Movimento dos Atingidos por Barragens
Movimento dos Atingidos por Barragens
alerta problemática em Portugal
Depois da escala efectuada na cidade de Estocolmo para várias reuniões com a Sociedade para a Protecção da Natureza (SNF) da Suécia, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estará em Portugal, de quarta-feira a sábado, no sentido de alertar para o problema generalizado existente no Brasil.
Tratando-se de uma associação cívica que defende e protege os cidadãos afectados pela construção de barragens pelas hidroeléctricas brasileiras, o MAB já estabeleceu um conjunto variado de reuniões e palestras a desenvolver em Lisboa, Coimbra, Porto e Almada, a fim de alertar e envolver a quase totalidade das associações ambientalistas portuguesas para a problemática brasileira.
Dar a conhecer as origens do movimento, as causas e as actuais lutas que a associação está a desenvolver, bem como as questões da Amazónia e do Rio Madeira, encontram-se no plano de trabalhos a executar em Portugal pela delegação brasileira, que integra Leonardo Bauer Maggi (coordenador do secretariado nacional do MAB) e Maria Auxiliadora Feitosa (responsável no Estado da Rondonia e membro da Direcção Nacional do MAB).
Face ao gravíssimo problema que atinge hoje 350 mil famílias brasileiras, o MAB está a desempenhar um papel crucial na defesa de quem se viu espoliado dos seus haveres. Procurando dar voz activa no contexto nacional, o futuro dos atingidos do Brasil passa pela defesa intransigente do MAB, trabalhando em prol dos direitos de uma enorme fatia da população brasileira, ou seja aproximadamente de 1,5 milhões de habitantes.
A população, expulsa das suas terras após a destruição maciça das suas casas onde habitavam desde a ditadura dos governos militares, após 1964 até hoje, foi levada para lugares sem o mínimo de condições, quer do ponto de vista humano, quer higiénicas, com a agravante de não possuírem água potável. Trata-se de uma população numerosa que ficou reduzida a praticamente nada, dado que num universo de uma centena de famílias atingidas ficou por receber qualquer espécie de indemnização cerca de 70 por cento, o que traduz bem da trágica situação a que estão sujeitos actualmente.
Face a este desiderato, a população em causa ficou abandonada por sua conta e risco, derivando a partir daqui outro flagelo de proporções verdadeiramente alarmantes: um aumento muito significativo de prostituição e droga, resultante do desemprego em cadeia, levando-a a refugiar-se nas grandes centros urbanos, tais como São Paulo, entre muitas outras. O Mais ridículo, é que 60 por cento dos atingidos não tem direito a electricidade que foi gerada pela desapropriação de suas terras.
Por outro lado, e não menos importante, existem empresas portuguesas também responsáveis por esta situação deplorável e, que, obviamente, motiva sofrimento aos atingidos por barragens no Brasil, nomeadamente a EDP. Tratando-se de uma empresa com capital distribuído entre a população portuguesa, impõem-se a seguinte pergunta: estará o povo português accionista – e não accionista – de acordo como esta forma selvagem de exploração e associada a esta deplorável atitude, com o povo brasileiro?
Programa do MAB em COIMBRA
Quinta-feira (dia 12)
14h30 – Reunião com o Conselho Executivo do Centro de Estudos Sociais (CES) da Faculdade de Economia.
18h00 – Palestra no Foyeur do Teatro Académico de Gil Vicente, sobre as origens do Movimento dos Atingidos por Barragens; Quais as causas e as actuais lutas da associação e as questões da Amazónia e do Rio Madeira. Trata-se de uma iniciativa direccionada para a comunidade estudantil e apoiada pela Associação Académica de Coimbra.
21h00 – Palestra interactiva aberta à comunidade em geral, acção a ter lugar no anfiteatro do Instituto Português da Juventude e que conta com o apoio do CES, Pró Urbe, União de Sindicatos de Coimbra, Quercus, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (GAIA), entre outros.
Comentários
O fim do petróleo "barato" veio acentuar (visualizar) as carências de planeamento no campo energético.
A União Europeia é a primeira importadora mundial (importa 80% do petróleo que consome) e o Japão compra no exterior praticamente 100% do seu consumo.
Nos países em desenvolvimento as questões energéticas são tratadas sob meras perspectivas de custos de produção. Uma eventual queda dos investimentos das suas empresas, o declínio do mercado interno, o disparar do desemprego, etc., levam a soluções avulsas, improvisadas, isto é, fora de qualquer tipo de planeamento, com consequências económicas e, pior, humanitárias, extremamente danosas - como é o caso actual do Brasil.
Portugal não está fora desta rota.
Um mercado monopolista (EDP), neste momento ensaiando os primeiros passos de diversificação no mercado, não tem proporcionado uma discussão pública do problema energético.
Esta quando tenta assomar à praça pública, nasce inquinada - misturada com negócios pouco claros - com foi a tentativa de discussão do nuclear sob a batuta de Patrick Monteiro...
A vinda da ONG - MAB a Portugal é de saudar.
A discussão deste problema em portugal deve (merece) descer à rua, isto é, fora das 4 paredes do Conselho de Administração da EDP.