Notas soltas – março/2016
EUA – Donald
Trump, o Le Pen americano, é misógino e racista. Defende a tortura e o
assassinato das famílias dos terroristas como profilaxia e terapêutica do
terrorismo. É o imbecil, demente e perigoso, que atrai eleitores embrutecidos e
medrosos. Trágico!
Coreia do Norte –
No país, onde a exótica monarquia dirige a mais obscura ditadura do Globo, Kim
Jong-un responde com a ameaça nuclear às sanções da ONU. Não podemos continuar
reféns da esquizofrenia de um líder insano e imprevisível.
Maria Luís
Albuquerque –A ministra deixou pesada herança. A mestra em Economia
Monetária e Financeira não foi apenas imprevidente e calamitosa no Governo,
revelou total ausência de princípios éticos nas funções, públicas e privadas,
antes e depois.
Eslováquia – A
chegada do partido neonazi ao Parlamento, com 14 deputados e 8% dos votos,
segue a tendência europeia, ampliada pelo medo dos refugiados que procuram a
Europa, a lembrar o ambiente que levou Hitler ao poder e precedeu a II Grande
Guerra.
PR – O discurso
de posse, excelente na forma e na substância, foi um bom augúrio. Ter, de novo,
um PR culto, inteligente e civilizado agrada a um país carecido de autoestima.
Sendo a Constituição que jurou o seu programa, é o PR de todos os portugueses.
Arábia Saudita –
Não se compreende que possa ser considerada aliada do ‘Ocidente’ a teocracia
que financia o fascismo islâmico e o treino terrorista a nível global, do Médio
Oriente à Europa e de África aos EUA. Não se podem trocar princípios por
petróleo.
Cavaco Silva – Na
despedida podia ter-lhe sido atribuída outra condecoração, a ele que foi
pródigo com os amigos, mas o Grande Colar da Ordem da Liberdade a quem nunca,
antes ou depois do 25 de Abril, se bateu por ela, teve um toque de amarga
ironia.
Paulo Portas –
Retirou ilações da vitória do PR que o ignorou, a ele e a Passos Coelho.
Nuno Melo percebeu que o partido não se dirige de Bruxelas e Assunção Cristas tornou-se líder do
CDS, partido que dificilmente deixará de ser moleta do PSD.
Alemanha – O
revés de Angela Merkel nas eleições regionais, vítima do humanismo e sentido de
Estado, em relação aos refugiados, venceu a UE. A direita radical já é poder na
Polónia e Hungria e alastra, mas a sua firmeza confirmou uma grande estadista.
Brasil – É difícil
condenar juízes no combate à corrupção, sob pena de conivência com a imensa
teia que enlameia os políticos, mas é ingenuidade apoiar manifestações que os
denigrem, orquestradas para preparar um golpe de Estado contra o governo
eleito.
França – Mohammed
ben Nayef, extremista islâmico e eventual sucessor da monarquia saudita, foi
agraciado pelo PR com a Legião de Honra, perante o silêncio dos partidos tradicionais. Só a extrema-direita
protestou. Uma vergonha para os democratas.
Donald Trump
– O declínio ético do partido de Abrão Lincoln permitiu ao demagogo, apoiado
por David Duke, ex-líder do Ku Klux Klan, disputar a presidência. A grotesca
síntese de Berlusconi e Le Pen ameaça tornar-se o mais poderoso líder mundial.
Carlos Cruz –
O apresentador de televisão, condenado por pedofilia, cumpriu o tempo de prisão
que admite liberdade condicional. Não se contesta a pena, repugna a negação de
um direito por não admitir o crime que sempre negou. É a lei. É chantagem.
Marcelo Rebelo de Sousa – Na primeira visita ao Vaticano, o crente esqueceu o PR, no beija-mão
ao Papa. O respeito, pelo Estado laico e pela separação do Estado e da Igreja,
foi comprometido por um ato pio de bajulação gratuita.
Lula da Silva
– Os seus governos tornaram-se referência mundial no combate à fome, o que não
o iliba da suspeita de corrupção, mas esta não se combate com a subversão de um
juiz marginal que escuta conversas com o seu advogado e com a PR, e as divulga.
União Europeia
– Ao negociar com Erdogan a criação de uma espécie de campo de concentração
turco, para refugiados, negou os seus valores e fracassou na resolução do
problema, tal como falhou o aprofundamento da sua própria integração.
Turquia – A
sucessão de ataques aos direitos humanos, à liberdade de informação e aos
princípios democráticos fundamentais, denuncia o ‘muçulmano moderado’ Erdogan.
As poderosas Forças Armadas, integradas na Nato, são uma ameaça adicional à
Europa.
Fascismo –
Setenta anos após a guerra que ensanguentou o Mundo, Hungria, Polónia e Eslováquia
estão de novo a abraçar o fascismo, usando o medo do terrorismo islâmico que,
de Madrid, Londres e Paris já chegou a Bruxelas, no coração da UE.
Terrorismo – A
Europa confundiu cosmopolitismo com multiculturalismo, desistiu de submeter as
Igrejas ao respeito pela laicidade, deixou criar guetos e permitiu o regresso
de guerras religiosas, findas com a Paz de Vestefália, em 1648.
Barack Obama – A
História julgá-lo-á. Falhou promessas, mas não reincidiu nos erros de Bush. Era
difícil a um PR, nos EUA, fazer mais ou ser melhor. Face a Trump e Ted Cruz, é
preferível Hillary Clinton, se repudiar o apoio que deu à invasão do Iraque.
PPE – O maior
partido de âmbito europeu, o grupo democrata-cristão/conservador no Parlamento
Europeu, intromete-se nas eleições nacionais, impõe-lhes as suas conceções
políticas, ameaça e chantageia eleitorados. Exige-se-lhe algum pudor
democrático.
Europa – A
indulgência com as graves violações do Estado de direito, na Hungria e na
Polónia, o negócio dos refugiados com Erdogan, que submete os Tribunais e
amordaça a imprensa turca, e o regresso das botas e do arame farpado,
confrontam a democracia.
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