Rússia: uma retirada oportuna e não uma rendição estratégica…



A retirada das forças militares russas da Síria link acaba por introduzir uma nova dimensão no conflito no momento em que decorrem complexas negociações de Paz.

Considerando que a retirada russa se deve ao cumprimento dos objectivos político-militares essenciais, nomeadamente o bloqueio de Alepo, o cerco de Palmira e a retoma dos campos petrolíferos circundantes, esta posição russa, significa, em termos políticos, que a exigência da retirada imediata de Bashar al Assad caiu por terra.

Quando se olha os recentes mapas de influência no terreno (foto) vemos um Daesh ensanduichado entre as forças de Assad (no litoral e ao longo da fronteira com o Líbano) e as forças curdas (em quase toda a fronteira norte, junto à Turquia) que estão a desenhar uma forte tenaz. 
Os pequenos grupos armados são residuais (p. exº o grupo Al Nusra) e já perderam a oportunidade de desempenhar qualquer papel no futuro da  Síria  (que não será exactamente igual ao que foi antes da guerra civil).

As conversações que continuam em Genebra passarão por outros terrenos. Nomeadamente pelo cerco aos jihadistas do Daesh - representados por organizações sediadas em Riad - que nos últimos tempos não têm registado progressos no terreno. Porém, começa a ser notório que qualquer tipo de acordo não pode ignorar o futuro dos curdos, queira ou não queira a Turquia.

Uma terceira vertente deverá estar presente nestas tardias negociações. O assumir, por parte da Rússia, do estatuto de potência mundial e a  expectativa do fim do bloqueio decretado pela UE  à volta do ‘problema ucraniano’, que entrou em ‘banho-maria’.

Ao fim e ao cabo Putin mostra cada vez mais capacidade para influenciar uma solução do ‘problema sírio’. Solução que deverá ser substancialmente diferente da que John Kerry andou a vender e propagandear alguns meses atrás. 
Falta agora arranjar uma saída honrosa para o Ocidente depois de mais de 250.000 mortos.
Um trágico balanço que não findou porque, como é previsível e apanágio dos fanáticos, o Daesh não vai aceitar uma rendição incondicional.

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