Maria Luís: Nem é Pompeia nem a Arrow Global é Clódio…

É célebre a história de Pompeia – mulher de César – e do seu apessoado pretendente Clódio. 
Não vale a pena repeti-la. Para futuro ficou a tirada de Cícero em pleno Senado romano: “à mulher de César não basta ser honesta, tem de parecê-lo…”.

Maria Luís Albuquerque parece querer assumir as vestes de Pompeia (esposa de César). Ninguém ignora que fez carreira política mexendo e remexendo em problemas de dívidas enquanto proclamava alto e bom som que a dívida era sagrada, inegociável e 'irrestruturável'.

Eis quando passado pouco mais de 2 meses de cessar funções públicas governamentais cai estrondosamente nos braços da Arrow Global. Uma empresa que se dedica ao crédito mal parado no Mundo e no nosso País. 
Ora, se existe alguém que pode ser responsabilizado pelo insuportável volume de crédito mal parado (vulgo, insolvências) é exactamente o Ministério das Finanças onde trabalhou primeiro como Secretária de Estado e depois como Ministra. Foi o tal 'ajustamento'!
 
Torna-se, pois, escabroso que neste momento se manifeste liberalmente (e também literalmente) disponível para fazer o mal e a caramunha. Mas atingindo as raiais de uma pornográfica (promiscua) irresponsabilidade foi o comunicado que Maria Luís Albuquerque, ontem, emitiu: 
"A função de administradora não executiva não tem nenhuma incompatibilidade ou impedimento legal pelo facto de ter sido ministra de Estado e das Finanças e de ser deputada. Qualquer outra leitura que possa ser feita desta nomeação só pode ser entendida como mero aproveitamento político-partidário…" link.

Alguém tem pachorra ou tempo para explicar à dita senhora (ainda deputada) que o exercício de funções públicas não depende exclusivamente do cumprimento de meras legalidades ou do contornar de incompatibilidades  formais mas outro sim de uma característica – cada vez mais rara e imperiosa – de assumir uma límpida postura ética, na ‘coisa pública’, condicente com o nosso regime, i. e., republicana.

Comentários

e-pá! disse…
Adenda:

Voltando ao início do post há uma substancial diferença entre as declarações de Passos Coelho link e de César.

César perante o julgamento por ‘sacrilégio’ recusou-se a depor sobre Clódio e expulsou Pompeia do palácio convencido da sua inocência mas rejeitando conviver com suspeições na corte imperial.

César foi uma figura imperial e tinha estatuto para cultivar destes distanciamentos...

Por cá, Passos Coelho, discorre abonatoriamente sobre o (neo) Clódio (Arrows Word) e promete uma poltrona à ‘sua Pompeia’ (Maria Luís).

É uma questão de estilo. Um é Pedro, outro foi Augusto.

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