemia colocada no grau máximo do perigo de contágio, tornou-se, de facto, perigosa. Será grave para a saúde ou para a reputação da OMS que pode ver a sua credibilidade ferida.

Assembleia da República – É difícil prever quem sairá beneficiado das eleições legislativas que se avizinham e é fácil perceber que nenhum Governo resiste à coligação de todos os partidos à sua direita e à esquerda. A economia derrapa e o País afunda-se.

Justiça – Os sindicatos de magistrados são uma aberração a que urge pôr termo em sede de revisão constitucional. A linguagem e conduta dos seus líderes são uma fonte de perturbação e motivo de desconfiança dos cidadãos na independência dos tribunais.

Melo Antunes – A homenagem ao notável intelectual, militar e patriota, no 10.º aniversário da sua morte, não foi só um acto de gratidão ao herói de Abril, foi um dever cívico que deslustra quem, tendo obrigação de o cumprir, o enjeitou.

Comentários

Anónimo disse…
a Espanha também não expurgou totalmente seu passado fascista... basta se lembrar que o governo espanhol reluta em processar os envolvidos com o regime.. ver o caso da historica...
Stefano:

Tem razão. Há agora uma corajosa tentativa de denunciar o passado.
Anónimo disse…
certamente o rei deve estar freiando o processo de investigação
http://www.youtube.com/watch?v=M9VcecNgImw
http://es.wikipedia.org/wiki/Injurias_a_la_Corona

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