Conferência Genebra (II): a marcha lenta e vários engulhos…


Enquanto Obama acompanhado da sua família faz um périplo pela América Latina continuam as conversações em Genebra sobre a guerra civil Síria, que afecta todo o Médio Oriente.

O cessar fogo dura há cerca de 1 mês e muito embora não tenha trazido grande espaço para negociações diplomáticas tem permitido, em certa medida, incrementar a ajuda humanitária o que , no contexto regional, é bastante positivo.

De acordo com declarações do Secretário de Estado John Kerry e do ministro dos Negócios Estrangeiros russo Serguei Lavrov continuam as divergências sobre o futuro do País nomeadamente quando ao papel a desempenhar por Bashar al Assad.
Kerry exige o seu afastamento imediato mas Moscovo considera que a sua permanência no poder é uma condição de estabilidade link. Aparentemente, sobre esta questão existe o consenso de deixar correr o tempo. Se em Genebra se tentar ignorar ou passar ao lado da 'lição líbia', então, as conversações são uma pura perda de tempo, um terrível desperdício.

No entanto, as conversações de Genebra dão a sensação (ao Mundo) de continuar a marcar passo. O que face aos últimos acontecimentos de Bruxelas não será tolerado por muito mais tempo. A Síria devido à presença e implantação do Daesh no território está no 'olho do furacão'. 
A Europa continua a analisar a situação do terrorismo alimentado pelo Estado Islâmico propondo melhores e mais intensas medidas de cooperação na segurança. Mas a UE sabe que essas medidas não chegam. A resolução da guerra síria passa pelo enfrentamento dos diferentes grupos que aí actuam ou se foram implantando no terreno. Estamos muito longe disso. 
Quer o problema do terrorismo, quer o dos refugiados em massa, têm um denominador como: a situação no Médio Oriente.

Lamentável é que perante uma evidente morosidade e inércia que todos os dias colecciona mais mortes Kerry - e os EUA -  tentem trazer para a mesa das negociações de Genebra os acordos de Minsk e o problema ucraniano. 
Existe a vaga sensação que se está a misturar alhos com bugalhos. Aceitável e talvez produtivo seria enquadrar nestas negociações a questão curda ou, indo mais à profundidade da situação, o remanescente e recorrente conflito israelo-palestino. 
Sabemos, no entanto, que as conversações de Genebra são as possíveis e não as necessárias. Turquia e Israel nunca permitiriam esta ‘mistura’ e Kerry sabe-o bem. Por isso, e para encanar a pena à rã, clama por Kiev.

Se não for essa a ideia resta então a certeza de que Washington ganhou plena consciência que Moscovo assume, neste contexto do Médio-Oriente, um relevante papel na resolução dos conflitos regionais.

Se assim for e em prol da transparência negocial deve dizê-lo publicamente e fazer terminar as ridículas medidas de embargo à Rússia que encarregou a UE de aplicar. Caso contrário permanece a impressão de que estamos apostados a ‘tapar o sol com uma peneira’.

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