Brasil, meu amor!

Os níveis de corrupção no Brasil são de tal modo elevados que podem atingir todos os escalões do Estado, salvo, eventualmente, o impoluto juiz Sérgio Moro.

Não serei eu que louvarei a atitude de Lula da Silva, que há muito resistia à solução que lhe evita a prisão imediata, certamente perante as câmaras de televisão, com excelentes planos adrede estudados.

Mas, quando o Juiz Sérgio Moro, segundo acabo de ler no DN, sem recriminação do jornal, divulga, à cadeia Globonews, conversas gravadas entre Lula e Dilma, fico com a impressão de que a chefe de Estado pode ser escutada por um juiz, e enxovalhada, como represália.

Quando a chefe de Estado está sujeita a escutas e represálias do juiz, não é a corrupção que se investiga, é o Estado de direito que fica refém e a democracia sequestrada.

Comentários

e-pá! disse…
A situação no Brasil caminha precipitadamente para a ruptura.
Para além de uma corrupção sistémica que não começa nem acaba no PT, nem em Lula da Silva, nem abrange somente a Petrobras, os últimos desenvolvimentos mostram que a Direita brasileira ávida de conquistar o poder perante o desnorte e os erros do PT, e a envergonhada cumplicidade do PSDB, tenta enveredar por - e apoiar nas ruas - uma perigosa deriva: a da da 'judicialização' da política brasileira.

A breve trecho teremos a 'partidarização' do sistema judiciário e o exercício de dos poderes democráticos será capturado ao Parlamento e passará a residir no Supremo Tribunal que não tem legalidade, legitimidade para tal e não está imune aos problemas e aos mesmos desvarios que presentemente aponta aos sistema político e partidário vigente e afanosamente (mas pouco equitativamente) persegue nas barras dos Tribunais.

Ontem, nos anos 60, assistimos à militarização da política , hoje, a ameaça em curso é a da judicialização. De comum entre estas duas soluções (autoritárias) é que ambas serão trágicas - quando não fatais - para o Brasil.

Ainda não existiu nenhum chefe, rei, marajá, caudilho ou generalíssimo que tivesse demonstrado a possibilidade de persistência de um regime democrático a partir do momento em que o poder judicial decide alienar (perder) a sua independência.
É por essa razão que tem existido, em Brasília, a Praça do Três Poderes...em risco de se transformar no 'campus judicial'
e-pá! disse…
Durante o dia de ontem o carrossel de providencias cautelares e respectivas anulações sobre a posse de Lula da Silva como ministro da Casa Civil da Presidência da República do Brasil é um insofismável indício do envolvimento do poder judicial num obscuro golpe constitucional.
Num Estado com Supremo Tribunal Federal e que não é capaz de pôr termo a esta bagunçada existem, com certeza outras razões por detrás. O combate à corrupção que toda a gente apoia e deseja não pode ser feito ah hoc nem funcionar como um bordão para a 'chicana' política.
A sensação que o Brasil está neste momento a transmitir ao Mundo é de que 'vale tudo'. Resta explicar porque (o mais fácil), para quê (o mais sinuoso) e como (o mais enigmático).
Mas a evidencia de golpe de Estado (o modelo e a classificação é arbitrária) tornou-se ineludível.

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