Cama, comida e roupa
No Japão, aumenta de forma preocupante o número de idosos que praticam roubos, não pela vontade de se apropriarem do alheio, mas pelo desejo de serem presos.
O que pode levar pessoas, ainda na posse de faculdades intelectuais, a trocarem um bem que se convencionou ser dos maiores, pela obsessão da prisão?
Afinal, a explicação é simples. As magras reformas não permitem o sustento enquanto a prisão garante cama, comida e roupa, certamente na companhia de outras pessoas, o que a perda de mobilidade exonerou das suas vidas.
Já não basta a solidão que deprime os velhos, as carências de toda a ordem podem levar à troca da liberdade por sopa e agasalhos, mesmo em economias desenvolvidas.
E vem-me à memória aquele texto escolar da minha infância, de um país imaginário em que era costume os filhos levarem os velhos pais a um monte, com uma manta para se agasalharem, até que a morte os levasse. Foi numa dessas viagens que um pai pediu ao filho para regressar com metade da manta, para que a ela se aconchegasse quando, um dia, também ele, fosse transportado em idêntica viagem.
Definitivamente, os benefícios do progresso, partilhados por tão poucos, empurram cada vez mais gente para as margens de um caminho sem horizontes. Não só os velhos!
O que pode levar pessoas, ainda na posse de faculdades intelectuais, a trocarem um bem que se convencionou ser dos maiores, pela obsessão da prisão?
Afinal, a explicação é simples. As magras reformas não permitem o sustento enquanto a prisão garante cama, comida e roupa, certamente na companhia de outras pessoas, o que a perda de mobilidade exonerou das suas vidas.
Já não basta a solidão que deprime os velhos, as carências de toda a ordem podem levar à troca da liberdade por sopa e agasalhos, mesmo em economias desenvolvidas.
E vem-me à memória aquele texto escolar da minha infância, de um país imaginário em que era costume os filhos levarem os velhos pais a um monte, com uma manta para se agasalharem, até que a morte os levasse. Foi numa dessas viagens que um pai pediu ao filho para regressar com metade da manta, para que a ela se aconchegasse quando, um dia, também ele, fosse transportado em idêntica viagem.
Definitivamente, os benefícios do progresso, partilhados por tão poucos, empurram cada vez mais gente para as margens de um caminho sem horizontes. Não só os velhos!
Comentários
Julgo que é esse o dichote.
Nestes tempos "as lavagens" são muito importantes...