Eutanásia, hipocrisia, médicos e enfermeiros
Há dias, Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, disse num programa, na rádio, que a eutanásia já é praticada nos hospitais públicos e admitiu conhecer casos em que médicos sugeriram administrar insulina a doentes terminais, de maneira a provocar-lhes o coma e, consequentemente, a morte.
Defendendo a eutanásia e a sua legalização, entendo que, sem enquadramento legal, a mais generosa das intenções permanece crime e esperei que a Ordem (OM) reagisse às afirmações que a bastonária veio a esclarecer/corrigir para se furtar a sanções penais.
De facto, no dia seguinte, o bastonário da OM, que tem introduzido no debate posições pias, exigia a averiguação de tais afirmações e de vários lados se exigiu – e bem –, um inquérito aos factos e, com o habitual exagero, o julgamento sumário da bastonária da OE.
No sábado, Pereira Coelho, o pai da fertilização in vitro em Portugal, reputado médico, veio à RTP assumir ter visto casos de eutanásia e que ele próprio interveio no fim da vida do próprio pai. Quem conhece o Dr. Pereira Coelho, a sua honestidade e o carinho que devotava ao pai, médico na Covilhã, há de ter-se sensibilizado com o testemunho. É um homem sensato e sensível e foi magoado o testemunho, mas falta a legalização que evite a um doente terminal, em sofrimento insuportável, a condenação à vida.
O Dr. Pereira Coelho declarou: «Posso dizer que já assisti a alguns casos destes na vida profissional nos hospitais. E posso dizer que fora da minha responsabilidade, no serviço de ginecologia e obstetrícia, em circunstâncias que vão chocar as pessoas, eu colaborei quando foi da morte do meu pai, que foi uma morte muito arrastada, prevista para curto prazo.» [sic].
Lamentavelmente, o bastonário da OM, tão célere contra a bastonária da OE –, como devia –, em relação ao médico Pereira Coelho, veio dizer que «foi mal interpretado».
Esta hipocrisia e os preconceitos religiosos, ou outros, continuam a travar a legalização e regulamentação da eutanásia, obrigando a prolongar a vida de quem já não suporta o fardo e pede o fim do sofrimento.
Nota: O último parágrafo foi substituído às 23H00.
Defendendo a eutanásia e a sua legalização, entendo que, sem enquadramento legal, a mais generosa das intenções permanece crime e esperei que a Ordem (OM) reagisse às afirmações que a bastonária veio a esclarecer/corrigir para se furtar a sanções penais.
De facto, no dia seguinte, o bastonário da OM, que tem introduzido no debate posições pias, exigia a averiguação de tais afirmações e de vários lados se exigiu – e bem –, um inquérito aos factos e, com o habitual exagero, o julgamento sumário da bastonária da OE.
No sábado, Pereira Coelho, o pai da fertilização in vitro em Portugal, reputado médico, veio à RTP assumir ter visto casos de eutanásia e que ele próprio interveio no fim da vida do próprio pai. Quem conhece o Dr. Pereira Coelho, a sua honestidade e o carinho que devotava ao pai, médico na Covilhã, há de ter-se sensibilizado com o testemunho. É um homem sensato e sensível e foi magoado o testemunho, mas falta a legalização que evite a um doente terminal, em sofrimento insuportável, a condenação à vida.
O Dr. Pereira Coelho declarou: «Posso dizer que já assisti a alguns casos destes na vida profissional nos hospitais. E posso dizer que fora da minha responsabilidade, no serviço de ginecologia e obstetrícia, em circunstâncias que vão chocar as pessoas, eu colaborei quando foi da morte do meu pai, que foi uma morte muito arrastada, prevista para curto prazo.» [sic].
Lamentavelmente, o bastonário da OM, tão célere contra a bastonária da OE –, como devia –, em relação ao médico Pereira Coelho, veio dizer que «foi mal interpretado».
Esta hipocrisia e os preconceitos religiosos, ou outros, continuam a travar a legalização e regulamentação da eutanásia, obrigando a prolongar a vida de quem já não suporta o fardo e pede o fim do sofrimento.
Nota: O último parágrafo foi substituído às 23H00.
Comentários
E a partir daí começam os problemas (legais, de consciência, éticos e até religiosos...).
Não é fácil fragmentar em particularidades ou unir em consensos tantos e dispares parâmetros.
A análise e ponderação sobre a Eutanásia será sempre muito longa, difícil e sinuosa. Existem muitos e variados casos particulares que são 'experiências', singulares (embora de um realismo traumático) mas que pouco ou nada contribuem para a abordagem global do problema
Não podem ser admitidos (como alguns sectores pretendem) diktats, pois já basta o incontornável diktat da morte.