«Não me venham depois dizer que eu não avisei…»
De vez em quando, Cavaco Silva, numa aparente demarcação do Governo que quis, aparece a fazer a síntese entre a cigana que lê a sina e a sua mais elaborada versão, o senhor de la Palice. Enquanto o País resvala no plano inclinado da depressão económica, política e cívica, sem motivo de esperança ou uma palavra de conforto, sem qualquer proposta, o culpado do passado e refém do presente, dedica-se a predizer o futuro, à semelhança da pitonisa de Delfos mas, em vez de Apolo, só conta com a legião de assessores. Eu bem avisei…, parece o cínico merceeiro a confortar o pai do rapaz que morreu num acidente de moto: «eu bem o avisei para que não comprasse a moto»!