Nicolau Bryner e o nicolauviuvismo

Nicolau Bryner foi o excelente ator e grande humorista a quem outros devem as suas carreiras. Aliou a enorme simpatia e imagem de pessoa bondosa à notoriedade que o cinema e, sobretudo, a televisão lhe deram. Eis a razão por que tantos se aproveitaram da sua morte, do PR ao edil de Serpa, dos transeuntes que a comunicação social achava aos numerosos amigos que procurou.

O País perdeu, com a sua morte, aos 75 anos, um ator de referência das telenovelas e do cinema, sem que se lhe conteste o talento e as virtudes ou recorde, sequer, o cidadão conservador que emprestou a notoriedade e simpatia ao CDS e à sua cisão reacionária, o PND.

Nicolau era o português suave, talentoso e simpático, que fez rir um país sorumbático. A sua memória permanecerá viva nos que o viram no palco e seguiram o seu percurso profissional de ator, realizador e humorista.
Só não se percebe como foi possível passar dois dias, de relevantes notícias de interesse nacional e mundial, em obsessiva e lúgubre evocação do falecido.

Os jornais fizeram primeiras páginas com o Nicolau. A RTP, a SIC e a TVI abriram os noticiários com a morte do Nicolau e dedicaram canais, em direto, a cobrir o funeral do Nicolau, onde não faltou a bandeira nacional sobre a urna. Na Antena 1 só se falava de Nicolau. Quem quisesse informar-se sobre a votação do OE-2016 e mudasse para a TSF apanhava com a morte do Nicolau. Portugal ficou viúvo. Nicolau esteve omnipresente.

Confesso que tive medo de abrir o frigorífico. Hoje não lanchei.

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